NekoDLully

Eles dizem que os olhos são as janelas da alma, mas o que eles não sabem, é que a alma é o livro de memórias que ninguém quer ler.

O que aconteceria, então, quando não existem mais olhos para ver ou máscaras para esconder? O que acontece quando tudo que sobra são segredos não ditos e memórias que se espera esquecer? Quando a dor não pode ser escondida por um sorriso e o desespero não pode ser mais substituído por palavras bonitas, você ouviria os lamentos por ajuda daqueles que não mais podem ser ouvidos? Você os seguiria ainda que isso significasse olhar para o abismo, mesmo sabendo que o abismo o encararia de volta?

-Sans?

-Estou aqui.

-Não deixe que eu perca a mim mesma, por favor.

Sua alma se enche de determinação.

Stiles sentiu a felicidade, ingenuidade e liberdade passar pelo vinculo que compartilhavam. O vínculo que tinha acabado de se dar conta que estava ali em primeiro lugar. Ele não podia acreditar ainda que estava ligado a Derek Hale, lobisomem amargo local, mas aparentemente eles eram companheiros e o sentimento de atração que Stiles sempre tinha para ele era justificado. E ele sentia falta do cara e suas sobrancelhas enormes e expressivas. Poderiam não se dar bem, mas depois de tudo que passaram... Stiles realmente tinha se afeiçoado a ele. O cara tinha vivido uma vida de merda e merecia receber coisas legais, Stiles admitiria isso.

E... E exatamente por pensar assim, não se via capaz de tirar o que ele tinha agora, por mais que doesse em si mesmo.

- Eu... Desculpe Derek, eu não posso... Eu... – seus olhos voltaram-se para o lustroso lobo negro a sua frente, olhos brilhando em azul elétrico, confusos, afeiçoados, perdidos... Animalescos. Derek estava preso como um lobo e apenas aceitava Stiles ao seu redor por serem companheiros e... E ainda assim Stiles não poderia trazê-lo de volta. Ele estava feroz e Stiles não poderia força-lo a sair disso. – Eu sinto sua falta, cara grande, realmente sinto, mas... Você parece bem. Parece que finalmente se livrou de todo peso jogado em você durante toda sua vida e eu... Eu não posso tirar isso de você. Simplesmente não posso. Mas não sei se sou forte o suficiente para te deixar ir... Para saber que não vou mais te ver.

E era uma verdade tão crua que Stiles não tinha se dado conta de sua sinceridade até as palavras escaparem de sua boca. Afinal, tinham passado os últimos anos salvando a vida um do outro, tendo a garantia, ainda que negada fervorosamente quando perguntada, de que o outro estaria ali quando precisasse. Deus, Stiles sentiria falta de Derek mais do que poderia imaginar, mas sabia que não poderia prender o lobo. Seria ainda mais cruel e egoísta do que sentia-se capaz.

Os dentes de Derek tocaram a pele de seu pulso com cautela e um gemido. Um leve roçar, sem pretender realmente mordê-lo. E Stiles entendeu. Deus, Stiles entendeu!

- Então... Talvez eu devesse ir com você?

Do desejo por Guerra e Poder
Surge a Arma
Arma, essa, que Pensa e Sente
Desse pensar surge a dúvida
Da duvida a ideia
Da ideia a determinação
Da determinação a Ação
E nessa revolta
O desejo de ser livre
Vence o medo do opressor

Não existem histórias ou rumores sobre eles. Em visão da lei, do povo, eles não existem e devem permanecer assim, qualquer conhecimento levando ao túmulo precoce. Esgueirando-se através das sombras da noite como animais predadores, treinados para matar e obedecer. Soldados perfeitos que mais se assemelhavam aos seus antepassados animais dentro de sua selvageria e instintos do que a sua origem humana. Retirados desde muitos novos de seus pais, a grande maioria não sabe como mais viver sem ser baixo as coleiras da submissão, mesmo que o desejo voraz de revolta queime em cada coração preso em suas celas.Quebrados, são assassinos declarados, criaturas obedientes preparadas para uma guerra, cientificamente modificadas... Não mais humanos.
Aqueles que os conhecem os temem, aqueles que os tem são poderosos e cautelosos, mas é apenas questão de tempo até a fera lutar contra suas amarras. Eles são cães. Cães feitos para caçar. Mesmo que seja seu próprio criador.

Quantas vezes você precisa apertar um botão repetidas vezes para que ele finalmente ceda ao uso? Quantas vezes se deve repetir um mesmo momento até que alguma coisa mude? Você teria que pagar algum preço por seus pecados ou ao voltar no tempo eles simplesmente são apagados, mesmo que permaneçam em sua memória?
Não importa o mundo, não importa o tempo, não importa quantas vezes se repitam, algumas coisas nunca mudam. Mas o tempo espaço não pode ser tão resistente ao ponto de aguentar constantes instabilidades fluindo por suas cortas. Em algum momento alguma coisa tem que quebrar e o mundo deve vir a baixo.
Frisk não sabia, ou ela tentava não saber, que todos os resets que ela e Chara estavam a cometer enquanto disputavam pelo controle poderiam gerar tal caos ao ponto de fundir todas as dimensões em uma única. E para o desespero de Frisk isso não significava que os resets haviam terminado e que poderia alcançar seu final feliz. Isso apenas queria dizer que agora ela estava sozinha com as lembranças de cada dimensão, de cada diferente Frisk, de cada linha do tempo... Enquanto desesperadamente implorava para que tudo simplesmente terminasse e pudesse ter uma continuação na sua vida e não apenas um ciclo sem fim de acontecimentos iguais.
Acostumar-se a um mundo diferente do que havia vivido todos os seus anos deveria ser o menor de seus problemas. Mas, deveria admitir, que nunca antes teve a oportunidade de conhecer tantas facetas de Sans como estava conhecendo agora. Mesmo que ele fosse humano nessa dimensão.

[SansxFrisk]

"Todos os meus amigos são descrentes, vá com calma.
Espere eles perguntarem quem você conhece
Por favor, não faça movimentos bruscos
Você não sabe metade do abuso"

A natureza tem uma maneira engraçada de brincar com suas criações. Ela os moldava e remoldava de tempos em tempos, brincando com sua aparência, com suas vidas. Não importava como, se era a cor, o tamanho, a forma... A mudança um dia viria e, se fosse bem sucedida, ganharia força. Essa era a lei da natureza, em constante mudança, em constante adaptação, em uma bela luta pela sobrevivência.
Porém, às vezes, ela poderia ir um pouco longe de mais.

"Bem-vindo a sala de pessoas, que tem salas com pessoas amadas escondidas.
Só porque deixamos as armas na porta
Não significa que nossas mentes vão deixar de serem granadas"

Os seres humanos deixaram de avançar, preocupados mais com seu cérebro do que com suas aparências para se proteger. Eles confiaram em máquinas e esqueceram de sua criadora. E, como consequência, temeram sua evolução seguinte.
Eles eram raros, um ou dois dentro de cinco ou seis gerações. Especiais, capazes, perigosos, possuidores de um poder que poderia abalar toda a estrutura formada por sua espécie. Com o decorrer da história eles foram chamados de Pagãos pela igreja, como enviados do demônio para dar fim aos justos, para trazer o caos, o fim dos tempos.
Eles foram temidos, julgados, assassinados, acusados por nascerem diferentes, por serem abençoados pela natureza com dons extraordinários. Revogados de seu direito de viver.
Monstros...

"Você nunca vai conhecer o psicopata ao seu lado
Você nunca vai conhecer o assassino ao seu lado
Você vai pensar "como vim parar aqui, ao seu lado?"
Mas depois de tudo o que eu disse
Não se esqueça
Cuidado"

Eles eram poucos, porém, a natureza era ardilosa, criando, em determinados pontos no tempo, saturações desses ditos Pagãos. Não mais um ou dois, mas cinco, seis, sete, oito... Vinte.
Contudo, além de Pagãos, eles eram humanos e, como tal, suas mentes distorcidas, alimentadas pelo ódio e abuso de seus semelhantes contra eles, incitava a ameaça de uma guerra. Uma guerra que humanos normais não tinham chance de ganhar... Sozinhos.
Poderiam eles usar de seu próprio inimigo para trazer a paz? Poderiam aceitar aqueles que sempre chamaram de monstros como seus supostos heróis?
Talvez não tivessem escolhas.

"Você nunca vai conhecer a aberração ao seu lado.
Haverá pessoas estranhas ao seu lado
Mas depois de tudo o que eu disse
Por favor, não se esqueça...
Cuidado"

Séculos atrás uma praga devastou o mundo.
Ninguém sabia da onde tinha vindo, como tinha começado ou qual seria sua cura. Ela alastrava-se pela pele, infectando todo tipo de vida que poderia encontrar, degenerando suas células a ponto de não sustentar mais a vida em seus corpos. A maior parte da raça humana foi levada a extinção na primeira aparição da praga na superfície. Ela se alastrou com facilidade acabando com plantações, gados, tudo que tinha pela frente. A vida já não era mais sustentável na superfície e os seres humanos foram forçados a rastejar para as entranhas da terra e enfrentar seus pecados.
A guerra antes da praga, a qual levou monstros a serem mantidos cativos debaixo do solo, agora deveria ser esquecida por um bem comum. Humanos precisaram ajoelhar-se a implorar perdão enquanto informavam as condições da superfície. Mas a praga não parou por lá, ela logo desceu e açoitou cada raça que conseguiu encontrar. Toda a civilização que havia sido montada agora sucumbia pelo medo. Não mais seres humanos, agora monstros transformados elevados a loucura pelas mãos da doença.
Os Caídos estavam a espreita nos arredores da única capital que havia se mantido em pé, graças ao rei monstro.
A única esperança estava na forma de dois humanos, reencarnações de anjos opostos. Um era a destruição, seu objetivo vinha a favor da praga, purificando o mundo dos pecados dos seres que nele habitavam. O segundo era a criação, a vida e a esperança, responsável pelo reerguer da vida ainda existente.
Ambos deveriam se enfrentar... Mas talvez não fosse esse o plano de um dos anjos.