ShiroKi

Onde ninguém conseguia enxergar Yo-ka, mas talvez Kei passasse a se chamar “Ninguém”, pois ele era o único que o enxergava.

| Diário de Kouyou |

Cada foto que ele posta faz meu dia se alegrar, ao mesmo tempo em que minha mente lamenta. É difícil perceber que virei um stalker, ou no mínimo sou dependente da imagem dele, é isso: eu dependo daquelas fotos para me sentir vivo.

Não consigo me decidir, não sei se quero ser como ele, ou se quero ele para mim.

Eu adorava ele, eu o amava. Mas ele era como uma casca vazia sem vida. Eu não gostava de vê-lo daquele jeito, porque eu amava ele.
Eu lembrei-me de seu aniversário.
“O que você deseja?” eu perguntei.
“O prazer de conhecer a morte...”
E então, eu dei a ele o que ele queria. O que ele desejava.

[...]Você foi como um anjo que entrou na minha vida e tirou-me da escuridão na qual eu joguei-me sem motivo.
Você foi a luz que iluminou meus dias tão tediosos, tão sem cor e sem graça alguma.
E então eu me apaixonei pelo anjo que trouxe luz e felicidade para minha vida.
Me apaixonei por um anjo chamado Yo-ka.[...]"

Ele era um demônio, o demônio em terra. Levou minha inocência sem eu perceber, levou tudo de bom em mim, até meus sorrisos.

Será que algum dia tudo teria um fim? Suas agressões teriam um fim?

Eu já não acreditava em nada, em mais ninguém, talvez a vida tenha me feito pensar assim, agir assim. Quando foi que eu deixei de me importar com as coisas?

Talvez quando meu padrasto apareceu, trazendo com ele toda a desgraça para minha vida.


Eu já não me importava com nada, ignorava tudo, todos... Então ele surgiu, trazendo com ele toda a esperança que faltava em mim, completando minha alma com algo que até então eu desconhecia.

E então, eu abro os olhos, suspirando novamente, imaginando novamente o mesmo futuro trágico a mim mesma.

Eu não precisava de nada, apenas você. Se você estiver do meu lado, eu poderei fazer qualquer coisa.
Pois eu te amo.
Então, desde que estejamos juntos, nada dará errado.

Akira sabia. Aquele era seu fim.
Apenas questão de tempo para que os encontrasse ali. Sentia o sangue quente escorrer do buraco de bala no seu braço indo até sua mão pingando e formando uma pequena poça no chão.
E ainda assim, conseguiu rir.
Justo ele naquele lugar onde obrigou muitos a fazer o que ele próprio pretendia.
E como uma sinfonia bizarra, conseguiu ouvir as palavras ritmadas da música estranha que sempre tocava no rádio.