História O "Damo" e A "Vagabunda" - A (Não) Viagem Só Das Garotas - Pt. 1

☪ [Iara Andrade] ☪

Não sei como, talvez por pura sorte, mas conseguimos um quarto no hotel com cinco camas! E não é um daqueles quartos pequenos que você não pode se mover, é um daqueles bem organizados e confortáveis. Pelo o que eu sei, são poucos os hotéis que nos permite esse luxo e, ainda por cima, a maioria já está ocupado nessas horas. Não teremos que dividir o grupo e ninguém ficará sozinho, isso é ótimo!

– Por que fazem quartos com tantas camas? – perguntou Nara, colocando a mala na última cama da esquerda, próxima a parede.

– Pelo o que eu ouvi, há uns três anos eles começaram a receber hóspedes que vinham em grupos grandes, como músicos e algumas caravanas de passeios. – explicou Yoona, colocando sua mala na cama ao lado da de Nara. – Então decidiram fazer quartos que surportassem mais de três pessoas, na verdade, esses quartos são suítes.

– Ah, que demais! Adorei! – exclamou a Jeon, jogando-se na cama escolhida.

Cattleya ficou na cama entre as outras quatros, eu na penúltima da direita e Kim Yong-Sun na última, assim eu poderia conversar com as duas que ainda não se familiarizaram muito com as outras tempestades que conheço há mais um tempinho. De qualquer forma, essa divisão não será importante quando estivermos conversando ou brincando, porque usaremos duas camas próximas para fazer isso, assim ninguém fica excluído.

– São tão confortáveis. – comentou a colombiana se esfregando no colchão da cama como um gato se esfrega em qualquer canto quando quer algo.

– E tão espaçosas. – acrescentei, me jogando na cama no estilo "estrela".

– Aliás, o que os meninos irão fazer? Eles também vão sair, não vão?

– Creio que sim. – respondi a pergunta de Yoona. – Provavelmente irão fazer a mesma coisa que nós, mas não sei se o destino é a praia.

– Imagina que louco encontrar eles aqui. – supôs Nara arrancando risada de todas nós. De fato, seria uma baita de uma coincidência.

– Acho que não, Yoongi queria propor que fossem para a casa de alguém jogar, beber e comer besteiras. Meu irmão é preguiçoso pra caralho!

– Ele é dos meus. – Catt entrou no assunto arrancando mais risos de nós. Eu gosto disso, quando o assunto é pertinente para todas nós.

•❁❁•

– NARA, SAI DAÍ! – gritou Cattleya tentando tirar Nara de suas costas que só ria com o desespero da amiga. Agora todas já parecem amigas de longa data, se familiarizar não foi tão difícil quando eu pensei que fosse.

Em um movimento rápido, Catt conseguiu se desvencilhar do aperto de Nara e a coreana caiu no mar, se afundando por alguns segundos antes de voltar para a superfície. Mas no mesmo instante uma onda nos atingiu e, por ela ainda não ter se estabilizado por completo, voltou a cair.

– AI PORRA! – xingou se debatendo, até Yoona ir lá e agarrá-la pelo pulso. – Obrigada, achei que fosse morrer.

– Exagerada, a água está na sua cintura.

Estávamos quase em círculo, brincando na água, eu não conseguia deixar minhas mãos quietas, ficava balançando elas e assim formando ondulações pequenas no mar. Quanto mais eu entro em contato com ela, mas eu me sinto viva, alegre, energética. Quando estou aqui sinto que esse é o meu lugar de verdade. E com esse pensamento, eu mergulhei.

Senti ela me abraçar, a Água. Me dando agradecendo por voltar e, por mais que meus ouvidos fiquem tampados e meus olhos queimem depois, eu desejo nunca mais sair daqui. Se fosse possível, gostaria de morar nessa imensidão líquida junto com Park Jimin. A água para mim é como uma família, ela é minha mãe, minha irmã, minha melhor amiga, parte de mim... Com ela eu me sinto no paraíso. E o mar é o meu principal lar. Se estou triste, ele me alegra. Se estou cansada, ele me anima. Se estou perdida, é nele que eu me encontro.

E pensando agora, eu me sinto praticamente da mesma maneira quando estou com Jimin, ou quando penso nele. Por incrível que pareça, já não me vejo ao lado de alguém que não seja ele. O loiro me conquistou de uma maneira que ninguém mais poderá conquistar, mesmo que tente, pois Park Jimin conquistou não só o meu corpo como também minha alma.

– Gente, olha! – ouvi um grito e olhei para o lado, vendo Yong-Sun apontar para baixo enquanto subia e descia seus joelhos animadamente, mas com cuidado para não machucar alguma coisa alí. Quando olhei pra onde apontava, percebi que se tratava de vários peixinhos rodeando nossas pernas. Não só a dela, mas a de todas nós.

– Por que eles estão aqui? – perguntou Yoona sorrindo toda boba enquanto unia as mãos próximas ao rosto, admirada com as fofuras.

Eu sorri, um sentimento quente como carinho se apossou de meu peito, fazendo-me olhar para as pequenas criaturinhas com ternura. Eu acenei para meus pés, como se eles pudessem entender, mas posso jurar que nesse momento vários deles bateram em minhas pernas como se me respondessem.

– Vieram ver a irmã deles. – confusas, olhamos em direção a Cattleya. Esta estava admirando-os também, mas parou por um momento e seu olhar veio direto para mim. Então entendi o que ela queria dizer, a colombiana se referia a mim. Curvei meus lábios em um sorrio

– AH! – A Jeon gritou, nos fazendo olhá-la todas alarmadas. – Então eu virei a praia sempre com a Iara só para poder ver essas coisinhas fofas. – completou, arrancando risadas de todas nós.

Me voltei aos animais novamente, balançando um pouco um de meus pés e vendo eles brincarem envolta dele enquanto, às vezes, também batiam o que eu acho que sejam suas barbatanas na minha pele. De todos os lugares que poderíamos escolher para vir, este, de fato, é o melhor.

❇ [Park Jimin] ❇

– Jimin, caralho, você não sabe armar uma barraca, sério mesmo? – reclamou Jeongguk pela centésima vez, tentando entender a confusão que eu fiz com aquele pano amarelo.

– E também não sabe fazer uma fogueira. – informou Taehyung desnecessariamente.

– Mas é só lenha e fogo, não tem segredo! – Yoongi entrou no assunto, agora parecendo indignado com o que meu amigo disso.

– Por que ao invés de ficar aí sentado reclamando, você não levanta e vem ajudar? – exasperei de saco cheio daquilo. Eu ao menos estava tentando fazer alguma coisa! Enquanto o algodão alí só fazia reclama!

– Eu estou ajudando. – olhei para ele com uma cara de "é sério?" – Estou dando apoio moral. Vai lá gente, vocês conseguem!

Soltei o ar irritado e virei os olhos, ouvindo as risadas de todos os outros. Como que só eu estou incomodado com essa folga do mais velho? Eles também deveriam estar! Yoona dias que seu apelido é Suga por causa de sua pele branquinha feito o açúcar, mas eu acho que ficaria bem melhor ele ser chamado de Bicho-Preguiça, já que ela se sobrepõe a todas as suas outras características. Ou melhor, a todos os seus outros defeitos.

Maldita foi a hora em que eu sugeri acampar com eles! Poderia estar agora em casa, jogando vídeo-game! Tenho certeza que as garotas estão se divertindo, jogando vôlei na água e depois vão fazer comprinhas naquelas feirinhas artesanais.

Sorri involuntariamente pensando em Iara andando pelas ruas de pedra enquanto se admirava com os objetos a venda. Provavelmente ela compraria alguma coisa feita de conchas, ou até mesmo um brinco de penas azuis. Ah, que saudade dela... Eu daria qualquer coisa para poder vê-la nesse momento, o sol está forte e ainda são apenas 14:00 da tarde, provavelmente ela está no mar com as meninas.

– Ei, salva-vidas de aquário! Acorda meu bem, ainda temos que montar a barraca. – revirei meus olhos, afastando aquelas doces imagens e atendendo ao pedido do tatuador idiota.

– Salva-vidas de aquário? – repetiu Taehyung entre risadas. – Esse eu não conhecia.

Ô caralho, agora vão ficar me chamando assim pelo resto da viagem? Olhei de relance para Yoongi, esperando algum comentário maldoso sobre a minha altura, entretanto me surpreendi ao ver que ele revirou os olhos. Talvez seja por causa de sua altura também, o Min não é muito mais alto que eu, pode entender o que eu passo ou não querer ser tachado também caso diga alguma coisa.

– Vocês vão ficar enrolando, ou vão fazer essa porcaria logo? – bufou. – Eu quero comer!

Ah, é isso. Ele só pensa em si mesmo.

•❁❁•

– O que vamos fazer agora? – perguntou Jungkook encarando suas pernas estendidas na grama. Finalmente terminamos de montar tudo. As barracas, arrumamos as caixas, os sacos de dormir. Tudo está pronto, agora só falta a gente arranjar alguma distração.

– Eu vou jogar. – disse Taehyung pegando seu celular.

– Aqui não tem sinal, idiota. E nem carregador caso a bateria de seu celular acabe. – respondeu Yoongi impaciente. Estávamos um pouco irritados pela falta de diversão.

– Quem deu a ideia de virmos para cá?!

– Você! – responderam em uníssono, fazendo com que eu fechasse minha boca em um bico no mesmo instante.

– Verdade, né. – lhes mostrei um sorrisinho sem graça, recebendo em troca vários olhares de repreensão.

A idéia de acampar em si não foi ruim, o ruim foi vir sem preparação alguma. Sem pensar no que faríamos enquanto estivéssemos em meio a todo esse mato sem fim. Resultado: estamos os quatro sentado em círculo sem saber o que fazer.

– O que será que as meninas estão fazendo? – Taehyung puxou assunto.

– Provavelmente se divertindo mais que nós. – observou Jungkook, com uma carranca. – Devem estar fazendo uma festa do pijama na pousada, ou em alguma festa.

– Andando na praia a noite. É a cara da Iara. – comentei, lembrando da minha pequena. Seria bem melhor estar com elas.

– Deveríamos ter ido com elas. – disse Yoongi, respirando fundo em seguida.

– Não tinha como. Eu não queria vir com vocês, então pedi para Nara me deixar ir, mas ela disse que iria ser um programa só para garotas. – suspirou Taehyung desapontado.

– Então você iria nos deixar, seu filho da puta! – dei um tapa em seu braço, indignado. Ele reclamou baixinho, massageando a área afetada.

– Qual é, Jimin, entre vocês e a minha garota de biquíni, quem você acha que eu escolheria?

– É, colocando dessa forma...

– Até eu prefiro. – completei a fala de Jungkook.

Yoongi, por ser o solteiro do grupo, nada disse. Todavia eu percebi que ele concordava com a gente pelo modo como olhou o chão pensativo, provavelmente pensando que poderia estar agora beijando uma boca desconhecida. Ou quem sabe uma já conhecida.

– E você, Min Yoongi, não tem ninguém que você queira ver de biquíni em especial?

O mais velho me olhou um pouco assustado, mas logo voltou a sua expressão calma e abaixou sua cabeça. Passou a encarar os pés, pensativo novamente, nem eu e nem os garotos iríamos nos atrever a dizer alguma coisa. Suga parecia estar prestes a falar.

– Sim, tem.

☪ [Iara Andrade] ☪

A noite caiu, eu e as meninas passamos o dia na praia e agora estamos nos arrumando para dar uma volta por aí. Eu coloquei um vestido branco que quase cobria meus pés decorado por rosas azuis oceano, sandália aberta e deixei o cabelo molhado, com um pouco de volume, solto.

Enquanto as meninas terminavam de se arrumar, eu avisei que as esperaria já na calçada e peguei o elevador, indo até o local. Chegando lá fora, a brisa calma bateu em meu rosto e fez meus cabelos balançarem, mas eu não me importei, apenas fechei meus olhos e senti o cheiro da água salgada invadir minhas narinas. Cheiro do mar. Lembrei de todos os momentos deste dia em que passei na água, dando uma atenção especial ao momento que senti os peixinhos brincarem com meus pés. Peguei meu celular na pequena bolsa que carregava e fui para a galeria, procurando a foto que tirei para registrar aquele momento único. Sorri, vendo meus pés cobertos pela água cristalina e um pouco de espuma por causa da onda que se desfez neles, mas mesmo assim eu pude ver os peixinhos brincando naquele lugar.

Enviei a foto para Jimin, ele não recebeu de imediato e nem nos minutos seguintes, fazendo-me perguntar a mim mesma em que lugar ele estaria. É difícil achar um local sem sinal, ou sem Wi-Fi em Seoul... Além dos mais, Park não me avisou para aonde iria com os meninos.

Onde ele está?

❇ [Park Jimin] ❇

Resolvemos que o melhor seria ir embora, a única coisa que tínhamos era comida, de resto, não iríamos ter nada para fazer a madrugada inteira. Eu e os meninos, quero dizer Kim Taehyung e Jeongguk, porque Min Yoongi tratou de se enfiar no carro e nos deixar alí cuidando de tudo, arrumamos as barracas e o restante das coisas. Quando estávamos prestes a ir em direção ao Jipe de Jungkook, Yoongi saí de lá com uma cara nada boa, provavelmente pronto para gritar conosco e dizer que estávamos demorando e blá blá blá.

– Gente, temos um problema. – ele disse, surpreendendo a todos nós.

– O que? – V indagou o que todos nós queríamos perguntar.

– O carro está sem gasolina.

Neste momento eu e Jeongguk deixamos todas as coisas que estavam em nossas mãos caírem ao chão. Eu senti meu coração parar por um instante e depois voltar com força total, puta que pariu, estamos presos aqui!

– E qual é o problema?

Todos nós olhamos incrédulos para Taehyung, este parecia bem calmo e ainda mantinha todas as bolsas em suas mãos. Ele está brincando com a nossa cara, ou isso é mesmo sério?

– Não temos gasolina, pangaré!

– E ó que isso tem a ver? – bati em minha testa, tentando entender como alguém pode ser tão lerdo assim.

– Como o carro vai andar sem gasolina? – ironizou Jungkook.

– Mas não tem nem um pouquinho?

– NÃO! – gritamos os três juntos em uníssono, fazendo o garoto de sorriso quadrado se assustar junto com algumas pássaros que saíram dos galhos onde estavam. Bem aquela cena assustadora de filme de terror quando o assassino entra na floresta.

Finalmente a ficha de Taehyung pareceu cair, pois ele soltou todas as coisas que estava em suas mãos e segurou sua cabeça com estas, apertando seus cabelos escuros. Eu suspirei e abaixei a cabeça, tentando achar alguma saída, até que uma idéia muito obvia surgiu em minha mente e eu soltei um ruído de exclamação.

Se estivéssemos em um desenho, eu estaria com uma lâmpada acesa na cabeça.

– Vou ligar para Iara! – disse entusiasmado, enfiando minha mão no bolso da bermuda e catando meu celular no bolso.

Todos me olharam entediados, como se eu fosse o Kim Taehyung da vez. Confuso, eu deixei um ponto de interrogação aparecer na minha testa junto com meus ombros que se encolheram em dúvida.

– O que foi, gente? Ela tem um carro! – falei tentando ver se a ficha deles caíam, mas ao invés disso, só ficaram ainda mais incrédulos. Até V parecia me xingar de burro internamente.

– E como você vai ligar pra ela, paspalho? – Yoongi perguntou impaciente, fechando seus olhos e massageando as têmporas.

– Com o celular, ué. – respondi como se fosse óbvio. Como se fosse não, era óbvio!

– E com que sinal, idiota?! – esbravejou Jungkook me fazendo recuar por causa de seu tom severo.

Minha animação despencou, meus ombros desceram e minha postura tomou um ar deprimente. Estávamos alí, sozinhos, abandonados e ainda sem gasolina. Só poderia ficar pior se não tivéssemos comida também, mas isso é um tanto quanto impossível de acontecer porque Yoongi é animal esfomeado que come por uma família inteira de ursos que acabaram de acordar da hibernação, ou seja, trouxemos comidas até no capô do carro.

– Eu tive uma idéia! – exclamou Taehyung e eu na hora comecei a temer pela minha vida.

☸ [Cattleya Rosário] ☸

Estávamos andando pela feirinha artesal que ficava a poucos metros de nosso hotel. Duas coisas que você não pode deixar de fazer quando vem a praia:

1. Entrar no mar, nem que seja ao menos para molhar os pés, caso você tenha medo de água ou qualquer coisa do tipo.

2. Ir em uma feirinha artesanal. Você sempre vai achar alguma coisinha, por mais que seja pequena, que você queira para usar em si mesma ou enfeitar sua casa.

E Kim Yong-Sun parecia ter achado a sua. A garota estava parada, em frente a uma barraca de uma senhora que parecia estar em seus 60 anos, olhando um colar feito a mão a base de corda e um pingente consideravelmente grande de um sol pendurado por um feixe comprado. As meninas estavam ao nosso redor, Nara olhando uma barraca de chaveiros feitos a mão e Iara e Yoona olhando uma barraca de bijuterias de uma moça que não aparentava ter mais que 25.

– Você gostou? – indaguei, aproximando-me sorrateiramente dela e parando ao seu lado. A garota ergueu sua cabeça e me olhou por poucos segundos, assentindo positivamente. Yong-Sun é baixa, ela bate exatamente no meu ombro, o que me dá a vontade de protegê-la. Seus cabelos são castanhos escuros, lisos, porém ondulados nas pontas com perfeita harmonia entre os dois estilos. Mas o que eu mais gostei nela são os seus lábios... Eles são de uma cor natural, não muito escuros e nem muito claros, mas quando ela os umedece, ganham uma cor rosada diferente de todas as outras que já vi. Eu às vezes penso que seria bom provar desses lábios.

Parei de pensar no quanto ela é bonita no exato momento em que a vi perguntar o preço do colar que tanto admirava e sacar as notas de sua bolsa pequena. Coloquei minha mão por cima da sua impedindo que ela desse as notas para a senhora, mesmo confusa, ela obedeceu, deixando sua mão parada enquanto esperava uma resposta. Ao invés de deixá-la pagar, eu mesma tirei a quantia necessária do bolso do meu short e entreguei a senhora, que mostrou uma clara expressão de alívio ao ver que receberia seu dinheiro.

Sun tentou reclamar, mas eu apenas ri e dei de ombros, erguendo o colar em minhas mãos e colocando nela com uma delicadeza quase desnecessária. A menina sorriu, abaixando sua cabeça levemente para poder ver o pingente estampado em seu busto de pele clara. Meus lábios se curvaram para cima involuntariamente e eu me peguei a admirando com satisfação, como se o sorriso dela me trouxesse a imensa vontade de sorrir

Percebendo meu olhar de doçura sobre si, Yong levantou seu rosto e seus olhos da cor de mel se encontraram com os meus. Eu me perdi naquelas orbes tão bonitas, que pareciam brilhar ainda mais quando se chocavam contra as minhas. Me perdi em seu olhar, assim como também iria me perder em seus lábios se não me lembrasse que estou indo em um caminho muito perigoso para mim. Yong, pelo o que Iara me contou, tem um namorado... E eles não parecem ser um tipo daqueles namorados que só estão juntos por estar.

Afastei aqueles pensamentos perturbadores, mas quase voltei a cair na tentação quando percebi que a pequena puxou seu lábio inferior para dentro de sua boca ao descer seus luzeiros para a minha. Saí do transe, provavelmente ela fez aquilo porque é uma mania que tem, não posso ficar criando falsas esperanças em cima de algo que jamais irá acontecer.

– Jimin? O que foi? – a voz preocupada de Iara chamou nossa atenção, então nós duas quebramos aquele contato constrangedor e olhamos diretamente para nossa amiga brasileira. – Amor? O que foi? Eu não consigo te ouvir, seu sinal deve estar ruim demais!

A morena parecia ficar cada vez mais preocupada, chegou a afastar o celular do rosto para verificar se seu namorado ainda estava na linha, pelo menos. Depois que voltou a aproximar o telefone de seu ouvido, sua expressão se tranqüilizou e ela assentiu vagamente enquanto dizia alguns "tudo bem, okay, eu vou". Após encerrar a chamada, Iara olhou por alguns segundos cada um de nós e suspirou, guardando o telefone na bolsa.

– Meninas, Jimin e os garotos foram acampar em uma floresta, parece que conseguiram achar a estrada, mas o carro ficou sem gasolina.

– E agora? – indagou Nara visivelmente preocupada.

– Eu vou buscá-los.

– Mas e o carro deles?

– Vou comprar um galão de gasolina e levar para reabastecer. – suspirou, massageando as têmporas. – Fiquem aqui, vou trazê-los para cá. Acho que, no fim, nosso fim de semana só das garotas vai ter que ser marcado para outra semana.

Rimos de seu comentário mas sabíamos que, apesar de dizer aquilo, não estava chateada ou brava por causa do que aconteceu.

– Vamos reservar mais um quarto na pousada. – avisou Yoona.

– Certo, tudo bem, eu estou indo.

Dito isso, Iara seguiu pela trilha de pedras que guiava todo o caminho por dentro da feira e foi para a calçada, logo sumindo de nossas vistas. Com aquela deixa, eu e as três garotas que sobraram seguimos na direção contrária a que Iara foi, pois teríamos que correr para ver se ainda havia quartos vagos com mais de três camas.