hoekage

Sasuke sempre se sentiu como fumaça, sempre preferiu ser fumaça. Porque se fosse fumaça poderia sair daquela cidadezinha de merda sem deixar cicatrizes, seguir seu sonho e se materializar apenas quando soubesse que não precisaria nunca mais viver no subúrbio. E ele foi quase perfeito na sua missão de ser efêmero, em um mês e meio embarcava para Nova York, pra viver seu sonho junto de seus melhores amigos e cortaria todos os laços que ainda o prendiam aquele lugar, ameaçando sua crença de que era feito apenas de névoa passageira.
Naruto tinha 45 dias pra provar a Sasuke que era muito melhor ser feito de matéria sólida.

Tobirama tinha uma rotina clara. Se não tivesse uma corrida, uma série de tarefas e um treino o esperando, nem se levantaria pelas manhãs.
Era sua rotina que o mantinha em movimento, e era ela que o havia levado por todo o caminho até se tornar um dos melhores nadadores da sua região, e ele não descansaria até que se tornasse o melhor do país.
Até que um dia sua rotina é interrompida.
Tinha alguém na sua piscina. E não era ninguém do time, porque nenhum deles chegaria tão adiantado no primeiro dia de aula, assim como nenhum deles conseguiam equilibrar tanta velocidade e elegância num nado borboleta quanto o nadador em questão.

"— Você deve ser Tobirama, ou prefere que te chame de Capitão Senju?"

Naruto nunca percebia nada. Poderia aplicar essa frase a quase todos os momentos que Uzumaki passava acordado em sua vida.
Ele não percebia que o sinal estava fechado e quase atravessa a rua no meio dos carros porque estava muito concentrado em alguma música ou em alguma pergunta mirabolante que apareceu na sua cabeça.
Era tão desatento que não percebia nem que os nudes que ficava vendo no tumblr pertenciam ao seu colega de quarto.

A gente cresce ouvindo falar no amor.
Sangue Puro, mestiço, nascido trouxa. Grifinoria, Sonserina, Lufa-Lufa ou Corvinal.
Tanto faz quem você é, vão te falar sobre o poder de salvação do beijo de amor verdadeiro.
O que nunca contam, é que o amor pode nunca chegar, ou que mesmo que chegue possa ir embora e acabar com sua raça.
Deve ser uma dessas coisas que quando você é criança os seus pais dizem: "quando você for mais velho, você vai descobrir sozinha"
Quer dizer, acho que é algo do tipo, já que durante anos de adolescência eu vi meus amigos andando em gelo fino com o amor, mas nunca se importando.
Até o sexto ano. O sexto ano de Hogwarts não é exatamente o pior de todos os anos. O quinto tem os NOMs e o sétimo tem os NIEMs e é neles que nossa ansiedade, emocional e esquema de estudos tem que ir a loucura. Mas o sexto? O sexto é um meio entre eles, uma pausa pra não se ferrar.
Mas todos que eu conheço, e mesmo eu, resolveram entrar em surto coletivo em busca da salvação do beijo de amor verdadeiro.
Só que adultos são idiotas em achar que adolescentes, tão idiotas quanto é possível ser, são capaz de receber lição da vida e entende-la bem. E a voda nós ensina que o amor até pode ser bom, mas que é frágil e necessita de cuidados que adolescentes são ruins em ter.
Nós ferramos o sexto ano porque a gente não escutou a vida e brincamos com algo frágil com a delicadeza de um filhote de elefante, dançando ballet clássico, com sapatilhas de ponta em cima de um skate.

Eles não foram da Ordem da Fênix, não foram um dos Comensais da Morte, e muito menos armas de Dumbledore.
Não eram marotos, de ouro, ou uma nova geração.
Ainda eram bruxos, ainda iam a Hogwarts e aprendiam magia, como todos os famosos fizeram.
Mas eles não eram famosos, não eram famosos pois não nasceram para serem.
Novos demais para começarem a história, e velhos demais para termina-lá
Isso é apenas uma história sobre bruxos comuns, uma história sobre a geração que ninguém lembrou que existia.