Brokenmachine

"Tem tanta vida lá fora - disse divertido, sentindo o rosto ser beijado pelo vento forte e a garoa fina começar a molhar timidamente os cabelos - por que não confia em mim?

O fotografo permaneceu em silêncio, sem respostas, apenas capturando a imagem através de suas lentes, eternizando-a. Queria poder gritar alto e claro que confiava completamente naquilo, mas em seu coração, já amargurado pelo tempo, sussurrava o medo de não ter nascido para todo aquele brilho."

Frank Iero é um famoso fotografo e herdeiro de uma das revistas mais tradicionais e lidas dos Estados Unidos. Criado para presidir o negócio, o jovem se rende ao futuro que lhe foi desenhado, deixando pra trás todos as ambições e altas expectativas de sua carreira em função da filha, Lily, proveniente de uma imprudência adolescente, e da pressão sufocante por parte da família. O destino então prega-lhe uma peça e conspira para sua vida se cruze com a do modelo fotográfico e seu fã número um, Gerard Way, fazendo-o se chocar com a intensidade e o estilo do mais velho. Peças desiguais que se encaixam perfeitamente. A química entre o trabalho dos dois é estabelecida facilmente, numa espécie de James Dean e Denis Stock ou quem sabe, Morrissey e Jake Walters moderno, dando espaço para que os antigos desejos ressurjam e os todos os sonhos tomem vida novamente.

Mas quão caro é o preço que se paga por ser você mesmo?

E hoje seria o último dia que Gerard Way iria virar a cara para Frank Iero naquela empresa.

(N. da A: Sim, short-fic completamente inspirado na música do The Chainsmokers. I'm so sorry.)

"Se a pessoa não quer viver, que não viva, e se Gerard Way não queria viver, quem sou eu? Um ex-amigo idiota que poderia ter ao menos devolvido a carta reluzente do Blastoise que ele havia me emprestado para jogar o campeonato do bairro? Talvez seja essa a resposta."

"Gerard Way sempre consegue o que quer. Não deixe-o lhe dirigir a palavra."

One short cânon em pleno 2016. That's right.

"Foi-me ensinado por muitas vezes, antes mesmo da faculdade, que traumas passados não se apagam com o tempo, assim, tão facilmente. Acha-se que tem superado e leva-se a vida, porém nunca se sabe onde esses traumas estão escondidos e quando podem se aflorar, ou simplesmente piorar. Tudo na vida, em tese, é uma bola de neve. Se você esconde algo ruim dentro de si, e não necessariamente por vontade própria - seu subconsciente o faz por você - a probabilidade de se desenvolver algo violento se torna grande. Assim que se começa um problema, ou se preferir, uma bola de neve, com apenas um floco, um pensamento e nunca se sabe quando tudo isso rolara montanha a baixo. "

Gerard Way é um inteligente e recomendado psicologo da capital de Nova Jersey. Dentre consultas e pacientes Way leva uma vida tranquila e um tanto solitária completamente dedicada ao seu trabalho, que vem a ser sua maior paixão na vida. A mente humana, segundo a ele, é um verdadeiro abismo, e o eu, uma pequena e leve folha que pode simplesmente voar ou ser arrastada do ponto claro, ao escuro, ou vice-e-versa e com seu trabalho procura conhecer cada vertente, cada minima aresta desse ambiente profundo e significativo. Também acredita na existência de ilimitadas associações a memórias e lembranças, estas, nossas bolas de neve. Cada um tem a sua. Grande, pequena, média, se formando, escondida ou simplesmente rolando montanha a baixo levando consigo todo e qualquer prazer da vida e, ao conhecer Frank Iero, seu mais novo intrigante paciente, Gerard tem certeza que a bola de neve pessoal de Iero rola montanha a baixo, mas com o passar do tempo percebe que na verdade, não era Frank que estava desmoronando.

-Eu prefiro amar - pensei em voz alta - o ódio, é inútil em certos casos. O amor nunca é.