Beladantas

Acho que as situações pelas quais passamos nos levaram ao que somos agora. De alguma forma nós dois acabamos procurando consolo um no outro. Nas palavras. No toque. Consolo este que só ele poderia me dar e só eu poderia dar a ele, afinal, mesmo que de uma forma estranha e um tanto inusitada, eu era o único que o entendia por completo e ele era o único que me via como ninguém era capaz de ver.

Ele dizia que nós éramos ligados por uma linha invisível, que nossas almas estão entrelaçadas e eternizadas. Eu não tenho tanta certeza sobre isso... Mas também não discordo por completo.

Havia quem nos odiasse pelo nosso amor, havia também quem dizia que nós éramos extremos opostos que se completam. Como o preto e o branco. O dia e a noite.

Mas a verdade é que nada disso importava quando éramos só nós dois, nada disso fazia sentido quando era só eu e ele sob o silêncio das estrelas. Não. Nada era certo ou errado, nada era eterno e nada era completo quando eu estava longe dele.

Afinal, ele havia me cativado. E eu havia cativado ele.

Eu sempre fui um garoto, normal, quer dizer... normal á minha maneira é logico, mas os anos se passaram, e um dia quando meus pais foram viajar, coisas estranhas começaram a acontecer, e desde então me vejo aqui desamparado, com coisas do passado me atormentando.

Onde Albus Dumbledore escreve uma última carta à Gellert Grindewald.

"E se abro meu coração para você agora é porque quero libertar-me deste fardo doloroso, e não vejo outra forma senão escrever-lhe estas coisas que nunca conseguirei dizer."

As sirenes tocaram, simulando um possível acidente nuclear como acontecia todos os anos. No entanto, aquela poderia simplesmente não ser apenas uma simulação.

Doze pessoas acordam totalmente desorientadas em o que parece ser um hotel, elas não entendem ou tampouco se lembram do motivo de estar ali, suas últimas lembranças eram da simulação de acidente que a usina fazia... Mas a questão era, fora mesmo apenas uma simulação?

O velho, que pouco entendera, pediu com gentileza:
— Posso vê-lo?

Mas antes que a mulher fosse buscá-lo, Harry apareceu na sala com as roupas largas e velhas de seu primo e os cabelos negros e compridos que cobriam seus olhos.

— Tio?! Tia?! Está tudo bem? Vocês estavam gritando. — Falou com uma voz sonolenta esfregando os olhinhos esverdeados.

Então, naquele momento, o velho grisalho entendera, o garoto possuía um par de orelhas de gato e uma cauda felpuda que não parava de balançar para um lado e para o outro, seus dentinhos eram tão pequenos quanto afiados e suas unhas estavam um pouco maior do que o recomendado. Então ele percebeu, Harry era um Neko.

Ele não sabia, mas aquele estava longe de ser um ser dia normal...