Prólogo.
Phoenix, Arizona.
point of view; Justin Bieber.
A sala de aula encontrava-se abarrotada. Construída apenas para trinta alunos, mas abrigando cinquenta. A classe, em euforia, vigiava atentamente cada movimento o qual pusesse-me a realizar.
— Os métodos da clonagem humana são amplamente controvertidos e considerados por muitos um procedimento despojado de ética e moralidade. — ditei, disposto a prosseguir. — Religiões consideram esta prática criminosa, pois, teoricamente, só a Deus cabe a criação dos seres vivos. Eu não creio nisto.
Ergui o tecido de meu jaleco o qual estendia-se em meus braços para que pudesse friccionar brevemente a pele empolada de meu cotovelo, focando a lente turva do microscópio. Como nunca a notara, deduzi que surgira pela manhã.
— A clonagem tem sido discutida com mais ardor nos últimos tempos, em consequência dos debates frequentes os quais desenvolveram-se quanto à legalização ou não da utilização de células-troncos.
O meu peito sufocou-se momentaneamente. Expeli bruscamente o ar contido em meus pulmões, os quais encontravam-se enfraquecidos há semanas. Antibióticos aparentavam ser insuficientes.
— Como ia dizendo — procedi —, as também chamadas células embrionárias surgem logo após a fecundação, quando o resultado da união do óvulo e do espermatozoide auto reproduz-se, formando até oito cópias de si mesma.
A lâmina gélida do microscópio sustentava o ovário demonstrativo.
— Certo. Aproximem-se. Contemplem este exemplo da mais bela ciência. — convoquei-os a aproximarem-se, unindo o espermatozoide ao óvulo. — Vejam como as células multiplicam-se.
Elevaram-se de suas carteiras em incontáveis segundos. Travavam uma guerra pela visão do experimento.
Pude aperceber o peso em meus ombros das mãos delicadas da morena, envolvendo-me a si.
— Projeto excepcional, senhor Bieber. — pacífica e orgulhosamente, proferiu. — Embora eu nunca espere pouco vindo do senhor.
Um singelo sorriso alargou-se em meus lábios, ao mesmo tempo em que esfregava as unhas novamente na ferida.
Abgail enaltecia cada minuciosa ideia a qual surgia em meus pensamentos. Enxergava-me um homem brilhante. Estava longe disto. O fascínio da garota à Biologia era explícito.
— Professor, — levantou o braço Bridget, a aluna mais cobiçada. Realmente, os olhos oceânicos eram de impressionar, no entanto o tamanho mínimo de seu cérebro preocupava-me. — Onde conseguiu esta coisa?
— Isto é um ovário, senhorita. — esclareci.
A tosse rígida fez-se presente outra vez, entrecortando os ruídos do ambiente. O lenço o qual levara aos lábios voltou avermelhado. O gosto de cobre não demorou para invadir minha boca.
A classe calou-se, assim que o jato involuntário do regurgito escapou-me, sujando, deste modo, todo o piso claro.
Não soube distinguir quem gritara, mas a agitação foi unânime. Os alunos perambularam o espaço enquanto projetavam diversos burburinhos, perturbando-me.
— Céus, ele está envenenado! — fora a última coisa que pude ouvir, antes do que deduzi ser um desmaio.
Despertei-me, enxergando as íris esverdeadas da diretora de Phoenix School.
As madeixas negras como carvão unidas revelavam suas feições rígidas, as quais não amedrontavam-me. O semblante descontente entregava a provável noite insatisfatória de sexo com algum aluno.
Como era ela quem criava as regras, nada mais justo que burlá-las.
— O senhor está suspenso, Bieber. — alertou. Piedade alguma carregava a sua voz.
— Do que está falando? — sentei-me sobre a maca na qual outrora encontrava-me deitado. Os meus olhos incrédulos não decidiam-se entre as paredes e a porta da enfermaria. — Amenize a sentença, Marlene. Não estive desmaiado por tanto tempo.
— Este não é o problema. — manifestou-se pacata desta vez. — Este foi o seu terceiro desmaio nesta semana. Está indisposto para ministrar. — pude constatar o riso triunfante em meio às palavras.
— Sou o único a fazer algo por esta escola, ..., por estas crianças. — eu gesticulei ao léu, horrorizado com tal atitude da mulher.
Riu sarcástica. Quanta escrotidão.
— Eu sei o motivo pelo qual tudo o que eu faço lhe incomoda. Não aceita que nunca rendi-me aos seus seios siliconados. Está exausta de transar com os alunos, visto que já fisgou todos os funcionários. — fitei-a, repreendedor. — Menos eu.
— Está atingindo os limites. — ousou-se a interromper-me.
Inspirei. Expirei.
— Por anos escutei as suas asneiras, agora você quem ouvirá. — adverti-a. O meu dedo apontado para o seu nariz arrebitado. — Desculpe-me se sou fiel à minha esposa e preocupo-me com a minha família. Marlene, volte a satisfazer-se com estas crianças, apenas desejo lecionar Biologia em paz.
Os lábios vermelhos-sangue amassaram-se. A mulher contorceu o seu semblante, e com a feição de poucos amigos, deu-me as costas.
— Eu espero que seja um bom professor particular, senhor Bieber. — acalmou a respiração e finalizou o raciocínio com clareza nas palavras. — Está demitido.
Essa foi a última vez a qual dera-me com aquela mulher.
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