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Estavam certos, seus próprios demônios concordavam, afinal, quem em sã consciência se aproximaria de forma tão inconsequente do Guardião Yaksha, a entidade que caminhava em meio a um caminho com amontoados de corpos ensanguentados e dilacerados por sua lança, apodrecendo conforme a terra os consumia com o andar do tempo e esquecidos como moribundos?

Quem em sã consciência era a pergunta, e Aether era a resposta.

Enquanto Xiao era a Lua de Aether, o Viajante era o seu Sol. Ele sempre precisaria de seu Sol, e seu Sol precisava de sua Lua. Juntos, eles aproveitariam a visão estonteante das lanternas subirem aos céus enquanto mergulhavam no calor um do outro.

Demorou alguns segundos para que Childe abaixasse o vaso e olhasse com espanto para o homem postado em meio a cozinha. Zhongli virou-se para encará-lo atônito, com uma grande tigela de plástico em uma mão e um fuê em outra; seu rosto geralmente estoico estava manchado com glacê branco e seus lábios finos estavam levemente pintados com uma coloração azul e claramente artificial. Ainda vestia o pijama chinês de seda que ganhara de sua companheira de negócios Ningguang, com pequenas ondas e barcos bordados na barra da blusa, cortesia da mão delicada e profissional de Beidou, e um avental de cor creme cheio de babados nas pontas com os dizeres “O melhor chefe de Teyvat” protegia as roupas da inevitável bagunça culinária que fizera.

Imerso na saudade que corrói seu peito, Malleus Draconia decide seguir o costume dos mortais de escrever cartas. Quão conveniente esse costume é, encaixando-se perfeitamente na data que intitulam como "Dia dos Namorados" — a ocasião perfeita para declarar seu amor a mulher que é a dona de seu coração.

❝Tu és meu primeiro amor. O pequeno lírio que, diferente dos outros, exala um cheiro delicioso. A mulher dona de um sorriso esplendor e dos olhos mais brilhantes que os próprios raios do Sol. Tu és meu primeiro e único amor, a mulher que apresento ao mundo como minha amiga e proclamo com orgulho como minha namorado. Tu és a minha pequena menina, meu pequeno lírio de suaves pétalas brancas, meu canário mais querido.❞

— Um abraço quentinho para você, minha rainha! — abraçando a cintura do irmão com força, o abraço durou alguns segundos sólidos antes do mais novo se afastar rapidamente, pegando a mão desnuda de Idia e arrastando-o consigo em direção a porta. — Venha, vamos distribuir mais abraços quentinhos!

Era irracional sentir ciúmes de uma mera personagem de um jogo de celular, era irracional pensar que uma figura cartoonizada poderia roubar a atenção e o coração de seu namorado. Irracional, de fato. Ace Trappola era conhecido por sua estupidez e por suas ações impensadas, que sempre resultam em alguma confusão ou em um Riddle extremamente irritado.

Entretanto, não importava o tamanho do caos criado e da irritação dos alunos ao redor, Ace jamais se sentirá completamente mal por suas escolhas. Então por que, naquele momento, sentia que fora uma péssima ideia apresentar Food Fantasy ao seu namorado?

Tempo era uma grandeza escalar de difícil entendimento corriqueiro a sua mente imortal, mas uma velha companheira de seus períodos obscuros e solitários, marcados pelas noites gélidas e reflexivas do castelo em que residira por tantos anos, por tantos milênios. E para Lilia Vanrouge, o tempo era um lembrete cruel de como os humanos, tão frágeis e mortais, seriam um com a terra novamente.

— Você estará livre amanhã?
Com um olhar rápido, Crewel percebeu tardiamente como os minutos voaram impiedosamente, aproximando-se das duas da manhã. Sam notavelmente demorou a responder — provavelmente estava a matutar sobre sua agenda diária —, fazendo o homem de cabelos bicolor arrepender-se momentaneamente da oferta. Não possuía nada concreto ou devidamente elaborado, apenas um pensamento momentâneo e fútil, movido pela sagacidade de sua mente entorpecida pelo cansaço e estresse.
— Mais livre que um pássaro. — a resposta o assustou. A parte de seu ser que aguardava ansiosamente por esta resposta comemorou. — Para você, eu dedico todo o tempo da minha vida.


Após o período turbulento de exames finais, o professor de Alquimia da renomada Night Raven College, Divus Crewel, permite-se descansar como bem desejar no feriado prolongado — e muito bem recebido pelo corpo discente e docente — prometido a todos. Em meio a nebulosidade de seu cansaço e o peito aquecido pelas mensagens trocadas com seu gracioso namorado, Sam, uma ideia inusitada e infantilizada, mas repleta de um carinho incondicional, surge em sua mente: realizar uma festa do pijama.

Uma festa do pijama, Divus deve ressaltar, com muita grandeza: com muita pipoca, cobertores e nas companhias agradáveis de seus preciosos cachorros e de seu amável namorado.

Porque um anjo como você amaria este pecador imundo, o demônio que habita esta casca de carne? Um pecador como eu não pode amar um santo como você.

Childe x Thoma || Amor não correspondido - angst

[...] Entretanto, quando Lilia Vanrouge o convidou para um encontro, olhando-o com olhos escarlates brilhantes e um sorriso animado em seus lábios finos, acentuando suas presas proeminentes e estendendo-lhe ingressos para um parque de diversões local, o inviável pensamento de jamais sentir na pele a experiência de um passeio íntimo com outro ser vivo passou a ser algo palpável, maleável em suas mãos maculadas na forma de um pequeno pedaço de papel colorido e áspero, de aparência barata e surrada.

João Cláudio jamais pensou que sentiria na pele o chamado "borboletas no estômago" quando confrontado com um pedido de um primeiro encontro. Não era uma opção ou um destino a ser traçado por uma criatura sem origens e arrependimentos como ele, mas quando Lilia Vanrouge o convidou para um parque de diversões local, não havia como negar. Era uma oportunidade única, provinda de seus sonhos com o homem que amava.

Ele era como um girassol: forte, estonteante, mas evidentemente mortal. E como todo ser mortal, o fim lhe tomou aos braços e arrastou consigo toda a vivacidade que um dia brilhou em suas feições amarelas.