AnTenshii

Vidas em gaiolas. Pássaros que perderam as asas antes de aprenderem a usá-las.
Era essa a realidade de um príncipe herdeiro do trono, uma garota da nobreza predestinada a se casar com este, e um vassalo cujo passado era uma incógnita.
O destino estava traçado, a sociedade sucumbia às rédeas de um império tirano e rebeldes içavam suas espadas sob gritos de honra.
Por trás de mortes, esperança; em meio à raízes, justiça; nas asas da liberdade, desejo.
E aquela garota só queria voar.

Noites mal dormidas ou viradas, altas doses de cafeína para afastar o sono e aliviar o estresse, e a vida particular deixada em segundo plano eram características de quem escolheu viver para tudo, menos para si mesmo.
Uma causa anônima, um crime imperfeito. Uma investigação pautada no absurdo era o que HyoMin tinha nas mãos.
A polícia jamais saberia da existência do anormal, tampouco poderia controlar aqueles que tinham a perversidade correndo em suas veias e o prazer como essência indispensável para a sobrevivência. Afinal, poucos sabiam que a lenda ainda vivia, íncubus existiam.
Um convite formal para a morte, um brinde ao pecado.

O livro velho de contos remetia aos anos de ouro, à infância. Olhando agora, eles eram apenas o reflexo de uma linha tênue entre a realidade e o surreal. As páginas definiam o mundo maravilhoso e com finais felizes, mas havia buracos.
As aparências enganavam, os heróis haviam caído e a ordem das coisas havia mudado. Um descuido, um caminho errado. E era ali que a concepção de “felizes para sempre” caía por terra.

O rugido dos dragões chineses anunciava o princípio do caos.
Honra era algo de muito valor. E se precisasse morrer por ela, assim seria. Pelo menos era nisso em que os soldados acreditavam.
E ela não era como eles.
Debaixo daquela armadura, fragilidade, teimosia e sentimentos estavam escondidos. Sentimentos dos quais se via incapaz de escapar.
Observou seu verdadeiro eu pela ultima vez e saiu pela porta, levando consigo a coragem e a mente preparada para enfrentar tudo e todos como um verdadeiro homem.
Até que ponto conseguiria suportar? Até quando conseguiria guardar aquele segredo?

Dizem que é perigoso ter contato com o que julgam ser desconhecido. Seria como viajar por águas misteriosas sem saber se haveria "terra a vista". E eu decidi arriscar.
O destino me levou até ele e acabei por adentrar em seu mundo, mas nunca imaginaria que o caos tomasse conta e que pessoas se machucariam.
Observei meu rosto junto ao dele mais uma vez estampado na primeira página do jornal e reli mais uma das cartas de ameaças de suas fãs malucas. O que faríamos agora? Eu não sei.
Éramos eu e ele contra o mundo. E a única coisa que eu desejava era que o nosso amor suportasse a queda.

“Um mal menor para um bem maior”, era o que diziam. Muitas vezes a vida é traiçoeira e o destino sempre é o responsável por nos pregar peças. Mas dessa vez ele acertou em cheio.
A pessoa que eu mais odiava mudou minha vida. Duas vezes. E por causa da mesma peça e do mesmo palco.
A vida é assim. Precisei perder para que o melhor viesse depois. Mas uma coisa era certeza: Aquele palco guardaria boas lembranças e minha “Back 2 U” nunca poderia dar tão certo como agora.

Um dia quando observávamos o céu, Nichkhun prometera que me daria a estrela mais brilhante dali. Uma que ficara bem próxima à lua. Desde então eu guardo aquele presente com o maior cuidado já que era a única coisa que tapava o vazio que ele deixou quando teve que partir.