Ulv

Quando o mundo ainda não era mundo, e a lua só tinha uma face, o Criador criou o homem. Do pó ele nasceu, e com ele, a mulher. E os dois eram igual aos olhos de Deus, mas o homem desejava que a mulher se curvasse e obedecesse, irrevogavelmente, suas vontades, o coroando superior.
Nós somos feitos do mesmo pó, do mesmo pó viemos e tu não es mais que eu. disse a mulher, e partiu, para um canto sombrio da Terra, onde a escuridão vagava.
O homem chorou para o Criador. Ele chorou e pediu sua esposa de volta. E o Criador mandou seu mais fiel anjo atrás da mulher, e a mulher se recusou a voltar para o homem. O anjo não conheciam tamanha resiliência, não ali, não nas criaturas que viu seu pai moldar em pó, e amou, ele amou a criatura, ele amou a mulher.
Da fascinação foi gerada uma vida, uma vida sem nome no útero da mulher. E o Criador ficou furioso. A mulher não voltou para o marido, e o anjo não ficou com a mulher, pois ela foi amaldiçoada a vagar, entre o mundo dos homens e o inferno, e ver sua prole morrer. E a mulher vagou, pelas chamas do inferno, entre demônios ela viveu, e entre eles sua cria cresceu, metade anjo, metade demônio, metade pó.
E as civilizações que se seguiram a chamavam de Feiticeira, a Primeira Feiticeira.
O nome real dessa criança estava perdido, no pó, e no inferno.

O mar vem e volta.
Traz com ele o som de um milhão de coisas.
Batalhas antigas. Amores perdidos. Lágrimas de dor e felicidade.
O som das ondas quebrando nas rochas é como o som das espadas na batalha. Da dádiva da vida saindo pelas veias feridas. Do coração partido. Da verdade não dita.
O que está morto não pode morrer, mas pode retornar, mais duro e mais forte.

A passagem caiu, a fenda foi destruída, assim como a vida de muitos, o sacrifício de sangue imposto pelo destino. Uma vida pela outra, sangue só se paga com sangue, era assim que a humanidade via. Tempos escuros se fechavam, e agora, em uma sociedade em que reinariam os mais fortes, teríamos que aprender, novamente, a sobreviver.
Com amor ou ódio. Entre monstros e humanos.
Apenas... Sobreviver.

O mundo é repleto dos mais diversos desafios.
Cheio de dores e amores, de batalhas vivas entre o conhecido e o desconhecido, muitos dos quais vivem dentro de cada um. Nessas andanças pode-se ver as mais estranhas coisas e viver as mais puras sensações. Os mais puros amores. Seu coração pode ser de uma só, mas também é livre como uma tempestade de verão, e a atração é algo que nem os mais fortes conseguem resistir.

Gerações de medo, escrito do escuro dos olhos do mundo, no fogo dos olhos da águia, a honra no coração do guerreiro, cobertos de anos de profecias, riscadas por sábios em tinta, papel e destino.
Criança do Destino, Filha da Lua, Amante do Fogo.
Profecia prescrita, dos olhos profundos do lobo, a fascinação do luar.
Escrito no sangue, guerra de reis, marcados no mundo, sangue que escorrer, para seus Deuses agradar, em nome da lua, para todos tocar.

Nossa linhagem está quase extinta, nosso fogo, apagado.
Meus antepassados falharam em manter a glória do Conquistador de pé.
E agora tempos difíceis batem a nossa porta, as linhas do destino se entrelaçaram, aqueles que foram escolhidos, devem lutar.
Eu agora volto a minhas origens, depois de anos longe, mas trago comigo. Fogo e Sangue!