Punyuru

João vê naquela luz o sinal de que seria testado, tinha de desligá-la, ou ficaria exposto aos prazeres cada vez mais maldosos do bando do Patacho, ao mesmo tempo que sair naquelas condições era impossível para o pobre diabo, o vento gritava lamúrias nos galhos vistosos de árvores centenárias que ele nem sequer podia imaginar o que abrigavam em suas sombras.

Amar é como vestir a roupa meio úmida da chuva e pouco se importar, porque – naquele precioso momento – o calor da tua batata assando no forno do coração do outro é suficiente para que tudo o mais vá pro inferno.

Os subterrâneos são sempre divertidamente esotéricos, e ao morrer, devem ser confessados os minutos passados em suas garras fétidas.

Sua respiração agora suave me dá o sinal de que finalmente dormiu, o sol preguiçoso te dá boa noite enquanto me esgueiro como um gato para fora das quentes cobertas.

Nunca falamos muito quando as árvores cantam, só sabemos que sua música silenciosa junta nossas almas em uma contemplação alarmantemente colorida.

Você só dá valor as coisas quando as perde. Aprendo essa dura verdade todas as vezes que acordo no meio da noite e procuro sua suave respiração ao meu lado.

Quebrando nas ondas negras, o barco ancorado do dia desembarca seus brancos e cinzas, colorindo de monotonia o mundo parado das praias negras, e lá, despontando longe no horizonte, a primeira cor nasce com uma força quente e vermelha como o sol nunca visto nessas costas.

Sempre estive procurando por alguma coisa. Lembranças apagadas pela soar do relógio choram a saudade do nome que talvez nunca vá chegar a me dizer o que esconde.