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A última coisa que eu precisava era me lembrar dele. Lembrar de porque eu tinha ido embora, de quem tinha me magoado. Mas suas palavras. Que coisa, por que eu tinha que me lembrar delas? Saber que não era mais bem vindo por ele estraçalhou meu coração.

(...) Eu sou o imigrante tailandês gostoso, o gogoboy gringo que se prostitui para ter um dinheiro a mais e não ser despejado e preso. Sou só o cara que foi abusado e roubado, abandonado e que quase morreu, acreditando num infeliz que dizia me amar. A culpa é só minha e a vida fez questão de me deixar isso bem claro por todas as noites em que me vi presto nesta merda de casa noturna. Eu preciso disso, preciso do álcool para me esquecer de onde eu vim e o que aconteceu.

A chuva caía impiedosa sobre a cidade, e quanto mais me atrasava, mais podia ouvir o choro do meu amor ecoando em minha mente.

O que foi que eu fiz?

Eu estou alucinando? Será que a sanidade já me deixou completamente? Eu ainda te vejo, te sinto, te ouço. Mas não tem mais você. Foi embora para a sua nova vida, sabe-se lá onde você a encontrou ou foi vivê-la. No entanto sei que foi bem longe de mim...

A visão do mar me acalmava, e ao mesmo tempo deixava-me inquieto. Era como o nosso namoro: intenso, cheio de surpresas e altos e baixos. Mas desta vez chegamos num baixo tão baixo que eu mal consigo enxergar mais. Deixei-me afogar em pensamentos tão ruins e tristes, em coisas que só me afundam ainda mais.

— É muito pesado? Digo, os treinamentos… –mordi o sanduíche, aguardando a resposta.

— Olha eu não vou mentir pra você, é bem pesado sim, mas eu sinto que lá na frente irá valer a pena. –respondeu Junho.

— Nunca é fácil no início… Ou melhor, nunca será fácil, mas seguir seu sonho é o que irá te motivar, e quando você alcançar seu objetivo, vai saber o quão valeu a pena todas as barreiras que teve de derrubar. –sorriu um pouco sem jeito, mas logo retorna a falar. — Sem empecilhos no caminho, tudo ficaria muito fácil e sem graça. Encare isso como um teste. Se você passar e alcançar seu sonho, era pra ser. Se reprovar, então nunca foi seu sonho de verdade.

Todos batemos palmas, o que resultou num Wooyoung corado e fingindo estar interessando em suas batatas já frias.