thifamorta

Sexta-feira. 4 da manhã. BRAVO – Escola de Dança.
Lentamente, as garotas retiram as mantas que cobrem seus corpos. Estão posicionadas cada uma em um canto da sala, de modo que suas imagens possam ser refletidas por dois dos quatro espelhos que ocupam todas as paredes. Estão completamente nuas.
Elogiam orgulhosamente os ossos salientes das amigas, embora não consigam reconhecer seus próprios “progressos”. A balança no canto da sala passa pelas mãos de cada uma e os resultados mostrados no painel digital são anotados no pequeno caderno rosa. Sentam-se e, como em um desses grupos de apoio, começam, uma a uma, a falar sobre seus feitos e sentimentos da semana, sempre intercalando sua narrativa com frases motivacionais e dicas. Comer é para os fracos. Assim que terminam, vestem-se e tomam cuidado para que a sala fique exatamente como estava quando chegaram.
Vão para suas respectivas casas.
E repetem o ritual na próxima sexta.

Enquanto eu tento dar a todos a paleta das cores mais quentes da minha alma, seus olhos são capazes de ver a frequência das cores frias do meu espectro, como se tivessem sido projetados exatamente para essa função.

Após a Terceira Grande Guerra, a população mundial foi drasticamente reduzida. A população de um país agora cabia em algumas poucas cidades. No caso de Gálion, em duas: a Cidade e tudo o que não faz parte dela.
Por vários anos, estes dois lugares viveram em paz. A Cidade dava o mínimo necessário à sobrevivência das pessoas dali e, em retribuição, eles não atravessariam as fronteiras e continuariam onde estavam, bem longe da civilização. Porém, uma série de acontecimentos abala este acordo, e alguns habitantes daquilo que não é a Cidade iniciam uma jornada até ela, com o objetivo de infiltrar-se entre os chamados Cidadãos e resolver tudo. Mas descobre-se que o problema é bem maior do que imaginavam e, talvez, a guerra seja inevitável.