História Os Iguais Também Se Atraem (Hiatus) - Capítulo 5

Maio 2017 — 03:23 PM

Campus

Assim que pisei para fora do prédio da fraternidade, pude ver meu amigo, Jackson Wang, sentado no gramado do campus com os braços sobre os joelhos é uma feição pensativa olhando o nada a sua frente. Conhecendo-o como conheço, tenho certeza que algo está o atormentado, já que Jackson só fica pensativo quando alguma coisa realmente lhe faz questionar as razões da vida. Caso contrário, ele dá de ombros e deixa que tudo se resolva sozinho.

– O que foi agora? – perguntei quando me aproximei dele, que nem ao menos se mexeu.

– Eu acho que estou sendo trocado. – falou ainda de cenho franzido e com as orbes voltadas para frente.

– Como assim?

– É a Jennie, ela está diferente. – uniu ainda mais as sobrancelhas. – Você sabe que ela é louca por mim, certo? Sempre que eu preciso ela está alí, só que hoje mais cedo ela me ignorou por completo!

Ri alto com sua lámuria, recebendo em troca um olhar irritadiço do loiro sentando no gramado. Wang está certo em falar que Kim Jennie é louca por ele, se eu bem me lembro, ela ficava com ele em todas as festas e oportunidades que tinha, não desperdiçava uma. Só que... Ninguém pode afirmar que ela é louca só por ele.

– E se ela só estivesse ocupada? – tentei.

– Você sabe que Jennie para o que estiver fazendo para ficar comigo. – falou convencido, todavia, percebi que já não afirmava aquilo com tanta convicção.

– Talvez, Jackson, ela possa estar se cansando de você.

– Como assim?! – Jackson se alarmou com a minha hipótese, agora olhando para mim com um brilho de desespero vagando pelos luzeiros.

De fato, já vi Jennie com outros caras várias vezes, digamos que ela é também tem um pouco de Jay Park dentro de si. No entanto, nenhum deles se compara a Jackson Wang para ela, já presenciei várias vezes suas declarações para meu amigo. Seria mentira dizer que Jackson a rejeitou, ele não a responde no nível, mas isso não quer dizer que é uma rejeição. Infelizmente, Jackson Wang é mais como eu, não gosta muito de se aventurar em coisas sérias e prefere a boa e velha relação sem sentimentos amorosos. Só que eu acho que isso pode mudar com Kim Jennie, pois mesmo não admitindo, sei que ele olha para ela de um jeito diferente... A relação dos dois é diferente do que a que ele tem com outras garotas e a que ela tem com outros garotos. Creio que ela seja a "Iara" dele.

– Ah, você sabe, acho que Jennie está cansando de essa coisa sem futuro, talvez ela queira algo sério... Só que ela sabe que você não quer isso. Ou ela só está cansada de vocês. – completei com um baque daqueles, segurando a imensa vontade de rir quando o rapaz se levantou em um pulo e puxou os cabelos em pânico.

– Cansando de mim? Por quê?

– Ah, sei lá. Você sabe que mesmo não parecendo, ela é sentimental às vezes. – dei de ombros, como se estivesse dizendo tudo aquilo aleatoriamente. – E outra, ontem a noite eu vi ela com o Sehun e eles não estavam conversando... Entende?

Nesse momento, Jackson arregalou tanto seus olhos que nem parecia mais um chinês. Suas mãos apertaram ainda mais seus cabelos loiros, o que me fez pensar se estaria doendo.

– Você sabe que ele é diferente da gente e tals. – para fechar com chave de ouro, segurei no ombro de meu amigo e o apertei levemente. – Bem, eu tenho que ir. Relaxa cara, uma a menos na sua lista não faz diferença.

Dito isso, eu deixei o chinês sozinho naquele local questionando a si mesmo se estaria ou não sendo trocado. Acho que minhas palavras o atingiram, dado o seu desespero cada vez que eu impulsionava ainda mais a ideia de Jennie estar cansando. Fiz uma boa ação, não é? Ela está me ajudando com Iara e eu vou ajudá-la com Jackson, mesmo ela não precisando disso... Todo mundo sabe que uma hora ou outra os dois iriam mudar os status, eu apenas adiantei um pouco.

Kim Jennie

Maio 2017 — 10:26 AM

Refeitório.

Estou com meu celular em mãos pensando no que fazer, já dei o primeiro passo, agora falta aproximar ainda mais os dois. Estou me referindo a Jay e Iara, agora que o garoto assumiu ter sentimentos pela garota, preciso fazer os dois se revelarem um para o outro. Talvez um encontro romântico, mas como? Eu quero ser o cérebro da operação, uma hora vou ter que deixar eles se virarem sozinhos, mas até lá, eu quero comandar.

– Jennie. – Wang sentou-se ao meu lado no banco, logo colocando sua mão em minha perna. Eu não olhei e nem fiz questão de tirá-la de lá, apenas continuei com os olhos fixos no celular pensando por onde começar. – Ei, você está ouvindo?

A voz dele está... Distante. Sabe quando você está completamente concentrado em algo e não escuta nada? Ou até que escuta, mas tão baixo que você nem faz questão de interromper a linha do raciocínio? Pois é, estou assim. Eu sou louca por ele? Sim, gosto muito mesmo, só que quando estou focada em algo não permito distrações. Por mais pequena que seja.

Não que Jackson seja uma distração pequena, ele é grande, uma grande distração.

– Jennie! Jennie! Por que está me ignorando? Pode me responder... – ele ficou insistindo, insistindo e insistindo. Começou a ser incômodo de verdade, então virei meu rosto para ele e pude ver seus olhos me olharam com confusão.

– Jackson, eu estou ocupada agora, de verdade. Depois a gente se fala.

Não esperei uma resposta, apenas voltei a ficar focada no celular. Acabei por ter uma idéia naquele exato momento, então comecei a colocá-la em prática com um daqueles sorriso de "eu vou aprontar". Nem percebi quando ele saiu do meu lado, apenas senti o vazio e não me distraí cm aquilo, eu preciso que tudo dê certo.

Jackson Wang

Maio 2017 – 07:34 PM

Campus

Como sempre, a festa da fraternidade não poderia estar mais lotada e mais divertida. A única coisa que estranhei é o fato de Jennie estar a poucos metros de mim quando, na verdade, deveria estar conversando com Park Jaebum. O rapaz me contou que ela o mandou uma mensagem dizendo que precisava conversar, provavelmente mais um empurrãozinho para juntar ele com Iara de uma vez. Parece que marcou um jantar com ele ou coisa assim.

O que tem de estranho é que, segundo ele, os dois deveriam estar no restaurante há uns trinta minutos. Ele não está na festa, nem deu as caras por aqui, então por que ela não está com ele?

Me aproximo da garota, observando bem seu sorriso se alargar enquanto ria de alguma coisa que suas amigas falam. Eu amo esse sorriso, realmente amo muito. Ele é brilhante, verdadeiro e ofuscante... Só a vejo dar esse sorriso quando está comigo ou com pessoas que gosta muito. Eu queria ver esse sorriso hoje de manhã, não estava me sentindo muito bem e ele sempre melhora o meu dia... Só que fui brutalmente ignorado. O que aquele celular tinha de tão especial?

– Você não tinha um jantar com Jay Park? – indaguei quando cheguei na mesma, fazendo-a levar sua atenção totalmente para mim.

– Não, ele e Iara que estão jantando agora.

– Então era tudo um plano? Desde de manhã?

– Sim. – respondeu dando de ombros e olhando por cima do meu ombro, evitando meu olhar.

"Ela está se cansando de você."

A voz do meu amigo ecoou pela minha cabeça, fazendo um súbito arrepio correr por todo meu corpo. Pensar que eu estou "perdendo" algo que nunca tive é assustador. Quer dizer, não tive por completo.

– Você quer tomar alguma coisa? – perguntei, tentando manter uma conversa com ela e puxá-lo de volta para o meu lado.

– Meu copo não está vazio. – balançou o recipiente com o líquido pela metade.

Mano... Isso foi um fora? Espera, Kim Jennie me deu mesmo um fora, ou eu só estou sendo precipitado demais? Quando estava prestes a convidá-la para dançar, Mark Tuan apareceu ao meu lado, não sei de onde ele surgiu, só sei que olhou para Jennie e sorriu de canto.

– Jennie, quer beber alguma coisa?

A mesma coisa que eu perguntei, coitado...

– Ah, pode ser. Já terminei o meu mesmo. – a menina virou seu copo na boca, fazendo todo o líquido alí presente descer pela sua garganta e deixar o copo vazio.

Meu Deus... Eu levei mesmo um fora?! Não, espera, ela não fez isso de propósito para poder beber com ele, né? Espero que não. Meu Deus, estou entrando em pânico!

– Jennie... – segurei seu pulso quando ela estava prestes a levantar.

– Hum? – olhou-me.

– Podemos conversar?

Estava ansioso para saber sua resposta, pergunto-me se irei levar outro fora, ou ela fará Mark esperar por minha causa?

– Hum, sim. – senti um alívio me preencher na hora, já passando pelos amontoados de pessoas assim que ela se levantou.

Ao sairmos do galpão, o frio da noite bateu em nós dois e eu percebi como aquele lugar era quente e abafado, ainda mais quando trocentas pessoas estavam dançando e se esfregando umas nas outras. Eu e ela deveríamos estar lá também, se esfregando e depois eu a levaria para o quarto e a faria minha, no dia seguinte Jennie iria embora de manhã, mas eu pediria para que ela ficasse por mais um tempo abraçada comigo e teríamos o segundo round.

Quero que isso volte a acontecer, se possível, para sempre.

– Eu fiz alguma merda? – perguntei, assim que percebi que estava em silêncio por muito tempo e ela já parecia estar ficando cansada.

– Não que eu saiba. – respondeu, olhando para o lado como se pensasse sobre aquilo.

– Você está irritada comigo? Chateada, magoada, decepcionada ou sei lá?

– Eu deveria estar? – suas orbes escuras voltaram-se para mim novamente. Ela não expressava ironia, ou sei lá, raiva, mas aquele contato tão direto me fez engolir em seco.

– Eu não sei, você me ignorou de manhã...

– Quando? – franziu o cenho. Kim não se lembra mesmo?

– Quando eu fui falar com você no refeitório, você estava tão entretida no celular que pareceu esquecer da minha existência. E agora lá dentro você disse que não queria beber comigo porque seu corpo ainda estava na metade, mas virou toda a bebida quando Mark te chamou.

Ela abriu a boca, mostrando que havia entendido, no entanto, não soltou um som sequer. Só um pequeno suspiro depois de desviar seus olhos para o chão e voltá-los para mim nos instante seguintes.

– De manhã eu estava ocupada, resolvendo uns assuntos aí, sabe? Quero ajudar Jay e Iara a ficarem juntos de uma vez. – disse olhando-me com um sorriso sonhador, provavelmente estava imaginado os dois juntos no encontro armado.

– E o lance do Mark?

Seu sorriso se desfez, quer dizer, não deixou de ser um sorriso, mas agora ficou mais tímido que sonhador.

– Tá, isso foi mancada. Mas eu não estava tentando te ferir, ou alguma coisa, foi meio que... No automático.

Sua explicação não era lá uma das melhores, estava maid para uma desculpa esfarrapada, todavia eu decidi relevar por causa de seu sorriso alegre. Acho que agora tudo está bem... Ou ficando, pelo menos.

– Vai voltar lá para dentro comigo? – indaguei.

– É, vou.

Sua mão segurou a minha, no começo, eu achava aquilo estranho e tentava me separar a todo custo, mas com o tempo eu fui me acostumando e agora, nesse exato momento, eu quero que ela fique assim comigo pelo resto da a noite. Tanto que entrelacei nossos dedos.

Assim que entramos, Mark já estava olhando para a porta esperando por ela, mas assim que a viu de mãos dadas comigo revirou seus olhos e bufou para cima, dando as costas e sumindo entre a multidão. Sorri satisfeito, pelo menos ele não veio me enfrentar, porque sabe que não tenho medo de lutar pela minha garotinha.

Iara Andrade

Maio 2017 – 07:02 PM

Um restaurante qualquer

Assim que entrei no estabelecimento, varri meus olhos pelo local a procura de Jennie. Estranhei, ela não estava lá e, dada a urgência que​ usou ao mandar aquelas mensagens, não deveria se atrasar. Mesmo que seja apenas dois minutos.

Dei de ombros e entrei no local para arrumar uma mesa para nós, entretanto, vi que Park Jaebum estava alí encarando um vaso de flores ao seu lado. Quais são as chances de Jay Park estar no mesmo lugar que eu, em um restaurante afastado da faculdade, depois de Jennie ter marcado um encontro comigo aqui? Exatamente, são mínimas.

Ela armou para nós, provavelmente.

Me aproximei dele, parando na cadeira a sua frente e vislumbrando sua expressão de surpresa ao me ver.

– O que você faz aqui? – pergunte, mesmo que no fundo já soubesse a resposta.

– Jennie marcou de me encontrar aqui, ela queria conversar sobre uma coisa. – respondeu, desviando seu olhar para porta e depois voltando-o para mim novamente. – E você?

– A mesma coisa.

– Ela mandou você vir aqui também? – assenti e ele encarou a mesa, parecendo ligar os pontinhos. – Ela armou pra gente!

– Eu sabia.

– Sabia?

– Descobri assim que te vi aqui. – ele sorriu, portanto eu me sentei na cadeira em que estava a minha frente e coloquei meus cotovelos sobre a mesa. – Ela não desiste mesmo dessa idéia de casal...

– Ela está certa.

– Hã? – olhei para ele confusa.

– Eu não quero que ela desista.

Opa, opa, opa. Isso foi muito direto! Engoli em seco, tentando disfarçar que suas palavras me deixaram um tanto quanto atordoada. Ele está dizendo que gosta da idéia de sermos um casal, é isso?

– Hm, também não quero. – falei em um tom baixo como se fosse um segredo, porém, ele escutou e sorriu alegre em resposta.

Abaixei minha cabeça, encarando a mesa que me parecia tão interessante naquele momento. Um garçom apareceu, anotou nossos pedidos e saiu logo em seguida.

– Acho que não é comum comer Hambúrguer no primeiro encontro. – comentou, apoiando seu cotovelo na mesa e o queixo na mão. Park não ficou tão próximo, mas eu senti a imensa vontade de me debruçar sobre a mesa para poder beijar aqueles lábios que eu tanto desejo.

– Tecnicamente, este não é um encontro de verdade, e acho que já temos tamanha intimidade para fazer isso. – ri fraco, observando sua expressão divertida. – Eu poderia listar todos os momentos constrangedores que estivemos juntos.

Isto é verdade. Pela nossa aproximação repentina que nos gerou uma amizade bem forte, nós dois já presenciamos momentos íntimos demais, aqueles momentos que você só não sente vergonha quando está com um amigo bem próximo.

– É, na verdade, já tivemos vários encontros. – comentou, chamando minha atenção para o assunto. – Quando te levei ao galpão, no seu aniversário...

Assenti, concordando.

– Aliás, falando no galpão, eu quero voltar lá! Estou sentindo saudades.

– Vamos juntos.

Essa palavra, o "juntos", passou a ter um outro significa e uma outra intensidade para mim. Antes, quando ele dizia essa palavra, eu na hora ligava a amizade, que iríamos juntos comigo amigos. Todavia não é mais assim, sempre que ele diz ela, ou palavras parecidas, eu as associo a algo mais romântico, algo mais profundo.

Algo como um amor. Um namoro.

É assustador às vezes, mas reconfortante. Antes eu só me via como sua amiga, até com as insistências de Jennie, e os flertes que ele dava comigo, eu não conseguia pensar em outra forma de ver a nossa relação. Entretanto isso está mudando cada vez mais a medida que as coisas estão acontecendo entre nós. Meu coração bate forte, minha boca se curva em um sorriso sem a minha permissão... Eu nos vejo trocando beijos apaixonados quando escuto essas palavras.

– Na boa, você ainda vai ser minha namorada.