“Minhas roupas ainda cheiram como você
E todas as fotografias dizem que você continua jovem
Eu finjo que não estou magoada, e ando pelo mundo como se estivesse me divertindo”
"Como é que a gente pode saber, com toda certeza, que não é hoje?". Eu me lembrava de ter feito essa pergunta centenas de vezes quando o Sr. C e eu invadimos uma igreja, de certa forma acho que nos casamos, e então Jason Todd apareceu para estragar tudo, foi uma catástrofe!
- O que ele disse mesmo? - perguntei a mim mesma, sentada na cadeira de balanço, olhando pela janela de vidro poeirenta - “Vocês vão fazer um bem a humanidade se não procriarem?”. - suspirei - Parece que o jogo virou, não é mesmo? - sorri - Você vai ser louquinha que nem a mamãe, doçura? Ou uma psicopata como o papai? Acha que consegue sobreviver sem o homem que me ajudou a escrever uma carta para A Cegonha? - estiquei meus braços, vendo como o berço de madeira e o boneco de pelúcia desenhado como o Sr. C parecia confortável para uma futura criança - Olha, se você for menina, se chamará Lucy, se menino Jonathan, o que acha?
Senti um pequeno chute na lateral da minha barriga e sorri.
As nuvens mudavam de lugar do outro lado da janela.
- Vou aceitar isso como um ”Sim”!
Suspirei mais uma última vez.
- Bebezinho, silêncio, não diga ao mundo... - comecei a cantar baixinho, passando as mãos pela barriga grávida, notando como Gotham parecia mais sombria, ao longe, em momentos tempestuosos - Por você mamãe mataria todos desse maldito mundo. E se eles não rirem de nossas piadas, mamãe vai rasgar as suas malditas gargantas. E se eles começarem a fugir, mamãe vai pintar as ruas de sangue. E uma vez que o sangue começa a lavar, mamãe vai soprar mais algumas cabeças. E se o mundo ainda não rir, mamãe irá envenená-los. E uma vez que o veneno fez o seu trabalho, mamãe vai mostrar que você é o legado. E se o mundo ainda tentar lutar, mamãe vai queimar suas casas até caírem. E se você crescer com o seu sorriso, a mamãe vai ficar tão... Orgulhosa de você...
Parei de cantar quase que instantâneamente, sentindo os tremores se iniciarem.
- Hera!? - levantei-me, assustada, olhando por todos os lados, indo para debaixo dos batentes das portas, esperando que se a casa caísse, eu não fosse atingida - Ivy cadê você?
Eu consegui ouvir um estrondo na porta e o som de hienas rindo, farejando o lugar.
- Bud, Lou! Aqui meus amores! Mamãe está aqui! - cheguei mais perto da sala, tropeçando na poltrona e deixando a televisão cair, dura, no chão.
Peguei a marreta que Hera insistiu em fazer para mim em caso de extrema emergência e a segurei firme. De alguma forma, agora eu parecia temer por tudo o que pudesse me afetar, mas não por mim, pelo meu futuro bebê. Então comecei a andar, cautelosa, esperando que os tremores passassem, mas as plantas caíam e se espatifavam no chão, os vidros vibravam e trincavam.
"Havia alguma coisa de errado acontecendo!", pensei comigo mesma.
"Acabou de ganhar o Prêmio Nobel por essa descoberta, palhacinha!", pude ouvir a voz da Dra. Quinzel novamente.
- Cale a boca! - reclamei - HERA! - voltei a gritar.
Bud pulou contra mim, me lambendo, enquanto Lou me contornava, procurando se havia algo de errado comigo.
- Tudo bem, meus amores, está tudo bem! - disse eu, abaixando-os e os colocando um a cada lado meu - Temos que encontrar a Ivy, aquela bobona!
Saímos para fora de casa, e nos deparamos com a terra que craquelava e se abria a poucos metros dali, o rio tóxico tomava um rumo diferente, por entre as fendas fundas, contorcendo e atrofiando as plantas que estivessem à sua frente.
- HERA! - gritei.
Ela se erguia, em meio a uma flor-cadáver (com em meio, digo na ponta, no topo,) com um cheiro horrível e nauseante, juntamente com raízes espinhentas. Ivy nem ao menos olhava para mim. E porque olharia? Ela estava ocupada demais prestando atenção no BatWing que flutuava acima de sua cabeça e o Batminho que descia por uma corda em sua direção, atirando BatArangues em sua direção.
- Droga! - praguejei para mim mesma, me infiltrando nas sombras, esperando que ele não me visse. Ele não podia me ver! Não nesse estado! - Hera! - voltei a gritar e desta vez ela me ouviu, virando seu rosto furioso para mim.
- Fique aí! - gritou ela - Eu dou um jeito nele!
Seus braços se ergueram como uma ordem e apontaram para o pássaro negro acima de sua cabeça. As raízes obedeceram quase que imediatamente e Ivy pulou, caindo deitada sobre uma raflésia-monstro, rodando pela grama até chegar a mim sem ser vista.
- Você não pode ficar aqui, é perigoso, vai afetar o bebê! - gritou em meio as tremedeiras agudas.
- Você sabe como eu não perco uma briga! - gritei, sorrindo, ignorando as dores que começavam a queimar minha coluna - Vamos acabar com esse esquilo de vestido!
Hera colocou-se a minha frente, parando-me com uma mão frente ao meu peito.
- Deixa comigo! Volta para dentro!
- Eu vou morrer soterrada lá!
- Claro que não! - olhou para trás, voltando-se para mim - Vai logo, as plantas não vão segurar o Batman por muito tempo! Ele não pode te ver assim!
Um dor lancinante fez com que eu me encolhesse, apertando firmemente a minha barriga, espremendo os olhos com força.
- Meu Deus… - gemi entre os dentes.
- Harley!? Harley, por favor, o que você tem?
Eu não tive tempo de responder, apenas senti a quentura descer por entre as minhas coxas, escorrendo pelo chão de terra batida.
Olhei-a assustada.
- A bolsa! Ela estourou! - gritei.
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