Eclesiastes. Interativa
escrita por holophernesEm andamento
Capítulos 1
Palavras 2.652
Atualizada
Idioma Português
Categorias Histórias Originais
Gêneros Drama / Tragédia, Ficção, Mistério, Sobrenatural, Suspense, Terror e Horror
[vagas abertas | 29/09]
“E esse vasto éter, rugente mar, como se ferozmente atormentado por forças terríveis, respira, em uma fúria interminável. E contida, desinibida tal qual esses outrora reis-oceanos, revela-se a mente, lar dos loucos perante o trágico abismo. Onde os medos espreitam, onde ecoam as sombras do insondável. Na vertigem da alma, o inquietante caos teima aflorar…”
Praga. Os demônios vagam à noite pelas ruas iluminadas sob fracos tons amarelados. Igrejas crescem até os céus. Nas altas torres, gárgulas feitas de pedra por mãos humanas se alinham, e famintas, aguardam os corajosos criminosos que ousam desafiar o destino para se condenarem. Nestes tortuosos becos há muito esquecidos, olhos indecifráveis desdobram-se, vigilantes. Resta ao curioso pensar que sabe o suficiente para sobreviver e, quando encolhido no beco, reze ao se deparar com a morte.
Dezembro de 1989. O comunismo na Tchecoslováquia sucumbiu, alçando o seu fim provocado por uma revolução não-violenta do povo. A Velha-Cidade é, finalmente, então, aberta aos estrangeiros, que aos montes chegam, tão semelhantes a insetos incontroláveis, sedentos por notícias. Aglomerados e ansiosos, aguardam o começo do que aparenta ser um festival amigável, anunciado como homenagem simbólica aos ânimos da comunidade resistente. Festiva e interminável, prometia-se, em extravagantes proclamações, uma semana ao povo, banhada em liberdade absoluta. Contudo, o carnavalesco aparentava esconder em suas estranhas um mistério inesperado aos alegres residentes, e como se uma fera enjaulada revelasse o animalesco oculto, estourou.
Começou silenciosamente, na calada da noite. Primeiro, os rádios que, em murmúrios, falharam. Logo vieram as maravilhas da tecnologia que, em respeito, tremeram à uma força maior, que do homem se sobrepôs. O inverno caiu, trazendo consigo uma neblina densa: e com ela, a doença passou a vagar pela carne do homem. Agora se esvaía a integridade. O mundo cambaleava em uma eterna alvorada. O tempo se arrastava, contido aos mortos que há muito foram. No silêncio, o mal passara a habitar cada casa de Praga para lançá-la ao caloroso inferno. Os lábios mantiveram-se mudos pelo absoluto horror, e junto a eles, os antigos sãos passaram a ser loucos. Como transportados a uma realidade incompreensível à mente humana, a tênue linha entre o concreto e o abstrato aparentava quebrar, apenas para cair em uma chuva de ácida dor. E na absoluta escuridão, o Caos passou a reinar…
“E esse vasto éter, rugente mar, como se ferozmente atormentado por forças terríveis, respira, em uma fúria interminável. E contida, desinibida tal qual esses outrora reis-oceanos, revela-se a mente, lar dos loucos perante o trágico abismo. Onde os medos espreitam, onde ecoam as sombras do insondável. Na vertigem da alma, o inquietante caos teima aflorar…”
Praga. Os demônios vagam à noite pelas ruas iluminadas sob fracos tons amarelados. Igrejas crescem até os céus. Nas altas torres, gárgulas feitas de pedra por mãos humanas se alinham, e famintas, aguardam os corajosos criminosos que ousam desafiar o destino para se condenarem. Nestes tortuosos becos há muito esquecidos, olhos indecifráveis desdobram-se, vigilantes. Resta ao curioso pensar que sabe o suficiente para sobreviver e, quando encolhido no beco, reze ao se deparar com a morte.
Dezembro de 1989. O comunismo na Tchecoslováquia sucumbiu, alçando o seu fim provocado por uma revolução não-violenta do povo. A Velha-Cidade é, finalmente, então, aberta aos estrangeiros, que aos montes chegam, tão semelhantes a insetos incontroláveis, sedentos por notícias. Aglomerados e ansiosos, aguardam o começo do que aparenta ser um festival amigável, anunciado como homenagem simbólica aos ânimos da comunidade resistente. Festiva e interminável, prometia-se, em extravagantes proclamações, uma semana ao povo, banhada em liberdade absoluta. Contudo, o carnavalesco aparentava esconder em suas estranhas um mistério inesperado aos alegres residentes, e como se uma fera enjaulada revelasse o animalesco oculto, estourou.
Começou silenciosamente, na calada da noite. Primeiro, os rádios que, em murmúrios, falharam. Logo vieram as maravilhas da tecnologia que, em respeito, tremeram à uma força maior, que do homem se sobrepôs. O inverno caiu, trazendo consigo uma neblina densa: e com ela, a doença passou a vagar pela carne do homem. Agora se esvaía a integridade. O mundo cambaleava em uma eterna alvorada. O tempo se arrastava, contido aos mortos que há muito foram. No silêncio, o mal passara a habitar cada casa de Praga para lançá-la ao caloroso inferno. Os lábios mantiveram-se mudos pelo absoluto horror, e junto a eles, os antigos sãos passaram a ser loucos. Como transportados a uma realidade incompreensível à mente humana, a tênue linha entre o concreto e o abstrato aparentava quebrar, apenas para cair em uma chuva de ácida dor. E na absoluta escuridão, o Caos passou a reinar…
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