_Aquela_Pessoa_

Um corpo desabilitado que teve a aniquilação de seu ser por conta do quão cruel a realidade lhe foi, esse era eu.
Falecido mentalmente; assim me encontrava até você aparecer e transformar a sua vida no meu motivo para viver e o seu "existir" na causa de minha existência.

"A garota que criou um lobo dentro de si e um rapaz que se tornou sua presa, sendo lentamente devorado por ela."

As lembranças vem da ideia de que você pode preservar as pessoas intactas dentro delas, mas não pode. Ser alguém incapaz de esquecê-las é ser parte do passado sem o potencial de ser outra coisa além de parte do passado. Então, depois de algum tempo, você se retira do espaço. É como se você estivesse dentro de uma fotografia, respirando, enquanto tudo está desbotando.

Meu nome é Jenny Clifford e sou considerada um fracasso para algumas pessoas.
Eu não me encaixo em nenhum grupo da escola, e, certamente, nem da sociedade. Não tenho um corpo escultural, tampouco sou bronzeada, que poderia até me salvar. Mas não, sou branquela e muito magra.
E, como se isso não fosse humilhante o bastante, ainda tem aqueles que debocham de mim o tempo todo.
Luke Hemmings é um bom exemplo disso, ele me odeia. Mas nem chega perto do quanto eu o odeio. Às vezes, tenho vontade de fazer tudo o que ele faz comigo, só que duas vezes pior.
Fazer joguinhos é a especialidade do Luke, mas, quer saber, eu estou cansada de todos falarem como eu devo ser e agir. Estou cansada de ser humilhada por pessoas que me acham fraca.
E, se Luke Hemmings acha que eu sou uma bobinha que ele pode tratar como bem entender, está muito enganado.
Uma coisa ele não sabe sobre mim: eu não sou tão ingênua como ele pensa. E, se ele gosta tanto de brincar, então vou fazê-lo descer para o play, mas agora as regras são minhas!

Ela vivia durante os séculos, obcecada atras das respostas, mal sabendo que eu a vigio, mal sabendo que se engana pensando que Michael é quem ela acha, e ele mais mundano do que nunca nessa vida. Um completo idiota, a vida mais fútil entre todas, mas talvez a mais perigosa.
Perigosa para mim. Achando que é mais um mero mortal, ele segue com sua banda, outra falsidade, não sabe quem o cerca. Está cego, mas seu mundo sendo revirado de ponta cabeça não é algo que não perceba.
Eu vigio os dois perante a eternidade. Esperando pela guerra.

Por que uma pessoa chega ao ponto de pensar que não existe mais uma saída? Como uma dor pode ser tão avassaladora que uma pessoa pensa que sua própria vida não vale mais a pena? Por que pessoas lidam com problemas, sofrem, são machucadas e morrem todos os dias?
Não existe uma resposta exata para nenhuma dessas perguntas, pessoas diferentes sofrem por motivos diferentes, a dor sempre psicológica, e, se tem uma coisa de que eu sei, é que a dor psicológica é a dor mais intensa que uma pessoa pode sentir.
Te apresento à realidade. E ela é, infelizmente, cruel.

- Mentiras levam a mais mentiras, isso está se tornando uma bola de neve e eu não estou mais conseguindo resolver. - falei meio exaltada.
- Oque você quer que eu faça Emma? - respondeu estressado.
- Isso está acabando comigo e tudo por uma besteira - falei baixo para que ele não ouvisse.
- Você e eu não somos uma besteira Em. - falou segurando meu rosto - Estando com você eu consigo me sentir, por um vez na vida, Vivo!

Eu estava encrencada, eu sabia. Cruzar com Luke nos corredores ou encara-lo sobre meu livro de matemática avançada na classe eram quase sempre o ponto alto do meu dia, perdendo apenas para... controlei minha respiração, para isso. Eu assistia Ashton sentar-se atrás de sua bateria em sua garagem, que dava de frente para a janela do meu quarto e começar a tocar.

Eram paixões platônicas isoladas e que nunca seriam correspondidas, porém eu já tinha ido longe demais para parar de me iludir agora. Eu gostaria que um dos dois apenas me notasse. Mas se tinha algo que os dois garotos que obviamente se odiavam compartilhavam, era a ignorância da minha existência.