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História Disfarce Invisível - Envolvimento


Escrita por: souhamucek

Notas do Autor


Hello, hello!
Como vocês estão? Olhem quem está aqui, pois é, nem eu acredito que sou. Depois deste imenso atraso, cheguei a desacreditar que a história conseguisse sair do planejamento. Porém, cá estou.
Tenho uns avisos quanto à história:
► Agora tenho um banner de capítulo, esta preciosidade é obra do Cezinha (@brankupt);
► Dedico esta atualização à Dannie (@danniedevon) e ao Gabriel (@flamejar), por terem me pedido muito com a história;
► Este capítulo é um pouco confuso, é necessário prestar atenção nos detalhes;
► Espero que sintam nervoso da Imogen, a intenção era essa kkkkk;
► Continuarei a história sozinha, a partir deste capítulo, espero que não se incomodem e deixo todos os créditos e carinho pela ajuda da Jéss (@jeleninhaz) no anterior e no planejamento do enredo.
Sem mais delongas, boa leitura!

Capítulo 2 - Envolvimento


Fanfic / Fanfiction Disfarce Invisível - Envolvimento

​Dormir não foi fácil. O frio sussurrava no ouvido de Shawn. Quando os olhos começaram a pesar e ele percebeu que não resistiria por muito tempo, permitiu-se recostar na cama desarrumada e antiga. Sua mente criava hipóteses do que sua família poderia estar a imaginar com seu atraso.

O medo de nunca mais revê-los acordava-lhe ora ou outra, bem como o vento ruidoso encontrava o basculante. O desespero do coração entre os pulmões era audível, quando os pesadelos invadiam seus sonhos e conturbava-lhes por inteiro, mas o sono intenso somado a fraqueza levou-o.

Quando, pela manhã, a porta do porão foi aberta, a fresta de luz foi suficiente para incomodar o olhar cerrado. O rapaz com os fios castanhos buscou forças para levantar-se. Sem entender muito bem, bambeou os pés em direção à abertura e tentou forçar-se a agir coerentemente.

Ainda confusos, os olhos cor de âmbar investigaram o lugar onde a pouca luminosidade alcançava. De súbito, a garota da noite anterior surgiu em meio ao clarão e tornou a fechar a entrada, enquanto descia o pequeno lance de degraus.

Shawn coçou os olhos, descrente. Assim que tomou a certeza de que a morena estava, de fato, diante dele, correu em direção a ela e envolveu-a em seus braços. Os orbes preocupados do garoto percorriam as expressões perdidas da de órbitas azuis e desesperavam-se ainda mais. O rapaz conferia se o corpo feminino estava em perfeito estado, surpreso pelo sumiço repentino.

— Você está bem? — balbuciou, segurando-a pelo rosto, a prender um olhar no outro. — O que eles fizeram com você? — iniciou um inquérito. — Onde esteve?

Percebendo o desespero e vulnerabilidade do rapaz de boa índole, Imogen preencheu-se de mentiras e mergulhou profundamente no universo criado por ele. Os olhos azuis da menina franziram-se, a simular um choro. Correspondendo às atitudes doces de Shawn, ela repousou o rosto no peitoral definido do garoto e tomou parte de sua blusa para os dedos.

— Eu estou bem! — mentiu. — Não fizeram nada comigo, mas você não pode ir embora, mano. Eles não permitem, somos prisioneiros.

— Onde você estava? Não há um telefone, uma janela ou algo que nos seja útil? — as perguntas escapavam-lhe a goela, antes que ela pudesse pensar em alguma resposta digna.

Imogen enrugou a testa e negou com a cabeça, apenas.

— Por que estamos aqui? O que querem de nós?

— Eu não sei. — choramingou. — Eu não sei. — insistiu ela, conseguindo arrancar algumas lágrimas de crocodilo dos olhos. — Eles só disseram que não podemos ir.

— Tem certeza de que está bem? — Shawn pressionou ainda mais a garota contra si. A morena assentiu. — Não se preocupe, estou com você.

— E-eu estava com tanto medo. — falsificou um gaguejar. — Que bom que está bem.

Sentindo como se aquela fosse uma das últimas vezes em que pudesse estar ao lado da herdeira de olhos azuis, Mendes afundou seu rosto nos cabelos dela e inspirou o cheiro de seus fios acastanhados, a decorar aquele aroma.

— Fiquei com tanto medo de algo de ruim ter acontecido com você. — desabafou.

— Nada aconteceu, nem irá. Eu lhe prometo. Eles pareceram gostar de mim. — ela garantiu, algo em seu corpo florescia pouco a pouco. Era provável que tratava-se de mais um possível encantamento pelo rapaz de pele alva; há anos alguém não demonstrara tanta preocupação com a morena. Mesmo naquele estado, fraco pela fome e confuso pela situação a qual fora inserido, Imogen sentia que ele faria qualquer coisa para protegê-la. — Eu lhe trouxe comida, veja. — afastou-se, para mostrar a bandeja que segurava em uma das mãos. Nela, havia um sanduíche, suco e algumas lascas de maçã.

— Por que estão fazendo isso? — indagou, intrigado.

— Não sei, mas os obedecerei. — seu tom, desta vez, foi seguro. — Coma tudo. Fique forte.

— Precisamos dar o fora daqui, nossas famílias devem estar desesperadas.

Bufou a de cabelos compridos, cruzando os braços.

— Assim que eu descobrir um jeito de fugirmos, o avisarei. — desacreditado com a possibilidade, ele balançou a cabeça em concordância. — Agora, coma um pouco.

Em sua mente tão rápida quanto as engrenagens de um carro, Imogen maquinou cada pequeno detalhe do plano. Estava claro, enquanto Shawn permanecesse daquele jeito, frágil e indefeso, exatamente como queria, ela cuidaria para servir-lhe as refeições nos horários corretos, talvez até trouxesse roupas limpas vez ou outra.

Ele só precisava cooperar.

Enquanto o garoto não soubesse com o que lidava, estaria à sua mercê.

Há exatos três dias, Shawn Mendes não via a pouca luz emitida quando a porta de madeira era aberta. Considerando que, sem celular, relógio ou uma noção de horário, o tempo parecia infinito para o herdeiro dos cabelos acastanhados, ele temia estar enlouquecendo. Reconhecia somente a claridade transmitida pelo basculante e a escuridão total. Dia e noite.

Acostumou-se com as visitas frequentes da garota em um momento súbito e específico. Ela trazia-lhe comida, vinha vestida com um sorriso doce, rastros de normalidade acompanhavam-na; iludiam-no, contudo. Em suas conversas, as quais giravam em torno de vários assuntos, o clima amedrontador descontraía-se aos poucos, até desaparecer por completo.

Preocupava-se com os familiares, com o que seus pais poderiam estar pensando com o desaparecimento dos dois. Pedia para que Imogen implorasse aos sequestradores por um telefonema, todavia, entre soluços, ela dizia-lhe que não fora permitido. O corpo sinuoso da morena era coberto com o disfarce invisível da maldade; ele nunca conseguiria vê-lo. Os olhos ingênuos e brevemente acostumados ao breu do caixa enxergavam unicamente o desespero fajuto; enganavam-se mais a cada segundo.

Afinal, como estes suspeitariam de um lobo tão maquiavélico em pele de um cordeiro tão indefeso?

Boas mentiras carregam detalhes, diziam as más línguas. Sábias palavras. Com o rosto angelical e sereno, arquitetava as minúcias mórbidas de seus planos. Confortado pela companhia da menina cruel, ele rendia-se a cada breve encontro, tornava-se mais vulnerável. Exatamente como Griffins queria.

Ironicamente, de modo exclusivo, nos momentos juntos, Shawn conseguia abandonar a preocupação com a família e compartilhar de uma sensação que há tempos não sentia: liberdade.

Estar com Imogen, para ele, era estar livre.

Esquecia-se rapidamente das trancas que rodeavam o escuro porão, impedindo-o de sair. Concentrava-se apenas nos assuntos abordados pela menina, e os minutos zarpavam, como água escorrendo da torneira. Aquela era sua paz. Ou quase.

Tudo era natural, leve; às vezes, até deixava escapar uma risada. E, mesmo que não demonstrasse, Shawn percebia o brilho existente nos olhos dela, quando isto acontecia. Aquele tom de azul sob a penumbra do cômodo era o que ele tinha de mais bonito àquela altura.

Os beijos tornaram-se mais comuns do que o esperado, serviam como uma ótima forma de cumprimento entre os dois. Seus lábios encaixavam-se bem, semelhantes às peças de um quebra cabeças, perfeição descrevia-os. Entrecortado pela respiração ofegante, o gosto doce da boca dela era seu melhor companheiro.

Então, sem que notasse, a sede por voltar às ruas foi embora. Ele esqueceu-se de tentar escapar e fez da chegada de Imogen a parte preferida do seu dia.

As coisas estavam boas. Uma espécie de satisfação rodeava-o, mas, o mundo aceitável que construiu foi abaixo, quando ela faltou a visita pela primeira vez. A porta foi aberta minimamente. Os olhos castanhos vigiaram a brecha de luz, e uma bandeja com comida passou por ela. Somente a bandeja.

Nenhum sinal de Imogen.

A situação repetiu-se nos outros dois dias, a levar para longe suas esperanças de voltar a vê-la. Shawn viu-se sem mais o que perder. Foram-lhe roubados a família, o emprego e, o que acreditou naquele instante, a amante. Parte de si era consumida por preocupação. "Poderia ter-lhe acontecido algum mal?", "O que querem de mim?", era o que perguntava-se a todo segundo.

Encolhido sobre a cama de solteiro, seus dedos suados percorriam o tecido da calça jeans, estampando o nervosismo. Batucava a ponta trêmula contra a coxa, entretendo-se com o som baixo antes que o silêncio fosse-lhe ensurdecedor demais.

Dentro de sua mente vaga, uma irritante voz sussurrava ao fundo que ela não viria. Não mais. Sua única companhia seria o vazio. De novo.

Não havia meio de escapar do óbvio: o curto contato com a garota deixara de ser um desejo, acabou por tornar-se uma dura necessidade.

Seus olhos castanhos fizeram amizade com a escuridão, adaptaram-se por completo à pouca luz e confortavam-no do medo. Afinal, há quase um mês trancafiado em um lugar tão pequeno, o porão transformou-se em seu lar; a morada de sua dor.

Quando outra bandeja foi colocada no primeiro degrau da escada, Shawn pensou no que mantinha Imogen por perto. Ela acompanhava-o durante as refeições, garantia-lhe comida e vida.

Por algum motivo, seus sequestradores queriam-no vivo.

Mendes só queria a ela, porém. Dar-lhes-ia, então, sua morte.

O almoço simplório ficou intocável, bem como o jantar. Na manhã seguinte, o café-da-manhã nem sequer foi visto. Ele não levantaria da cama suja para recusar um alimento; deste modo, não ousou levantar-se. Seu corpo ficou estirado no colchão desconfortável, enquanto a cabeça recostava na parede e o desgosto imperava seu interior. Quando, no almoço, outra recusa foi feita, uma sequência de socos surgiu na porta em meio à escuridão.

Shawn saltou da cama, enfraquecido, e seguiu, às cegas, o som. Os ruídos eram contínuos e incômodos. Diria, em confronto ao silêncio constante, perturbador. Sua mão grande cerrou em punho e devolveu os murros contra a madeira envelhecida.

— O que querem de mim? — esbravejou, insistindo nos movimentos com a mão. — Onde está Imogen? — mais esmurradas. — Prometo não contar nada a ninguém, só, por favor, deixem-me sair.

Os grunhidos de fúria deram espaços aos soluços de um choro rouco e sofrido a verberar por todo o espaço escuro.

— Eu só quero a minha vida de volta.

As lágrimas quentes queimaram os olhos empoeirados pela sujeira do local somada ao próprio suor.

— Por favor. — sem mais forças para manter-se de pé, definhou a agachar-se sobre os degraus e sentar-se de mão jeito. — Por favor.

Abraçou as pernas, esmagando os dedos no jeans surrado e afundou o rosto úmido pelas lágrimas no intervalo entre os joelhos. Com a respiração falha, tentou persistir acordado, mas falhou, sob os efeitos do jejum. Ele estava fraco física e psicologicamente. Apagou.

O ranger da porta despertou-o mais uma vez. O olhar cansaço confundiu-se com o clarão repentino, a imagem embaçou. Desfocado, o rosto falsamente dócil da menina pôs-se em frente ao sôfrego de Shawn. Ele reconheceu o cheiro dos cabelos e aquele tom vívido do azul de suas órbitas. Os lábios ressecados esboçaram um meio sorriso. No fundo, aquele gesto tolo era um grito de alívio.

— Me mandaram lhe pedir para comer. — disse em tom de sussurro. — O que está fazendo?

— Esperando a morte. — revidou, prontamente.

— Não! — berrou, desesperada. — Não pode se render dessa forma, mano. Precisa ser forte.

Os fios castanhos e curtos chacoalharam com o movimento de negação.

— Por que não veio mais? Fiquei aqui nesta escuridão, não entra mais luz pelo basculante. Só existe eu e o breu. — embora o olhar esteja marejado, Mendes não vacila em transborda-lo. — Minha visão está embaçada. — passou o antebraço sobre as pálpebras, queimando-os ainda mais com a transpiração. — Peça para me matarem logo. Isso é um jogo. Um jogo do qual não quero fazer parte. Desisto.

— Está alucinando! Coma, eu lhe trouxe um mingau. — pela primeira vez, havia sinceridade em sua preocupação.

No entanto, o receio não era oriundo de pena. Imogen desconhecia este sentimento. Assombrava-lhe o medo do plano não dar certo.

— Prometo dar um jeito nos seus olhos, só não espere que fiquem perfeitos. — o timbre rude foi despercebido para o rapaz, quem nota meramente a vontade de viver diminuída. — Você vive no escuro agora, a luz pode lhe cegar de vez.

— Tanto faz. Perder a visão é só um dos estágios desse jogo de tortura. Só quero entender o que fiz para essas pessoas. — murmurou, devorado pela desesperança.

— O mingau. — ela colocou ambas as mãos do de olhos castanhos ao redor do prato fundo. — Coma.

— Não.

Sem que ele conseguisse decifrar o que enxergava, sentiu uma mão aquecer sua intimidade sobre a calça. Em forma de reflexo, o volume deu os primeiros sinais de enrijecimento, a levar consigo um arrepio sorrateiro.

— O que foi isso? — perguntou, cercado de risadas confusas.

— Você sabe o que é. — a réplica chegou aos ouvidos com malícia, no momento em que o som do escorregar do zíper. — Se você comer tudo, darei um agrado. — assim que sua mão envolveu a ereção com certa força, Shawn engoliu em seco. — Só preciso que coma.

As mãos do garoto tremeram a sustentar o prato. Entorpecido pela excitação, concordou com a cabeça.

Imogen libertou o membro pulsante de sua mão e prometeu voltar com algo que pudesse ajudar com a visão turva. A sede de Shawn por um ápice de prazer fê-lo ceder aos contratempos e devorar cada colherada do café-da-manha.

Próximo à porta, ele conseguia ouvir um remexer de gavetas. Sem dúvidas, a menina do sorriso angelical procurava algo que pudesse ajudar-lhe, muito embora acreditasse ser deveras perigoso. Seu interior temia por ela, entretanto, ao julgar pelos bons cuidados, deduzia que os sequestradores gostavam da Imogen. Pelo menos, um pouco.

De súbito, a porta tornou a abrir-se. O vulto da morena curvou-se diante dele e chacoalhou um pedaço de esperança. Em suas mãos delicadas, carregava um par de lentes de contato usado.

Um conjunto curioso. Invejável, assim como ela. O kit ocular tinha cor.

Azul.


Notas Finais


Muito obrigada por lerem até aqui ♥
Espero do fundo do meu coração que vocês gostem. Estou mega-insegura!
Com amor,
Lali.

► Teaser • https://www.youtube.com/watch?v=0Ju0IB7iaxY
► Amputado • https://spiritfanfics.com/historia/amputado-7215366
► Ruídos de Saturno • https://spiritfanfics.com/historia/ruidos-de-saturno-8864832/
► Reacender • https://spiritfanfics.com/historia/reacender-8702905


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