Depois de tanto tempo quebrando a cabeça eu aprendi que tudo é questão de autocontrole: por que agir completamente com a emoção? Nunca podemos deixar a racionalidade de lado, certo? Pelo menos é o que eu tento ensinar às pessoas dessa casa, mas parece tão difícil.
Sabe aquela velha história de que com o tempo tudo dá certo? Não gostaria de estar certa, mas arrisco dizer que quando há estabilidade demais em todas as pessoas ao nosso redor, uma avalanche está por vir a qualquer momento, sem aviso prévio, pronta para derrubar tudo aquilo que um dia acreditamos ser o certo a fazer e foi construído com tanto esforço e carinho. Pelo menos foi o que aprendi com a minha mãe e, bem, mãe sempre sabe das coisas.
Finalmente, estou no último ano do colégio. Tenho 17 anos e sou o tipo de pessoa pouco tolerante, imprevisível e amável com quem merece. Não posso dizer que sempre fui uma das melhores alunas, mas eu tento me dar bem no colégio. Meu pai me abandonou há 14 anos e até hoje não aceito isso, mas procuro esquecer. Minha mãe sempre diz que ele fez isso para o meu bem, mas evita tocar no assunto para não gerar discussão. Quando cheguei no período da terrível adolescência, tornei-me uma pessoa pouco fria e difícil de acreditar nos outros, mesmo tendo meu lado tímido e sincero.
Gosto de adrenalina e de mudanças inesperadas. Mas se tem algo que não suporto, é mentiras. Isso eu não perdoo e todos que me conhecem sabem muito bem, porém isso não vem ao caso agora...
A mentira é apenas uma grande história que alguém arruína com uma verdade improvisada.
Pode parecer bobeira, mas, mesmo sabendo que os homens podem mudar quando realmente amam outra mulher e constroem uma família, prefiro manter minha teoria de que tudo pode voltar a ser como no primeiro dia, nem que seja por um deslize ou até mesmo pelo estrondoso acúmulo de decaídas que passaram despercebidas.
Quem diria que em pleno século XXI, com tantas experiências proibidas prestes a serem tentadas, seríamos capazes de confundir o amor com o desejo? Mas, como dizia Platão, o amor é apenas uma doença mental que nos faz pensar que estamos presos a alguém, quando, na verdade, o desejo grita mais alto e nos faz atolar na merda. Afinal, quem acredita que o amor ainda seja o principal sentimento entre um casal? Por favor, prefiro começar a levar a tese de que o destino existe.
Pode parecer ignorância da minha parte, mas eu sou cega perante o sentimento alheio, talvez porque meu medo de ser esquecida seja maior do que qualquer outra coisa no mundo.
A maneira como cheguei a esta conclusão é um tanto cósmica: o amor e o ódio são separados por uma simples linha imaginária, digo, pouco vista. Talvez, apenas talvez, você esteja vivendo algo por anos cujo imagina ser amor, mas aí, um simples e inusitado acontecimento te faz esbanjar um ódio que nem mesmo você sabia que existia dentro de dois corações tão apaixonados, ou não.
Eu sempre soube que toda essa química, esse amor e esse desejo escondia algo. Eu sempre soube que tínhamos um elo um tanto estranho, mas nunca imaginei que poderia ser de sangue.
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