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Alec Lightwood sempre se perguntou o que Mozart quis dizer ao pé da letra quando falou que era um erro as pessoas pensarem que a prática de sua arte era fácil para ele, embora ninguém se dedicasse tanto em aprender o estudo da composição. Ele sempre se perguntou quantas constelações encontraria no céu caso passasse tempo o suficiente procurando, ligando pontos que ninguém se importaria em observar.

E mesmo sendo muito paciente e empenhado em aprender, os principais compositores da música clássica e as constelações estavam longe de ser seu maior desafio no teor da aprendizagem. Com o tempo, sendo o assessor da família real e acreditando conhecer o príncipe Magnus como a palma de sua mão, ele simplesmente tornou-se um homem de estudos limitados. A parte mais irônica era que ele nunca havia notado. Isso o levou a pensar que para Magnus, após um novo escândalo público, reconquistar a população de Idris era uma missão impossível.

Entretanto, rompendo convicções, pensamentos e hipóteses, Magnus acabou se mostrando tão complexo quanto uma composição, uma constelação que nunca fora olhada o bastante. Afinal, o que havia por trás do príncipe herdeiro? Quem ele era quando seu reinado de polêmicas, moda, glitter e festas luxuosas lhe era tirado? Quem era o homem destinado a sustentar o peso da coroa? E de repente, nada se tratava do que Alec já sabia, mas sim do que ele estava disposto a descobrir.

Desde que era apenas um garoto consciencioso tentando seguir as regras de seus pais à risca, Alec Lightwood nunca fora alguém muito sociável. Ele preferia livros, paz e boas notas ao invés de festas, barulho e jogos de futebol. Cobrar muito de si mesmo fora uma consequência notável de sua adolescência, que acabou por lhe impulsionar a deixar Oxford para trás e adentrar uma vida solitária na terceira cidade mais populosa da América, Nova York.

Agora, aos 27 anos de idade, Alec trabalha na grande e famosa Herondale Association e é conhecido como um dos melhores advogados criminalistas. Embora tendo conquistado tudo o que seu pai sempre duvidou que ele conquistaria, com um ótimo emprego, um salário invejável e um apartamento desmesurado, sua vida não é um conto de fadas.

E tudo isso só piora quando Sebastian Morgenstern é assassinado. Em meio a um grande quebra-cabeça que a morte do empresário desencadeia, intrigado com o olhar de alguém que parecia ser o seu total oposto, a paixão avassaladora percorrendo suas veias e impulsionando-o a pensar de uma forma diferente, as consequências de suas ações e os perigos que surgem no meio do caminho como um resquício negro no céu após uma tempestade, Alec descobre que terá de ser mais forte do que pensa e mais esperto do que imagina.

A colisão entre o passado e o presente nunca pareceu tão drástica quanto no dia em que Alec Lightwood começou a ouvir rumores sobre o novo álbum musical de Magnus Bane, o mesmo Magnus Bane que, além de ser uma celebridade mundial muito comentada pela imprensa na atualidade, também havia sido o seu primeiro amor na época do colegial.

Mas não existia nada a ser feito; as músicas estavam em toda parte e o rosto de Magnus era coberto de borrões em verde, dourado e azul pelas ruas. Nas revistas, nos programas de televisão e na internet, uma especulação imensa havia sido formada sobre o álbum possivelmente inspirado pela atriz Camille Belcourt. Entretanto, em algum lugar da cidade de Nova York, coberto por um avental de pintor e tinta, Alec sabia que não era verdade.

Green Golden And Blue era sobre ele.

Não era uma novidade que Magnus Bane gostasse de decorações, principalmente decorações que envolviam o feriado do Natal. Então, esse ano em específico, no primeiro Natal no qual Magnus estava trabalhando como médico-residente no setor infantil do Idris Medical Center, ele ficou feliz em ser nomeado como o responsável pela decoração do prédio três.

Catarina Loss, uma das diretoras do hospital e a melhor amiga de Magnus, no entanto, achava que a felicidade do rapaz de olhos verde-dourados em decorar o terceiro prédio do setor infantil se resumia em: passar mais tempo admirando um certo pediatra que costumava perambular pelos corredores com um gorro de Papai Noel na cabeça durante o mês de dezembro apenas para visualizar as crianças sorrindo em sua direção.

Faltavam duas semanas para o Natal, e Natal era um momento de magia. E talvez Magnus pudesse se aproveitar da situação, culpar a magia do feriado e finalmente chamar Alec para sair, certo?