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Onde Shinji acaba se metendo em uma situação constrangedora com seu pai, graças á Kaworu.
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𝐊𝐚𝐰𝐨𝐬𝐡𝐢𝐧| 𝐜𝐨𝐦é𝐝𝐢𝐚| 𝐝𝐫𝐚𝐛𝐛𝐥𝐞

Talvez a morte seja o começo de uma nova história...
Do começo viemos das cinzas e do sangue e isso jamais vai mudar.

Os cabelos brancos e sua pele clara foram logo estranhados pelo moreno, que não lembrava ver em sua escola um garoto com uma aparência tão peculiar.

A emulação pode se transformar em um sentimento amargo, ao qual Shinji pôde sentir na pele em meio a uma festa surpresa que havia ajudado a preparar para seu namorado.

[ A.U! KawoShin ]

Colocando-se de joelhos no corredor, abraçou-se, em uma tentativa mais do que inútil de parar com sua dor.

Sua cabeça doía, a voz que a tanto instigou a fazer coisas ruins, havia sumido, repentinamente, agora só restava a culpa, só restava o desgosto, a vergonha, só restava os trapos de uma alma que já teve compaixão.

Ela queria gritar, mas não podia, não merecia nada além de desgosto e aversão de si mesma, sentiu-se nojenta, sentiu-se doente, sentiu-se repugnante, sentiu-se... Desumana.

Ela queria chorar, mas nenhuma lágrima descia, ela sabia que seus olhos já estavam mais escuros do que a noite, ela sabia que o azul que a embarcava no horizonte não era mais nada além de um céu escuro, cheio de nuvens.

Ela queria entrar no quarto dele, queria abraça-lo, pedir desculpas por tudo o que havia feito, queria se redimir. Mas a vida não era tão fácil. Ela riu com desgosto dela mesma, mesmo nessa situação, tudo o que ela pensava era nela mesma...

Como ela era nojenta.

O corredor era silencioso, ela nem tinha permissão de estar ali, foi uma sorte ninguém estar ali, ela tentou se levantar, mas não encontrou forças nas pernas.

Tudo o que preenchia aquele corredor, era o barulho de uma máquina, apitando em um loop infinito. Tudo o que ela podia ouvir, era uma respiração pesada, cansada, uma respiração lenta, quase parada.
Tudo o que ela havia feito todo esse tempo, levou a esse momento.

- Me perdoe.... - ela tentou chorar. - Me perdoe.... - ela queria gritar, mas não sentia sua voz tão confiante quanto antes. - Me desculpe, Shinji...

Ela queria conforto em um momento como esse, queria um olhar preocupado, uma demonstração de carinho, ela queria se sentir segura, mas não podia...

A pessoa que sempre a fez se sentir segura, estava em uma cama de hospital...

Ela o tinha colocado lá.

Cada uma das dores presentes em Ikari tomam vida, após três vezes reviver as mesmas coisas, os mesmos acontecimentos. Um "merecido descaso" era mais do desejado, mas sua salvação não estaria em uma reles escolha do qual um dia foi forçado a ter.

Com suas barreiras de ego quebradas, Shinji não poderia se sentir mais solitário em meio ao mundo apático à suas tristezas e costuras abertas, mas ao menos havia um alguém minimamente interessado em lhe ajudar, mesmo que pouco.

"Diga algo, criança assustada" dizia ela, que mesmo que todos já tivessem deixado de lado, continuava ali.

Que Ikari Shinji é um céu repleto de estrelas, me dei conta quando estava deitado ao lado dele, ouvindo-o falar sobre a vastidão do universo.

Estávamos parados sob uma árvore: ele olhando para as pétalas, e eu olhando para ele; para como ele parecia bonito enquanto sorria para as flores e para o céu de primavera. Para como ele parecia triste enquanto lamentava a efemeridade das coisas.

Eu odiava o Kaworu.

Odiava seus olhos rubros e assustadores; Odiava aquele perfume forte que ele usava; Odiava a maneira como ele falava comigo, odiava seus cabelos bagunçados, seu sorriso, e tudo nele que fazia-o brilhar; Odiava ainda mais o jeito como ele fazia eu me sentir.
Eu odeio ele.

Entre danças improvisadas sobre o tapete outonal de folhas caídas e músicas da finada banda dos anos oitenta, Shinji percebe que sair com seu namorado naquele dia frio de maio foi a melhor decisão.