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História Zugzwang - Trinta e Quatro


Escrita por: daedreamsz

Notas do Autor


Gente, desculpem por alguns prováveis erros, estou postando pelo celular, mas o que vale é a intenção né aushhs
Espero que gostem bjss

Capítulo 34 - Trinta e Quatro


Fanfic / Fanfiction Zugzwang - Trinta e Quatro

Spencer dirigia até o apartamento de Charlie, com ela no assento ao seu lado, cantava alguma música que tocava no rádio, uma que Spencer nunca havia ouvido, mas gostou como soava na voz dela.
           Quando chegaram, Spencer a ajudou a subir as escadas e pararam no segundo andar. Ele abriu a porta do apartamento e deu espaço para Charlie passar. Quando viu uma fresta da cortina aberta engoliu em seco e deu um passo receoso para entrar. Não queria que Spencer achasse que ela era uma garotinha frágil que não podia lidar com o que ele lidava todo dia. Fechou a cortina por completo, como se fosse uma passagem para os olhares daquele homem. 
           — Meu amor. – Spencer a envolveu em seus braços, sabendo que levaria mais tempo do que imaginou para ela se recuperar. – Blauman está morto. Ninguém, nunca mais vai fazer mal a você. 
           — O nome dele era Blauman...? – ela levantou o olhar para Spencer que engoliu em seco.
           — Pega algumas coisas e vamos pra minha casa. – disse por fim. – Não vou deixar você ficar aqui sozinha.
           — Spence, tudo bem. – ela maneou a cabeça, sorrindo fraco. – Eu só esqueço que ele está morto por alguns segundos. 
           — Fica lá. Por favor...? - ele olhou no fundo dos olhos dela, que balançou a cabeça positivamente. 
           Charlie pegou algumas roupas e colocou em uma pequena mala de mão.
           — Obrigada. – ela sorriu para Spencer.
           — De nada. – ele pegou a mala da mão dela e passou o braço pelos seus ombros, beijando a lateral de seu rosto.
     Assim que chegaram ao apartamento de Spencer, sem perceberem, os dois respiraram aliviados. Charlie por perceber que, provavelmente, Blauman nunca havia tirado fotos daquele lugar, e Spencer por estar em casa com Charlie.
           — Tinha esquecido como acho aqui bonito. – ela disse olhando para as estantes embutidas nas paredes. – É como uma biblioteca particular.
           Ele sorriu e andou até o lado dela, tirando dois livros da estante à frente dela.
           — Comprei pra você. – ele entregou. – Na livraria que abriu perto da sua casa.
           — Spence...! – Charlie pegou os livros e o abraçou antes de lhe beijar. – Obrigada.
Ele só conseguiu sorrir para a imagem dela lendo as sinopses. Perguntou-se o que faria se nunca mais pudesse beijar aqueles lábios novamente e percebeu como era sortudo por ela já estar melhor – fisicamente. Charlie levantou o olhar após algum tempo, encontrando ele ainda ao seu lado, sorrindo perdidamente. Ela sentiu um aperto no coração ao ver isso. Estava tentando manter-se o mais normal que conseguia, mas sabia que logo teria mais um de seus ataques e seria Spencer a ajudá-la. Não estava reclamando disso, muito pelo contrário, estava se sentindo mal por ele.
           — Eu te amo. – ela disse ficando na ponta dos pés e lhe deu um selinho rápido. – Eu acho que vou tomar banho... Pode ser...? – ela sabia que não seria uma boa ideia ir cedo. Estava se sentindo suja e o chuveiro só lhe lembrava daqueles três dias. Blauman havia deixado algo do cotidiano tão traumático para ela, que Charlie percebeu que ele pensara naquilo. Fazê-la sofrer mesmo se ele estivesse longe.
           Spencer começou a ler livros aleatórios enquanto Charlie tomava um banho, sem prestar atenção nas palavras, mas sim no som da água caindo.
           O chuveiro estava ligado por quase vinte minutos agora. Reid se levantou do sofá e bateu levemente na porta, só conseguindo ver o vapor vindo da água quente dominado o ambiente. Antes de vê-la, Spencer a ouviu chorando. Com a porta aberta, a visão ficou mais limpa e ele enxergou Charlie com a testa apoiada nos azulejos brancos do boxe, curvada, sem se importar de que a água quente já estava deixando suas costas vermelhas. Entre as lágrimas, ela respirava profundamente, como se o ar não fosse suficiente. Ouviu Spencer, mas não raciocinou, continuava com os olhos fechados com força, chorando de forma desesperada, querendo colocar tudo o que sentia para fora. Ele fechou a torneira e a envolveu na toalha roxa que estava pendurada fora do box.
Charlie apoiou a testa no peito de Spencer, como se não percebesse a mudança de ambiente. Ele passou os braços ao redor do corpo dela,            só sentindo o tecido macio da toalha que ela segurava a sua frente. Spencer apoiou sua cabeça na dela, e ficaram assim por quase cinco minutos, parados no meio do banheiro, até ele perceber que ela se acalmava, quando os soluços desesperados se transformaram em suspiros. Charlie olhou para cima, encontrando o rosto cheio de preocupação de Spencer.
           — Eu não quero perder o controle. – ela murmurou. – Eu estou enlouquecendo.
           Ele só fez um "shh" carinhoso para ela e beijou o topo de sua testa, guiando-a até o quarto. Charlie estremeceu por conta do choque térmico ao sair do banheiro, que ainda estava graus mais quente que o resto da casa. 
           Ela se sentou na ponta da cama, ainda segurando a toalha a sua frente, com o olhar perdido. Spencer se ajoelhou à frente de Charlie e fitou seus olhos.
           — Eu sei. – ela disse baixinho quando percebeu que ele falaria que ela precisava conversar, e naquele momento ela concordava. – Eu só... Eu vou me vestir. 
           — Tá bom. – ele se levantou e começou a andar em direção à porta, mas a voz de Charlie o fez se virar.
           — Fica aqui...? – o queixo dela estava enrugado, tentando fazer a boca parar de temer. – Pra eu sentir que...
Spencer assentiu e ela não precisou terminar a frase. Ele só se culpou mais ao ver que a pessoa que ele mais amava tinha receio de ficar sozinha em um cômodo, com medo de que o homem que a torturou por três dias a observasse. Reid não fazia ideia o quanto ela estava esgotada. Tinha medo que ela nunca mais voltasse a ser a mesma Charlie, mas sabia que estava exagerando, ou esperava que estivesse. Ela estava de costas para ele, só com sua calça preta com bolinhas brancas de pijama. As costas que Spencer tinha visto alguns dias antes de ela ser sequestrada estavam totalmente diferentes. A água quente do chuveiro há poucos minutos atrás ajudava a parecer ruim, mas os cortes e queimaduras não passavam em branco. Ela se virou quando terminava de abaixar a blusa do pijama.
           — Tudo bem? – ele perguntou e Charlie fez que sim, secando o cabelo encharcado com a mesma toalha, que Spencer jogou em um canto do quarto, pensando que Charlie era mais importante que sua compulsão por organização. – Vem aqui. – Reid e pegou a mão de Charlie, a guiando até a cama, fazendo-a ficar de baixo das cobertas, assim como ele. Seus rostos estavam próximos, mas o olhar de Charlie estava perdido, de uma forma distante.
           — Eu perdi meu pai com dez anos, quando ele tentou... Você sabe... – ela falou, agora fitando o fundo dos olhos de Spencer. – E minha irmã o perdeu também quase na mesma idade. Quando eu tinha 13 anos, ele conseguiu o que queria. Eu sinto muito, por não ter falado quando vocês foram lá em casa. É que eu fiquei com tanta vergonha... – Spencer passou um dos braços ao redor do corpo de Charlie, fazendo-a apoiar o rosto em seu peito. – Minha mãe morreu quando eu tinha dezenove e eu ganhei uma filha, que... Ah, Spence, ela morreu. Eu não consegui a proteger do nosso pai nem de Kutner. – Charlie agora tinha os braços pelo corpo dele. – E aquele homem me mostrou ela morrendo. Ela foi esfaqueada no estômago e no coração, repetidas vezes. Ele estava com Kutner... Eles se conheceram quando ele pegou Frances.
           — Ele te contou isso? - Spencer passava a mão pelo braço dela. Charlie balançou a cabeça, falando que sim.
           — Quando ele me deu esse corte – Charlie passou a mão em uma cicatriz que ia do seu joelho até quase sua virilha. Ela escondeu a informação do álcool e sal que fora jogado ali logo em seguida. –, eu pedi para ele me matar.
           Spencer prendeu a respiração por um momento antes de fechar os olhos e engolir em seco. Não pensou em nada para falar naquele momento.
           — Ele iria fazer isso, de qualquer jeito. Ele não achou que vocês o achariam cedo. – ela disse um tempo depois. – Ele iria esperar mais um dia e quando vocês chegaram, tentou atirar em um lugar para eu ter uma morte lenta, ele me disse. Quando eu pedi, só queria que ele parasse de uma vez. Ele estava te dando esperanças de algo que não iria acontecer e... – Charlie se aninhou mais em Spencer e respirou fundo, mas um suspiro falho saiu por conta das lágrimas que segurava. – Ele colocou um pano no meu rosto e jogou água. Foi o que ele mais fez. Dizia que gostaria de ver meus pulmões danificados, já que você iria sofrer mais com isso. Ele me despia, muitas vezes, e me filmava, dizendo que... Que você iria me largar depois de ver isso e só estavam demorando porque você estava gostando.
           — Ele não pode te fazer mais mal nenhum. – Spencer falou controlando o nó em sua garganta. – Ele estava mentindo. Você sabe, não sabe?
           — Eu sei. – ela se sentou de pernas cruzadas, apoiando as costas na parede atrás dela, e encarou sua frente, depois de limpar o rosto. – Quando eu neguei, ele me bateu. Muito. – falou com uma voz baixa, quase inaudível. – E ele me est... Ele me estuprou, Spence...! - ela soluçou. – Você viu?
           Charlie se virou para ele com os olhos marejados. Spencer percebeu que Blauman não havia feito nada com o rosto dela, percebendo que era porque ele dizia a amar. Não queria danificar a parte do corpo dela pelo qual havia se apaixonado.
           — Não, meu amor. – ele se sentou ao seu lado e segurou o rosto dela levemente e beijou sua testa, antes de abraçá-la, os dois encarando a parede à frente da cama. – Eu sei que eu já te disse mil vezes que eu te amo, mas você não pode me culpar por querer dizer mais mil. – ela conseguiu sorrir. – Eu... Eu não consigo explicar como seus olhos parecem o oceano durante a noite, como seu sorriso traz luz para qualquer lugar e como sua existência consegue me fazer pensar que não existe nada de ruim no mundo, mesmo que por alguns segundos. Ver você desse jeito me quebra, me faz querer fazer qualquer coisa para te ver sorrindo e... Ah, Charlie, eu amo você...
           Ela se afastou do abraço e o fitou nos olhos por um bom tempo. Os de Charlie estavam novamente marejados, mas dessa vez, as palavras de Spencer falavam mais alto que as de Blauman ou seus gritos agonizantes. Ela dizia "eu te amo" em cada pequeno movimento, e ele sabia disso. Passando sua mão para a nuca de Spencer, Charlie juntou seus lábios em um beijo rápido e suave, com certo receio compreensível. 
           — Tá tudo bem. – ele assegurou-a quando percebeu o olhar dela, que ia de sua boca para seus olhos, querendo mais, porém ainda havia insegurança ali. Eles sentiam uma queimação no estômago, só querendo ficar o mais próximos que conseguiam um do outro. Ela ainda passava os dedos pelos cabelos de Spencer quando puxou seu rosto para mais perto, beijando-o de forma mais confiante e aprofundada.
Charlie colou as mãos nos ombros dele, o fazendo deitar. Ela tinha uma perna em cada lado do corpo de Spencer, sentindo os dedos dele por de baixo de seu pijama, acariciando a pele de sua cintura.
           — A gente não precisa fazer nada se você não quiser, Charlie. – ele disse baixinho, sentindo a boca dela fazendo um caminho entre seu pescoço e maxilar. Tudo o que ele menos queria era se afastar, mas não podia obrigá-la a nada.
           — Spence... Eu preciso de você. – falou entre os beijos pesados e respiração já irregular.
Ele não respondeu, só curvou seu corpo para que ficasse junto ao de Charlie. Reid ficou por cima dela, enquanto ela desfazia o nó de sua gravata, sentindo os beijos suaves de Spencer em seu pescoço.
           Ele a tocava e segurava de modo protetor, o que fazia Charlie o amar cada vez mais. Era como se dissesse "você é minha" em cada movimento.

 



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