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Representava mais que os gritos, mais rico que a luxúria em seus atos, mais viciante que as drogas, mais confuso que o efeito de uma bebida, jogou-me em seu afeto e deixou-me louco por seu ser.
Mais um ano, mais um show, a costumeira agitação de todas as noites e nada foi maior que o seu papel em minha vida.
Passei anos lutando contra o afeto, ignorando seus toques e sucumbindo a insanidade quando dei-me conta de que somente ele poderia me fazer queimar, arder e enlouquecer cada vez mais.
Por mais complicado que fosse, por mais destruídos que ficássemos, por mais forte que fosse a dor causada pela não aceitação do mundo, nada foi forte o suficiente em parar nosso amor. O amor que falhou.

Doce e inocente, o contraste perfeito para a agitação escandalosa daquele que o corrompeu, lhe mostrando o significado da juventude e o fazendo entender que o primeiro amor nunca é esquecido.

A sociedade, enfim, a sociedade, hipocrita, capitalista, desumana, era assim que as coisas eram e dali em diante, sempre seria o que conhecíamos, cruel, cascavel, assassina, apontando no nariz dos outros oque eles devem ou não ser ou fazer, determinando os pontos e julgando aqueles que não conhecem. Será que é preciso mesmo mais sangue inocente derramado de bos os lados, humano e mutante, para que isso seja mudado?
O gene x mal havia sido descoberto e já havia um número consideravel e enorme de mortes, tanto humano, como mutante, de forma desnecessária, de forma covarde, apenas porque a humanidade temia oque na conhecia e uma paixão naquela época entre lados opostos, era a última coisa que deveria acontecer, certo?

1996
Metallica. Fama. Sucesso. Como é fazer parte da maior banda de Heavy Metal do planeta em pleno auge?
Dinheiro, garotas, luxo, muito, muito dinheiro, câmeras, atenção, programas de televisão, bebidas, diamantes, é o mundo perfeito, não há mais nada que ele possa querer, todos os seus sonhos se tornaram realidade.
Ele começou a flertar com tabus junto com o guitarrista da sua banda apenas para deixar o vocalista brutal com raiva.
Flertar com tabus. Tudo começou durante uma entrevista.

Uma entrevista.

E foi de repetente, se eu não tivesse levado a garrafa de cerveja aos lábios no exato segundo para a abaixar e o ver adentrar aquele palco improvisado, se o vocalista esbelto e com uma face para poucos amigos não tivesse ido para o lado no momento correto, se um outro cara trajando jeans da cabeça aos pés não tivesse acenado para o público ao mesmo tempo que ele entrou, eu nunca teria o visto.

O ano é 2020. Kirk Hammett e Lars Ulrich. Dois artistas, mesma banda, uma pandemia e um sentimento que nunca morreu.
Morte... Quantas vezes o jovem, agora "velho" Kirk Hammett já não morrera por Lars Ulrich? Seria ele sua sina? Seu vício? Seu? Não. Por que? Por que não eles, um final feliz?
Lars não tocava mais no assunto, pois já se encontrava casado pela terceira vez e com 3 filhos. Kirk, pai de 2 filhos e num casamento que já durava mais de duas décadas, muito menos.
Porém, nem tudo é o que parece. Apesar de Kirk estar feliz levando sua vida, o "E se?" o mantinha acordado durante as noites que ele demorava para pegar no sono. Até que chegou um dia que ele não aguentou. Ele tinha que fazer aquilo, então o fez.
Mesmo que soasse tolo em pleno século 21 com todas as tecnologias e suas facilidades, ele escreveu uma carta.
Remetente: Conhecido.
Sem assinatura, apenas um envelope preto com um papel muito bem dobrado dentro.
Destinatário: Suicídio.

França- Século XX

Naquele momento, apenas duas coisas passaram em minha cabeça enquanto meus dedos gélidos congelavam ao segurar o fogo no meio da noite. A primeira, eu fazia aquilo pelo bem do povo, porque a alienação não os deixava enxergar, porque a mudança é mais do que necessária, o fim da exploração e alguém precisa lutar, precisa intervir contra o estado e derrubá-lo.

A segunda coisa que se passava em minha cabeça era o medo...medo de acabar aqui, medo de dar tudo errado, medo dos cartazes com meu rosto que preenchiam as paredes das ruas, medo do estado maldito que fez uma imagem má de nós, que nos transformou naquilo que nunca fomos e agora nos caçavam, queriam pôr um fim em nós e mentiam para a população, mentiam a nosso respeito, mentiam a respeito de nossos objetivos e a população caía como tola, medo de ser preso, medo de ser morto, medo de não terminar a revolução, medo de tirar uma vida.

Sempre odiei a dominação, sempre lutei para que a dominação não se apossasse de mim. Até ele aparecer e dominar cada uma de minhas células.

Todos dizem que os dezessete e a melhor fase da sua vida, e eu duvido muito, tenho dezessete e nem gosto de socializar, não tenho amigos para falar sobre "as garotas bonitas do último ano do colegio" ou sobre "as garotas que quero pegar antes de me formar", quem inventou essa baboseira toda da adolescência perfeita? Eu pelo menos não tenho ela, diferente dele, Lars Ulrich.

Ficar em detenção não era tão ruim quanto parecia.

“Baby, can you meet me tonight in detention?
I can feel your blood pressure rise, f*ck this tension
Let me crawl up into your mind, did I mention?
Pretending everything's alright is detention”

"Lars Ulrich" um nome forte demais para alguém como ele, convenhamos, quem vai imaginar que um cara com esse nome é um garoto dinamarquês, baixinho que parece mais uma menina?

Mas mesmo assim eu amava ele.

Ele era provavelmente o melhor amigo que eu tinha e por causa disso, tenho certeza que vou ter que aturar ele pelo resto da minha vida. Acredite. Não estou reclamando.