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História O "Damo" e A "Vagabunda" - O Passado Dela


Escrita por: Dii_Kook

Notas do Autor


Espero que gostem 🌸

Ah, e comentem bastante, okay? Essa é uma das minhas Fanfics prediletas.

Capítulo 12 - O Passado Dela


Fanfic / Fanfiction O "Damo" e A "Vagabunda" - O Passado Dela

Park Jimin

Abril 2017 — 10:32 AM

Minha casa

Ontem foi o último dia de março, um mês muito agitado, eu diria. Espero que agora em abril as coisas sejam menos confusas para mim e para todos nós, houve muitos problemas mês passado não só envolvendo eu e Iara, mas sim toda nossa turma. Para iniciar o dia, eu e Iara faríamos uma visita a Jeon e Yoona — que agora morava junto do namorado —. Mesmo conversando todos os dias por mensagens não era o suficiente para ter certeza que eles estavam de fato bem com tudo que aconteceu. Então, me levantei da cama e fui tomar uma ducha antes de tudo, ficar deitado pensando não responderia todas as minhas perguntas e muito menos mataria a saudade que senti de Iara, a qual eu não vi desde ontem, mandei mensagens e até liguei várias vezes, mas ela apenas não atendeu e os texto os respondeu com corações. Acho que realmente não quer falar o que aconteceu na praia, ou quer falar pessoalmente... Eu não sei.


Depois de me arrumar, desci para cumprimentar meus pais e avisar que não se preocupassem comigo caso eu não chegasse a tempo para o jantar. Porém, depois que eu terminei de proferir as palavras e beijei a testa de cada um para finalmente partir, uma pequena frase me fez parar:

– Tudo bem, mas... Mas se conseguir voltar, traga a Iara... Por favor. – ela falou baixo, como se estivesse lutando para não dizer tais palavras. Eu me virei minimamente e a encarei surpreso, sei que não deveria reagir assim depois do que aconteceu ontem , só que ainda é chocante perceber que ela realmente mudou de opinião tão rápido. Até papai a encarava de queixo caído. 

– Tudo bem, eu trago! – abri meu maior sorriso e isso fez a senhora sorrir, acho que ela finalmente se deu conta de que estou feliz com aquela menina e isso é o que importa para todas as mães, a felicidade do filho. Mamãe assentiu levemente sobre a minha resposta e virou-se de costas, voltando a enxugar a louça. Papai olhou-me como se procurasse respostas, no entanto eu apenas dei de ombros com um sorriso e me virei novamente. 

 

Iara queria me buscar em casa, todavia eu queria comprar uma coisa sem que ela soubesse, porque era exatamente algo para Iara. Portanto eu preferi que ela me buscasse em um doceria que ficava perto da onde comprei o presente, comprei uma caixa de brigadeiros como disfarce e usei a desculpa que a doceria era perto de casa, então não tinha necessidade de esperá-la lá para depois ir. Agora já estávamos em frente ao apartamento de Jungkook, os dois estão morando juntos aqui, só que parece ser temporário, Yoona me disse algo sobre comprar uma casa que está a venda perto do estúdio, já que os dois estão trabalhando lá. 

Quem veio nos atender fora Min Yoona, ela estava radiante, mal conseguia esconder o sorriso que sustentava no rosto. Mandou que a gente entrasse e depois trancou a porta atrás de mim, a coreana veio me abraçar primeiro, mas acabou quase derrubando Iara com o pulo que deu nela. Min nos conduziu até a sala, o apartamento não era gigante, mas dava para morar até três pessoas, além da decoração que era básica, com cores mais suaves e muito bem organizada, os lugares dos móveis pareciam uma combinação de equilíbrio e paz. Não parecia ser a casa de um tatuador que representam nos filmes, com cores escuras e pôsteres de bandas de rock entre outras coisas. 

– Estava com saudades de vocês. – Yoona falou quando nos sentamos, ela parecia eufórica, sentou-se depressa na poltrona a nossa frente e ficou se arrumando por alguns segundos até que uniu as mãos encima do colo e se inclinou para frente.

– Também estávamos. – Iara respondeu por nós dois. – Mas e o Kookie, para onde ele foi?

– Ah, ele ainda está no trabalho. Creio que chegará daqui a uns 30 minutos, por aí. 

– Tudo bem. – sorriu. – Você está bem? Digo, não teve nenhum problema? 

Yoona parecia não estar mais tão confortável quanto antes quando Iara dissera aquilo, ela ajeitou-se no assento e baixou os olhos para as mãos, soltando um suspiro cansado em seguida. Aquilo de fato me preocupou, ela parecia tão bem há alguns segundos atrás, o que poderia ter acontecido para fazê-la mudar tão drasticamente de humor.

– Meus pais. – começou. – Eles me ligaram há dois dias atrás e pediram para mim voltar a morar com ele, diserram que estavam arrependidos por falarem aquelas coisas para mim. 

– E isso é ruim? – indaguei confuso por não entender a sua tristeza.

– Sim, porque quando eu falei que estava feliz e que queria apresentar Jeon Jungkook para eles, mudaram completamente o tom de voz e disseram que ainda achavam aquilo um erro, sabe? Falaram que só se arrependeram por terem usado palavras tão frias comigo, porque na cabeça deles o que eu fiz é um erro. – Quanto mais a garota ia falando, mais sua voz falhava e parecia ter dificuldade para sair. Seus olhos brilharam com as lágrimas que estava por vir e eu entendi que aquilo era doloroso demais ara ela, seria como se eu tivesse de deixar meus pais por causa das idéias malucas de mamãe, ou então deixar Iara, o que não era nem um pouco menos doloroso. – Eu só queria que eles aceitassem que eu estou feliz, droga! Eu não quero viver desse jeito para sempre, sem ter notícias deles ou com medo de ir visitar e nunca mais voltar, eu quero poder apresentar meu namorado para eles, levar Jungkook para jantar ou trazer os dois aqui. E se eu e Jungkook formos mais adiante? Como nos casar e ter filhos? Eles não vão aparecer no meu casamento, meu pai não vai me levar até o altar e minha mãe não vai querer ver as apresentações deles na escola? Eu não quero viver assim! 

No fim ela acabou não aguentando, no entanto eu não a culpo, aquilo era completamente compreensível já que a situação envolvia mais do que amigos ou pessoas conhecidas. Estávamos falando de família. Yoona chorava, não desesperadamente, mas as lágrimas desciam pelas bochechas e caiam em seu colo, então Iara se aproximou e colocou sua mão por cima das dela, deixando que a sua pele fosse molhada pelas gotículas salgadas. 

– Eu quero que eles vejam que estou feliz e que quero continuar assim, não precisam parar de achar que isso é um erro, mas só queria que eles não tentassem interferir. Gostaria que se acostumassem com isso, sabe? Só queria poder chegar lá de mãos dadas com o meu namorado e com um sorriso, porque sei que eles vão me abraçar e sorrir também. 

Ver ela daquele jeito me deu um aperto insuportável no coração, ver seu sofrimento era difícil, principalmente por saber que ela não merecia passar por esse tipo de coisa. Eu acho que ninguém merece, é uma dor tão angustiante, tão cortante... Eu sei que às vezes nossos pais sentem que não deveríamos namorar certas pessoas, eles só querem nos proteger, mas os genitores dela fazem isso apenas por serem um casal antiquado. Acho que eles deveriam passar quatro horinhas na praia com Iara, poderia ajudar. 

– Você deveria tentar falar com eles, ter uma conversa franca, sem espaços para tentarem fazer você mudar de idéia. Como se fosse um ultimato. – Iara sugeriu, descendo e subindo as mãos no ombro da amiga, confortando-a. – Sabe, eu entendo você, eu também queria poder fazer essas coisas que você disse. 

– Seus pais também não te apoiam com o Jimin? 

– Não exatamente. – a morena respondeu entre uma risada. 

Agora que eu me toquei, quem são os pais de Iara? Bem, obviamente eles moram no Brasil, mas por quê? Ela nunca fala sobre eles, a primeira vez que me falou sobre eles foi no segundo dia que conversámos, quando ela me levou para a praia, lembro-me muito bem de sua frase:

"Atenção que meu pai não pode me dar."

Fiquei com aquilo na cabeça por um bom tempo, a infância dela não foi uma das melhores? O pai dela... Pode não ter sido um bom pai? Mas é a mãe? Pelo o que eu me lembre, a garota também nunca citou sua mãe. Eu quero saber mais sobre o passado dela, saber seus medos, mas não quero invadir seu espaço. 

– Você sabe que eu passava por isso também por causa dos pais do Jimin, isso mudou depois que eu tive uma conversinha com a senhora Park, sabia? – Iara olhou-me de canto, entendi que queria confirmar o que dissera, queria saber se realmente deu certo, então eu afirmei em silêncio. – Tente fazer o mesmo. 

– Mas e se eles não quiserem escutar? 

– Então você vai ter que seguir em frente. 

Yoona olhou para Iara um pouco aterrorizada, aquela frase teve um grande impacto na garota, admito que até eu achei que foram duras demais. Mas bem, são a realidade. 

Park  Jimin

Abril 2017 — 07:23 PM

Carro da Iara

No fim, acabou que perdemos a noção do tempo e ficamos a tarde inteira na casa de Jeon Jungkook — que agora é de Yoona também —. Quando o tatuador chegou, viu que Yoona estava com vestígios de quem havia chorado, os dois conversaram e concordaram que iam tentar uma vez, mas que não prenderiam seu relacionamento nessa etapa difícil. Na minha opinião eles estão certos, se ficarem se prendendo a essa dificuldade jamais poderão avançar.

Agora eu e Iara estamos indo para a minha casa, falei para ela sobre o jantar e a mesma parecia animada com o convite, então aceitou na hora. Estou feliz, estou feliz porque sei que esse jantar vai ser diferente de todos as outras vezes que ela se reuniu com a minha família, não haverá provocações, intrigas e brigas, será tudo na mais tranquila paz, uma noite de sorrisos. Esperei tanto por isso, fiquei tantas vezes imaginando quando finalmente iríamos ter paz que agora nem acredito que chegou a hora, espero que essa calmaria também passe a Yoona e que ela consiga superar essas desavenças com a família — nem acredito que antes eu tinha ciúme de Jungkook com Iara —.

E pensar que isso aconteceu por causa de Iara Andrade, ela é realmente incrivel. Lembro-me do começo do ano, quando eu conseguia nem olhar para ela sem sentir as mãos tremerem e a boca ficar seca, era muito engraçado. Acho que todos precisam de uma Iara na vida, sabe? Alguém que te dê confiança e desafie você, para que assim você consiga vencer seus medos. Acho que todos somos um pouco Iara, em algum momento, todos temos uma vontade súbita de fazer algo inusitado ou que nunca pensamos que poderíamos fazer. 

A sua paixão por água me faz imaginar que ela é uma sereia, tanto que, recentemente, ela fez uma tatuagem em seu pulso direito escrita: Eu pertenço ao mar. E a maioria das coisas que compartilha no Facebook é sobre o mar e sereias, acho que vou começar a chamá-la de sereia, minha sereia. Esses dias eu vi uma foto no Twitter, não sei como ou o porquê de aparecer lá, mas a foto estava com uma frase escrita em itálico: Mares calmos não formam grandes sereias. Parando para pensar, isso se aplica bem a Iara, é um pouco contraditório pois sempre que digo que a mesma é pacífica, todavia combina com a sua vida, que é ao contrário da sua personalidade. Acho que ela é como as ondas, ora calma, ora agitada.

– Chegamos. – ouvi sua voz e senti que o carro parou, então afastei todos aquelas pensamentos de água, sereias e afins.

– Vamos.

Descemos do veículo juntos e Iara apertou o botão do alarme. Fui em sua direção e peguei em sua mão, entrelaçado nossos dedos como sempre fazemos. Cruzamos a entrada assim que abri a porta, a casa estava silênciosa, pelo jeito não estavam me esperando assistindo TV. 

– Mãe? Pai? – chamei-os, caminhando até a sala com a morena ao meu lado. Recordo-me que sempre ficava nervoso quando esta cena acontecia, ficava sempre com medo de mamãe fazer alguma doideira que me envergonhasse ou me deixasse irritado... Hoje não estou com estes sentimentos e creio que não vou voltar a tê-los algum dia. 

– Estamos aqui. – respondeu papai, então segui o som de sua voz que vinha da cozinha. Estava tudo pronto já, mamãe só estava terminando de colocar os pratos e, diferente das outras vezes, agora a mesa estava com 4 pratos. Antigamente, para me provocar, ela só colocava três como se estivesse dizendo que  garota não era bem-vinda em casa. 

– Vocês conseguiram chegar, que bom! – a senhora Park exclamou. – Iara. 

As duas se cumprimentaram com um leve balançar de cabeça e mamãe até sorriu, um sorriso fraco, mas um sorriso. Estava esperançoso que elas iriam se abraçar, no entanto ver que não teve um olhar de raiva direcionados a minha namorada já me mantém alegre, talvez as coisas avancem aos poucos e logo as duas irão ficar mais próximas. Olhei de canto para meu pai e vi que ele mantinha um sorriso sereno no rosto, parecendo satisfeito pela mudança, fico agradecido por saber que ele não precisava passar 4 horas com Iara também. 


Já estávamos na mesa há alguns minutos e até então tudo estava silencioso, fiquei um pouco incomodado, mas apreciei o fato de não haver trocas de olhares ruins, e isso já é o suficiente para mim. Sei que cedo ou tarde alguém irá se pronunciar, tenho quase 60% de certeza que será mamãe, já que a mesma não gosta de jantares silenciosos, ela prefere uma "reunião" com bastante comida e conversa. 

– Então, Iara – eu não disse. – Você mora aqui há quanto tempo? 

– Há quatro anos. – a morena respondeu, surpreendendo até a mim. 

– Nossa, então você saiu cedo de casa. – com "de casa", papai quis se referir ao país em que ela nasceu, o Brasil. Realmente, é bastante tempo para alguém tão jovem como ela, agora entendo porque seu coreano é tão bom quanto o nosso. – Você fala muito bem o nosso idioma, afinal. 

– Estudo coreano antes mesmo de vir para cá. – respondeu. 

– Então você já tinha planos para morar aqui? – mamãe perguntou. 

– Não exatamente. – Olhei para ela confuso, por que alguém aprenderia um idioma tão difícil se não tinha intensão de morar no país nativo da língua? Era só fome de aprendizado, ou interesse pela cultura? – Sei falar seis idiomas, ao todo. 

Quase cuspi quando ela disse aquilo, papai e mamãe me olharam de olhos arregalados, mas não por causa da besteira que fiz e sim por estarem tão surpresos quanto eu. Novamente notei que não conheço muitas coisas sobre Iara, parece que cada vez que ela abre a boca para falar de si, mais surpresas são despejadas em mim e a quem estiver ao redor. 

– Nossa, isso é impressionante. – meu pai elogiou. – Mas... Por quê? Algum motivo em especial? 

– Queria impressionar algumas pessoas, então usava meu tempo livre para aprender coisas que poderiam surpreender. – respondeu, pegando seu copo e bebendo do suco que alí estava. 

– E com certeza deve ter conseguido, isso é admirável. 

A morena não respondeu, apenas deu ombros e nos mostrou seu sorriso gentil. Isso foi um não? Seus pais seriam as pessoas que ela queriam impressionar? Se for isso mesmo, como eles não deram atenção a ela? Iara é incrível, sua capacidade é incrível, como puderam deixá-la escapar desse jeito? Por que não deram valor ao que tinham? 

Iara é o tipo de garota que não precisa de proteção, ela sabe o que fazer, como fazer e quando fazer, sabe se defender, sabe ser seu próprio escudo e ser sua própria espada, não é o tipo que precisa de alguém para protegê-la, um príncipe encantado ou um herói. No entanto, eu ainda assim sinto a necessidade de defendê-la, sei que ela não precisa, mas eu quero colocar meus braços envoltos dela e salvá-la do que for preciso, quero ser o príncipe encantado, o herói que entra na frente para nada atingi-la. Quero enxugar suas lágrimas e ser a pessoa que vai fazer cafuné quando ela estiver triste, quero ser aquele que vai segurar seu mundo quando ele quiser desmoronar. Porque sei que ela faria o mesmo por mim. 

~♦~

– Eu irei com ela hoje, talvez volte. – avisei meus pais e os vi assentir, então fui em direção a saída com a morena. Esta por sua vez olhou-me de lado confusa, afinal, foi algo que decidi de última hora. – Precisamos conversar. – ela concordou em silêncio. 

Quando já estávamos dentro do carro e a caminho de sua casa, Iara quebrou o silêncio:

– Por que algo me diz que não vamos conversar sobre você ou sobre coisas banais? 

– Porque não vamos. – disse.– Quero falar sobre você. Nesse jantar eu concluí que conheço pouco sobre você, quero saber mais. 

– Certo. 

Olhei-a de soslaio para me certificar que ela não tinha ficado chateada ou irritada com isso, no entanto, a mesma permanecia com os olhos firmes na estrada é um sorriso sereno no rosto, dizendo-me que estava tudo bem. O trajeto até sua casa foi silencioso, ela não abriu a boca em nenhum momento e eu também não me senti confortável para fazê-lo, sabe-se lá o porquê. Descemos do carro e ela foi na frente, abrindo a porta para mim e me deixando entrar primeiro. Tirei meus sapatos e coloquei os que estavam próximos do pequeno degrau, esperando que ela fechasse a porta e fizesse o mesmo para assim começarmos a andar.

Eu estava curioso para conhecer sua casa, admito que imaginei algumas vezes, porém, nenhuma das minhas imagens chegou perto. A casa é grande, com corredores grandes e extensos, possui dois andares e a cor predominante aqui é o azul, apesar de ter outras também. Acho que não foi muito barata, uma casa com dois andares,
 e ainda por cima tão grande não costuma ser comprada tão facilmente, ainda mais por uma garota que ainda faz faculdade. 

– Quer beber alguma coisa? – a voz de Iara espantou meus devaneios.

– Não, estou bem. 

Dei mais alguns passos pela sala e pude ver uma janela na parte direita, através dela podia-se ver uma grande piscina, ela realmente gosta de água. Será que seus banheiros têm banheiras grandes, ou até mesmo hidromassagem? 

– Então, quer começar por onde? 

– Hum? 

– Você disse que queria falar sobre mim... Faça sua primeira pergunta. 

Verdade, vim aqui para saber mais sobre ela, não para ficar apreciando a casa e imaginando o que tem nela. A morena se sentou em um dos sofás da sala, me juntei a ela calmamente, ficando próximo o suficiente para segurar sua mão. 

– Na praia, na primeira vez que fomos, você disse que seu pai não pode te dar muita atenção. – olhei no fundo dos seus olhos. – O que quis dizer com isso? 

– Você tem boa memória, Park. – ela respondou-me firme, mantendo seu olhar preso ao meu. – O que acontece é que meus pais sempre foram muito ocupados, quando não estavam trabalhando estavam saindo com os amigos ou ocupados demais para me dar toda a atenção que eu queria. Sempre achei que o problema era eu, que eu não era boa o suficiente, que não sabia coisas o suficiente, pensei que se fizesse coisas impressionantes, coisas que as outras crianças não faziam, eles iriam se orgulhar de mim. Então aprendi muitas coisas, muitas vezes deixei de me divertir para tentar impressioná-los, ou para buscar novas coisas para aprender. – fez uma pequena pausa, dessa vez desviando os olhos para a mesa como se estivesse distante. – Sempre dei o melhor de mim para eles, mas agora sei que deveria ter feito aquilo por mim. Agora eu sei que, independente do que eu fizesse ou aprendesse, não dependia só de mim e sim deles, se os dois iriam ceder um pouquinho do tempo de cada para me apreciar.

Mesmo com ela não olhando para mim, eu não consegui tirar minhas orbes de cima de sua imagem. Seus olhos continuavam distantes, e mesmo me contando coisas tristes, ela não parecia se abalar com aquilo, seu sorriso fraco não saía dalí. Deve ter sido tão difícil para ela ter que passar por tudo isso, tão pequena e já ter que enfrentar esses problemas, muitas crianças passam por esse tipo de coisa é acabam se tornado pessoas rancorosas e frias, mas ela é o contrário, parece que aprendeu com suas experiências e se tornou alguém... Livre. Quantas vezes será que Iara chorou por causa disso? Quantas vezes ela deixou de fazer aquilo que gostava para agradar eles? Quantas vezes ela se sacrificou sendo que eles não mereciam? 

Quantas vezes ela deixou de ser ela mesma? 

– Deve ter sido difícil para você – acaricei a palma de sua mão com meu polegar, assim atraindo sua atenção novamente para mim. – Deixar eles lá depois de tudo. 

– Um pouco. – assentiu, deixando um riso escapar curto. – Mas quando eu me mudei, já sabia bem o que queria e o que estava fazendo, já não fazia mais questão da atenção. Percebi que o melhor para mim era me afastar, para assim cuidar de mim mesma. 

– Mas do mesmo jeitoeiro, deixar seus amigos não fora fácil, né? 

– Eu não tinha muitos amigos, não tinha tempo de fazê-los porque estava completamente obcecada em conseguir alguma coisa de meus pais que não fosse um "parabéns" fajuto. Os poucos que fiz foram embora antes de mim ou eram apenas virtuais, então não sofri muito com isso também. Mas uma amiga minha, a única, está comigo até hoje, foi a única que me fez querer ficar e desistir da mudança, só que ela não deixaria isso acontecer, não deixaria que eu ficasse por sua causa. Conheci ela pela internet, ficamos conversando por três meses até que descobrimos que estávamos na mesma escola. – suspirou, mostrando que sente falta da garota. 

– Você acha que nunca mais a verá? 

– Claro que não! Barbara já veio me visitar diversas vezes e eu também já fui visitá-la, inclusive estamos resolvendo se ela virá esse ano, ou se eu irei para lá. 

Iara sorriu novamente, como sempre faz. Ela realmente é muito forte, enfrentou problemas que nenhuma criança deveria passar, aprendeu a se virar sozinha, combate tudo com um grande sorriso no rosto e, mesmo com todos os dramas de sua vida, ela ainda consegue dizer que é feliz. Não liga para o que falam dela, não liga para o que pensam, é completamente livre. Nunca a vi chorar, mesmo em situações extremas, nunca a vi ficar desequilibrada, ter um ataque raiva, surtar... Aguenta todas as coisas que passa na faculdade de cabeça erguida, um olhar gentil e um sorriso no rosto. Eu a admiro, admiro sua coragem, força e determinação, admiro que seja tão alegre e admiro seu coração mole.

Eu a amo. 

Eu a amo demais, a amo como nunca amei uma mulher, a amo como se ela fosse parte de mim... E de fato é, de alguma forma, ela consegue fazer com que eu me sinta em casa quando estou com ela, independente de onde for, eu sinto que estou aonde deveria estar. Às vezes quero me arriscar por causa dela, fazer coisas que nunca fiz por medo, fazer coisas que fingi não gostar para agradar quem estava ao meu redor. Acho que me apaixonei tão rápido por ela ser diferente, por ela ser ela mesmo Por Iara ser... Bem, por Iara ser Iara. 

– Eu te amo. – pensei alto, mas não me arrependi, queria que ela ouvisse aquilo.

A morena sorriu, baixou a cabeça e sorriu como se estivesse ficado envergonhada com aquela declaração, e ela realmente ficava fofa daquele jeito. Um dia realmente quero vê-la ficar com vergonha, quero ver suas bochechas corarem e ela não conseguir manter seus olhos firmes aos meus e ficar desviando para qualquer canto que eu não esteja. 

Eu te amo. – respodeu em português, só que eu não precisava de uma tradução para entender o que disse.

 Parecia confusa com a confissão inesperada, não me preocupei em explicar, apenas a abracei com força e tomei seus lábios aos meus em um beijo cálido. Minha língua não tardou em se unir a sua, formando uma dança cheia de deleite. Sua mão escorregou pelos meus braços várias vezes, vez ou outra apertando os músculos que eu consegui fazer com muita esforço, depois subiram para meus rosto e acariciaram minhas maçãs com os polegares delicados da garota. Iara de início podia parece uma garota mais reservada, que não demonstra muito seus sentimentos e poucas vezes mostra seu jeito carinhoso. Entretanto, eu a acho bem expressiva, claro que ela não é de ficar o tempo interior em cima de mim me paparicando, mas nunca segurou um "eu te amo", nunca deixou de mostrar que se importa comigo e que faria qualquer coisa para ficar ao meu lado, como daquela vez que afirmou que iria comigo para Busan caso meus pais realmente de mudassem. Ela é uma garota carinhosa, inteligente, independe e sobretudo misteriosa. É intrigante. 

A propósito, acho que não volto para casa hoje


Notas Finais




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