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História Radioactive - Meeting at Home


Escrita por: YourEmpress

Notas do Autor


OLÁ, PESSOAS! TUDO BOM? Voltei no espaço de uma semana e-e
Dessa vez eu não me atrasei, viram!
Quero agradecer pelos novos favoritos e também pelos comentários. Amo vocês, é serio. Escrever se tornou uma distração para mim. Também me faz amar uma pessoa a mais, a Elena. Eu sei que ela não existe, mas eu a amo mesmo assim e irei protegê-la.
OBRIGADA PELAS 10.000 visualizações!!!!!
esse capítulo está deveras grande, mas tem partes bastante importantes e-e
Se puder, comente! Não seja um(a) leitor(a) fantasma. Seu comentário faz muita diferença, sim!
Enfim
boa leitura xx

Capítulo 31 - Meeting at Home


Um belo casarão se destacava na escuridão ao final do caminho estreito. Era estranho descrever e estar em frente à casa de meu pai. Nós quatro tínhamos voltado de fazer uma visita ao Beco Diagonal por baixo da capa que eu tinha transformado. Ainda me assustava como que aquilo funcionava.

O hall de entrada era grande, pouco iluminado, e suntuosamente decorado com um magnífico carpete cobrindo a maior parte do chão de pedra. Os olhos dos retratos nas paredes seguiram-nos assim que passamos. Paramos em uma pesada porta de madeira que levava à próxima sala, hesitamos pelo tempo de um pulsar de nossos corações, até que eu girei a maçaneta de bronze.

Agradeci baixinho a Merlin por não termos chegados atrasados. A sala de estar estava com poucas pessoas, todas em silêncio e sentadas em uma grande e ornamentada mesa. Os móveis costumeiros da sala foram empurrados bruscamente em direção às paredes. A iluminação vinha de uma fogueira estalante acesa em uma bela lareira de mármore cercada de um espelho banhado a ouro. Dinheiro não era o que faltava para os Henckmann.

Ficamos parados em um lugar qualquer da sala. Louis nos observava, mas não teria motivos depois para falar outro monólogo dele, também conhecido como sermão. Depois de alguns segundos, tomamos consciência do detalhe mais estranho da cena: uma figura humana aparentemente inconsciente, estava pendurada de cabeça para baixo acima da mesa, girando vagarosamente como se estivesse suspensa por uma corda invisível, refletida no espelho e na superfície polida da mesa abaixo. Nenhuma das pessoas próximas a nós, ou a essa situação singular estavam olhando para ela, exceto Draco, o jovem pálido sentado praticamente abaixo dela. Ele parecia incapaz de evitar de olhar para cima de minuto em minuto. Apertei a sua mão de leve, para mostrar a ele que eu estava ali, e não tinha aparentemente nada a temer.

Olhei para onde viemos. Snape e Yaxley se demoraram um momento na entrada. Estavam bem atrasados, mas creio que a diversão não começaria se antes estar presente o meu antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas e de Poções.

—Yaxley, Snape. —falou uma voz aguda e clara da cabeceira da mesa. —Vocês estão muito, quase atrasados.

O interlocutor estava sentado diretamente à frente da lareira, de maneira que era difícil, a princípio, aos recém-chegados distinguir mais que sua silhueta. Sua face brilhou através da penumbra, careca, um rosto ofídico, com rasgos estreitos no lugar de narinas e olhos vermelhos e brilhante cujas pupilas eram verticais. Ele era tão pálido que parecia emitir um brilho perolado. Se eu não soubesse como era Tom Riddle antes de virar o Lorde das Trevas, não saberia o quanto ele tinha mudado. Voldemort, quando novo, era belo. Todos pagamos um preço quando usamos a Arte das Trevas, e ele pagou muito.

—Severus, aqui —disse Voldemort, indicando o assento imediatamente à sua direita. —Yaxley, ao lado de Dolohov.

Os dois homens tomaram seus lugares definidos. A maioria dos olhares na mesa seguiam Snape, e foi com ele que Voldemort falou primeiramente.

—E então?

—Meu Lorde, a Ordem da Fênix pretende tirar Harry Potter de seu atual lugar de segurança no Sábado, ao anoitecer.

O interesse ao redor da mesa mudou perceptivelmente. Alguns enrijeceram, outros ficaram inquietos, todos olhando para Snape e Voldemort.

—Sábado...ao anoitecer —repetiu Voldemort. Seus olhos vermelhos fitando os pretos de Snape com tanta intensidade que alguns dos observadores desviaram o olhar, receosos que eles mesmos seriam atingidos pela ferocidade do olhar. Não tinha tanto medo assim, mesmo que eu não duvidasse que o Lorde não hesitaria em me matar se eu cometesse um erro. Snape, no entanto, olhava calmamente ao rosto de Voldemort, e após alguns momentos, a boca sem lábios de Voldemort se curvou no que parecia ser um sorriso.

—Bom, muito bom. E essa informação vem de...

—...da fonte sobre a qual discutimos – disse Snape.

—Meu Lorde.

Yaxley se curvou para frente para olhar para Voldemort e Snape. Todos os rostos se viraram para ele.

—Meu Lorde, eu ouvi outra coisa.

Yaxley esperou, mas Voldemort não falou, então ele continuou.

—Dawlish, o Auror, deixou escapar que Potter não vai ser mudado de lugar até o dia 13, a que precede o aniversário de 17 anos dele.

Snape estava sorrindo.

—Minha fonte me disse que há planos de dar um alarme falso; esse deve ser o referido. Não há dúvida que um Feitiço Confundus foi posto em Dawlish. Não seria a primeira vez, ele é conhecido por ser suscetível a tais artifícios.

Me espanta o fato de ainda confiarem em Snape. Harry deve ter contado sobre a morte de Dumbledore, e por que ainda confiam que Snape não vai os dedurar? Ele é um agente duplo, porém parece mais ao lado dos Comensais do que o da Ordem.

—Eu posso lhe assegurar, meu Lorde, que Dawlish parecia estar muito certo do que disse —disse Yaxley.

—Se ele está sob feitiço, obviamente ele vai parecer confiante —disse Snape.

—Eu lhe garanto, Yaxley, que o escritório dos Aurores não vai desempenhar papel na proteção de Harry Potter. A Ordem acredita que nós estamos infiltrados no Ministério.

—A Ordem supõe uma coisa corretamente então, né? —disse um homem baixo e gordo sentado não muito distante de Yaxley, ele deu uma risadinha forçada que ecoou aqui e ali por toda a mesa.

Olhei de rabo de olho para Nathaniel. Parecia estar pensando em algo. É claro que ele não falaria. Não tem voz aqui, e acho que ele não iria ajudar os Comensais facilmente assim. Pelo juramento que fizemos a nossa mãe, nos manteremos ao lado da Ordem.

Voldemort não riu. Seu olhar havia se detido acima, em direção ao corpo que girava vagarosamente, e ele parecia perdido em pensamentos.

—Meu Lorde, —Yaxley continuou —Dawlish acredita que um esquadrão inteiro de aurores vai ser usado para transferir o garoto...

Voldemort levantou uma grande mão branca, e Yaxley parou de uma vez, olhando amargamente à medida que Voldemort se virou para Snape.

—Onde eles vão esconder o garoto em seguida?

Lorde das Trevas sabe identificar informações equivocadas. Além disso, ele confia no Snape. Um calafrio passou pelo meu corpo, e o pressentimento que em breve os serviços de Severus para Voldemort estão cada vez sessando. Quando Voldemort não precisar dele mais, vai simplesmente...jogá-lo fora.

Tolice. Jogá-lo fora! Voldemort irá mata-lo. Não precisamos de eufemismo para isso.

—Na casa de um dos participantes da Ordem —disse Snape. –O lugar, de acordo com a fonte, recebeu toda proteção que a Ordem junto com o Ministério pode dar. Eu acredito que a chance de o pegarmos assim que ele estiver lá é pequena, meu Lorde, a não ser que o Ministério, é claro, tenha sido derrotado antes do próximo sábado, o que talvez nos daria oportunidade de descobrir e desfazer encantamentos suficientes para passar pelos restantes.

Acho que alguém com o sobrenome Yaxley foi derrotado. Sorri para Snape.

—Bom, Yaxley? —Voldemort o chamou através da mesa, a luz do fogo refulgindo estranhamente em seus olhos vermelhos. —O Ministério será derrotado até o próximo sábado?

Mais fácil Draco Malfoy deixar de ser narcisista, mas devemos ser otimistas, não?

Mais uma vez, todas as cabeças giraram. Yaxley ajeitou seus ombros. Dei uma risadinha por causa do desconforto que o Comensal estava sentindo.

—Meu Lorde, eu tenho boas notícias em relação a isso. Eu consegui, com grande dificuldade, e depois de muito esforço, lançar uma maldição Imperius em Pius Thicknesse.

Muitos dos que estavam próximos de Yaxley pareceram impressionados; seu vizinho, Dolohov, um homem de cara triste e torta, deu-lhe um tapinha nas costas.

GRANDE COISA — quis gritar.

Revirei os olhos. O meu gesto não passou despercebido por Draco, que apertou minha mão por baixo da mesa. Bufei e olhei para ele séria.

—É um começo —disse Voldemort —, mas Thicknesse é apenas um homem, Scrimgeour precisa estar cercado por gente nossa para eu agir. Um atentado malsucedido à vida do ministro me causará um enorme atraso.

Seria triste se isso acontecesse, não?

—É verdade, Milorde, mas o senhor sabe que, na função de chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, Thicknesse tem contato frequente não só com o próprio ministro como também com os chefes dos outros departamentos do Ministério. Acho que será mais fácil dominar os demais, agora que temos um funcionário graduado sob controle, e então todos podemos trabalhar juntos para derrubar Scrimgeour.

Me pergunto se todos os presentes, exceto eu, caíram na Sonserina. Parte deve ter caído pois pediu para o chapéu para cair nessa casa, e os outros por terem características da Sonserina. Contudo, não admiraria se eu encontrasse alguém da Corvinal, como eu. Duvido que aceitassem alguém da Lufa-Lufa. E duvido que alguém da Grifinória, além de Pettigrew, iria entrar. Grifinórios, muitas vezes, fazem o correto, e ser Comensal da Morte não é a coisa mais correta a ser. 

—Estamos em posição vantajosa, Milorde —disse Yaxley. —Já plantamos várias pessoas no Departamento de Transportes Mágicos. Se Potter aparatar ou usar a Rede de Flu, saberemos imediatamente.

—Ele não fará nenhum dos dois —disse Snape. — Ordem está evitando qualquer forma de transporte controlada ou regulada pelo Ministério, desconfiam de tudo que esteja ligado àquele lugar.

—Tanto melhor —disse Voldemort. –Ele terá que se deslocar em campo aberto. Será muitíssimo mais fácil apanhá-lo.

Mais uma vez Voldemort ergueu o olhar para o corpo que girava vagarosamente, então prosseguiu:

—Cuidarei do garoto pessoalmente. Cometeram-se erros demais com relação a Harry Potter. Alguns foram meus. Que Potter ainda viva deve-se mais aos meus erros do que aos seus êxitos.

Nem me diga. Não deveria ter ficado de papo furado com ele no cemitério, no quarto ano de Harry. Fora que você só ataca o garoto no final do ano. Qual é! Pare de se preocupar com o ano escolar dele. Você está sendo vencido por três adolescentes. Ainda se acha o rei da cocada preta. Só se cocada você quer dizer cocô.

As pessoas em volta fitaram Voldemort apreensivas, deixando transparecer o medo de ser responsabilizada por Harry Potter ainda estar vido. Queria ser responsabilizada. Tomar um Avada deve doer menos que estar presente nesta reunião. Tenho certeza que Nathaniel deve descordar de mim...

Levei três cutucões na costela. Quase dei um pulo da cadeira. Era Pansy. Aparentemente, eu ia cair no sono.

—Eu é que devo matar Harry Potter, e assim farei. –Voldemort parecia estar falando mais consigo mesmo que com os demais, ainda atento ao corpo inconsciente no alto.

Nisso, e em aparente resposta às suas palavras, ouviu-se um lamento repentino, um grito terrível e prolongado de infelicidade e dor. Muitos ao redor da mesa olharam para baixo, assustados, pois o som parecia vir do chão.

—Como eu ia dizendo —continuou Voldemort, olhando mais uma vez para os rostos tensos dos seus seguidores—, agora compreendo melhor. Precisarei, por exemplo, pedir emprestada a varinha de um de você antes de sair para matar Potter.

Enfiei mais para o fundo da minha bota a minha varinha. Eu amo a minha varinha, não vou dar para o assexuado careca, não!

Os rostos a minha volta expressaram apenas incredulidade; como se ele tivesse anunciado que queria um braço deles emprestado. Podemos notar o quão leal são os seus servos. Parabéns, Voldemort.

—Nenhum voluntário? —perguntou Voldemort. —Vejamos...Lucius, não vejo razão para você continuar a ter uma varinha.

Essa foi pesada. E você não tem razão para continuar vivo, caro Lorde! Admito que fiquei aborrecida por Voldemort tratar Lucius mal assim, e também por não poder defender o meu tio.

Mordei meu lábio inferior.

Lucius ergueu a cabeça. Sua pele parecia amarela e cerosa à luz das chamas, e tinha os olhos encovados e sombrios. Quando falou, sua voz saiu rouca.

—Milorde?

—Sua varinha, Lucius. Preciso de sua varinha.

—Eu...

Ele olhou de esguelha para a esposa. Narcissa tinha o olhar fixo à frente, tão pálida quanto o marido, os longos cabelos louros descendo pelas costas, mas, sob a mesa, seus dedos finos apertaram brevemente o pulso dele. Queria poder me levantar da cadeira desconfortável e abraçar a minha tia. Nunca a vi com cara de morta assim.

Lucius enfiou a mãos nas vestes e tirou uma varinha que passou a Voldemort, que a ergueu diante dos olhos vermelhos e examinou-a detidamente.

—De que é?

—Olmo, Milorde/—sussurrou Malfoy. Eu conseguia ver nos olhos do meu tio o medo instalado. Se fosse qualquer um, não sentiria a menor compaixão. Mesmo não compartilhando o mesmo sangue, eu o considero minha família. Queria que Voldemort não existisse, ou que Harry não existisse. Qualquer coisa que me tornasse uma garota normal.

—E o núcleo?

—Dragão...fibra do coração.

—Ótimo —aprovou Voldemort. E, sacando a própria varinha, comparou os comprimentos.

Meu tio fez um movimento involuntário; por uma fração de segundo, pareceu que esperava receber a varinha de Voldemort em trocar da sua. O gesto não passou despercebido ao Lorde, cujos olhos se arregalaram maliciosamente.

—Dar-lhe a minha varinha, Lucius? Minha varinha?

Alguns dos presentes riram. Tive vontade de, com apenas uma olhada para eles, fazerem todos duelarem até a morte. Caso não existisse mais seus seguidores, Lorde Voldemort não seria mais nada. Eles faziam o trabalho sujo — nós fazíamos o trabalho sujo. Posso estar na batalha ao lado deles, mas na guerra eu mostrarei a quem realmente sou leal.

—Dei-lhe a liberdade, Lucius, não é suficiente? — Não quando você fez o filho dele se tornar Comensal também. Não quando você obrigou Draco matar Dumbledore. Não quando você é o motivo por ele ter ido para lá. —Mas tenho notado que você e a sua família parecem menos felizes...alguma coisa na minha presença aqui os incomoda, Lucius?

Suspirei de alívio por não ter me mencionado. Ou não ter mencionado Nathaniel. Ambos vestíamos uma expressão indiferente, e ninguém era capaz de nos ler...só se deixássemos, é claro.

—Nada...nada, Milorde.

—Quanta mentira, Lucius...

A voz suave parecia silvar, mesmo quando a boca cruel parava de mexer. Se eu já não estivesse acostumada, se já não tivesse perdido o medo por isso tudo, pelas Artes das Trevas, eu tremeria. Voldemort era uma figura que empunhava medo, e não respeito. Para ele, era importante ser temido, pois poucos se revoltariam contra ele. Os poucos ou seriam corajosos demais, ou tolos demais. Harry é corajoso demais, enquanto sou tola demais.

Era estranho estar em uma reunião dentro de uma das salas da Mansão dos Henckmann. Não conhecia essa parte tão luxuosa e ornamentada. Meu pai não poder perder a chance para mostrar e expor o luxo que tínhamos. Era a farinha do mesmo saco dos Malfoy há alguns anos atrás.

A enorme cobra apareceu e subiu vagarosamente pela cadeira de Voldemort. Foi emergindo, como se fosse interminável, e parou sobre os ombros do mestre: o pescoço do réptil tinha a grossura de uma coxa masculina; seus olhos com as pupilas verticais não piscavam.

Alguma coisa chamava a atenção da cobra para mim. Ela me encarava. Seus olhos não me assustavam. Ela era bela, isso eu deveria admitir; mas tinha algo nela que me instigava. Algo diferente. Voldemort não deveria ter uma cobra para propósito algum. Não é como se ele gostasse de ter animais. Cobras geralmente eram associadas a lendas vindas do mundo trouxa, o que o Lorde odiava. Então por que carregar um animal de lá para cá daquele jeito?

Voldemort acariciou-a, distraído, com seus dedos longos e finos, ainda encarando Lucius Malfoy.

—Por que os Malfoy parecem tão infelizes com a própria sorte? Será que o meu retorno, minha ascensão ao poder, não é exatamente o que disseram desejar durante tantos anos?

—Sem dúvida, Milorde —respondeu Lucius. Sua mão tremeu quando secou o suor sobre o lábio superior. –É o que desejávamos...desejamos.

Era estranho ver o pai de Draco ficar com medo. O pouco tempo em Azkaban o modificou. Pouco, mas modificou. Penso se um dia vão me colocar lá. Por todo o meu envolvimento com as Artes...por conspirar contra o Ministério, por ser aliada de Voldemort....

Por baixo da mesa, a mão de Draco procurou a minha. Entrelacei os meus dedos nos seus, e isso me trouxe uma sensação de alívio. Era como se ele dissesse, mas sem palavras, que estava lá, que sabia o que eu estava passando, pois sentia o mesmo.

Narcissa fez um aceno rígido e estranho com a cabeça, evitando olhar para Voldemort e a cobra. Não era uma Comensal da Morte, mesmo que comparecesse as reuniões. Tudo isso por causa do marido. Por causa do marido e de sua lealdade por ele. Mas a lealdade, afinal de contas, vale tanto assim?

Foi realmente um pensamento egoísta e hipócrita vindo de mim. Vindo da garota, da garota curiosa, que seguiu dois Malfoy e acabou com a Marca no braço esquerdo. No braço bom dela!

Draco, que estava ao meu lado direito, que estivera mirando o corpo inerte no teto, lançou um brevíssimo olhar a Voldemort, aterrorizado de encarar o bruxo. Queria gritar para Draco não ter medo, para ser corajoso, para olhar com o típico olhar arrogante dele para o Lorde. Se eu conseguia, ele conseguia.

—Milorde —disse uma mulher morena na outra metade da mesa, sua voz embargada pela emoção —, é uma honra tê-lo aqui, tê-lo entre nós nessa reunião. Não pode haver prazer maior.

Estava sentada ao lado da irmã, tão diferente desta na aparência, com seus cabelos negros e olhos de pálpebras pesadas, quanto o era no porte e na atitude. Enquanto Narcissa sentava-se dura e impassível, Bellatrix se curvava para Voldemort, porque meras palavras não podiam demonstrar o desejo de maior proximidade.

Que nojo! Prefiro me casar com meu pai do que ter algo com esse careca assexuado aí.

—Não pode haver prazer maior  —repetiu Voldemort, a cabeça ligeiramente inclinada para o lado, estudando Bellatrix. –Isso significa muito, Bellatrix, vindo de você.

O rosto da mulher enrubesceu, seus olhos lacrimejaram de prazer. Revirei os olhos várias vezes.

Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. Nojo. NOJO.

—Milorde sabe que apenas digo a verdade!

—Não pode haver prazer maior...mesmo comparado ao feliz evento que, segundo soube, houve em sua família esta semana?

Bellatrix fitou-o, os lábios entreabertos, nitidamente confusa. Por mais nojento ser aquela cena, não podia negar que aquilo tudo me interessava.

—Eu não sei a que está se referindo, Milorde.

—Estou falando de sua sobrinha. E de vocês também, Lucius e Narcissa. Ela acabou de casar com o lobisomem Remus Lupin. A família deve estar muito orgulhosa.

Quase sorri de orelha a orelha. Tonks se casou! Se casou com o Lupin. Conheci ambos quando visitei no natal de um ano atrás eles. Lupin era um grande amigo da minha mãe, e me tratou muito bem. Era também muito inteligente. Tonks, conhecemos no dia que minha mãe entrou para Ordem, o mesmo dia que eu conheci o Remus. Nymphadora era uma metamorfomaga. Além disso, era bem decidida e determinada mesmo que fosse um pouco desastrada. Lembrei da vez que joguei Quadribol com os Weasley, e ela torceu avidamente por mim. Nunca pensei em um relacionamento entre os dois, mas fiquei feliz por saber do casamento deles.

Se eu tivesse a chance, se eu tivesse coragem, iria mandar uma carta a eles os parabenizando e desejando o melhor. Aposto que Alexandra já fez isso por mim, mesmo assim farei o mesmo.

Gargalhadas debochadas explodiram à mesa. Muitos se curvaram para trocar olhares divertidos; alguns socaram a mesa com os punhos. A cobra, incomodada com o barulho, escancarou a boca e silvou irritada, mas os Comensais da Morte nem a ouviram, tão exultantes estavam com a humilhação de Bellatrix e dos Malfoy. O rosto da mulher, há pouco rosado de felicidade, tingiu-se de feias manchas vermelhas.

-Ela não é nossa sobrinha, Milorde —disse em meio às gargalhas. –Nós, Narcissa e eu, nunca mais pusemos os olhos em nossa irmã depois que ela casou com aquele sangue ruim. A fedelha não tem a menor ligação conosco, nem qualquer fera com quem se case.

—E você, Draco, o que diz? —perguntou Voldemort, e, embora falasse baixo, sua voz ressoou claramente em meio aos assovios e caçoadas. —Vai bancar a babá dos filhotes?

A hilaridade aumentou; Draco olhou aterrorizado para o pai, que contemplava o próprio colo, e seu olhar cruzou com o de sua mãe. Ela balançou a cabeça quase imperceptivelmente, e depois retomou seu olhar fixo na parede oposta.

—Na verdade —meu pai se pronunciou, fazendo alguns Comensais cessarem as risadas e o burburinho para o olharem —, Draco irá se casar com a minha filha, Elena, e não ser babá, Milorde.

Pensava que Voldemort iria matar meu pai, mas o que o Lorde fez foi abrir um sorriso maligno que refletia em seus olhos ofídicos.

—Muito bom —disse vagarosamente, acariciando a cobra novamente —, uma garota com sangue puro, de grande calibre e com um brilhante futuro.

Alguns Comensais olharam para mim. Meu queixo quase caiu, e eu olhei para o Lorde confusa. Não parecia falar em tom de brincadeira, e eu tive medo do que ele pretendia. É claro, ele me usaria. Contudo, eu não o deixaria fazer isso. Eu iria fazer a escolha certa, mesmo que isso tivesse com consequência a minha morte.

—De fato, Milorde —meu pai concordou. –Apesar de não ter ido para Sonserina, como seu irmão, é muito esperta e talentosa. Ajudou o garoto Malfoy com o armário sumidouro.

—Não duvido que ela tenha sido a mente por trás de tudo — falou e olhou com desgosto para Draco, que abaixou a cabeça com vergonha. –Corvinal não é tão ruim assim. Seria inaceitável ela estar sentada aqui e ter caído na Grifinória, ou ainda mais na Lufa-Lufa.

Alguns riram. Bellatrix não perdeu a oportunidade de voltar a cena.

—Corvinal? –perguntou, e eu balancei levemente minha cabeça. –Para cair nessa casa, deve ser realmente inteligente. Sem dúvidas ela que foi a peça chave para a nossa invasão a Hogwarts! –riu sadicamente, me lançando um olhar de admiração.

O que estava acontecendo aqui? É sério que estavam discutindo de casas? Ah, a Corvinal arrasa com todas as outras três, só para deixar claro.

Gargalhadas novamente preencheram o salão. Não acompanhei. Nathaniel ousou rir, junto a Pansy. Me mantive séria. Deveria rir, deveria brincar, mas não quando estavam rindo do meu namorado.

—Já chega —disse Voldemort. –Basta.

E as risadas pararam imediatamente.

—Muitas das nossas árvores genealógicas mais tradicionais, com o tempo, se tornaram bichadas —disse, enquanto Bellatrix o mirava, ofegante e súplice. –Vocês precisam podar as suas, para mantê-las saudáveis, não? Cortem fora as partes que ameaçam a saúde do resto.

Fala o mestiço!

—Com certeza, Milorde —sussurrou Bellatrix, mais uma vez com os olhos marejados de gratidão. –Na primeira oportunidade!

—Você a terá —respondeu Voldemort. –E, tal como fazem na família, façam no mundo também...vamos extirpar o câncer que nos infecta até restarem apenas os que têm o sangue verdadeiramente puro.

Voldemort ergueu a varinha de Lucius Malfoy, apontou-a diretamente para a figura que girava lentamente, suspensa sobre a mesa, e fez um gesto quase imperceptível. O vulto que recuperou os movimentos com um gemido e começou a lutar contra invisíveis grilhões.

—Você está reconhecendo nossa convidada, Elena? –indagou Voldemort.

Engoli em seco. Apesar de não ter classes com essa professora, sabia qual matéria ela dava.

—Ela...ela é a professora de Estudo dos Trouxas —respondi, não me esquecendo de fazer a cara de nojo e desgosto. –Uma das matérias mais inúteis, sórdidas e desprezíveis de Hogwarts.

—Muito bem —concordou, dando um sorriso que não refletia em seus olhos. –E você, Severus?

Snape ergue os olhos para o rosto pendurado. Todos os Comensais agora olhavam para a prisioneira, como se tivessem recebido permissão para manifestar sua curiosidade. Quando girou para o lado da lareira, a mulher disse, com a voz entrecortada de terror:

—Severus, me ajude!

—Ah, sim —respondeu Snape enquanto o rosto da prisioneira continuava a virar para o lado.

—E você, Draco? –perguntou Voldemort, acariciando o focinho da cobra com a mão livre. O loiro sacudiu a cabeça com o movimento brusco. Agora que a mulher acordara, ele parecia incapaz de continuar encarando-a.

—Mas você não teria se matriculado no curso dela —disse Voldemort. —Para os que não sabem, estamos reunidos aqui esta noite para nos despedir de Charity Burbage que, até recentemente, lecionava na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts!

Ouviram-se breves sons de assentimento ao redor da mesa. Uma mulher corpulenta e curvada, de dentes pontiagudos, soltou uma gargalhada.

—Sim...a professora Burbage ensinava às crianças bruxas tudo a respeito dos trouxas...e como se assemelham a nós...

Um dos Comensais da Morte cuspiu no chão. Em seu giro, Charity Burgage tornou a encarar Snape.

—Severus...por favor...por favor...

—Silêncio —ordenou Voldemort, com outro breve movimento da varinha de Lucius, e Charity silenciou como se tivesse sido amordaçada. —Não contente em corromper e poluir as mentes das crianças bruxas, na semana passada, a professora Burgage escreveu uma apaixonada defesa dos sangues ruins no Profeta Diário. Os bruxos, disse ela, devem aceitar esses ladrões do seu saber e magia. A diluição dos puros sangues é, segundo Burgage, uma circunstância extremamente desejável.... Ela defende que todos casemos com trouxas...ou, sem dúvida, com lobisomens...

Desta vez ninguém riu: não havia como deixar de perceber a raiva e o desprezo na voz de Voldemort. Pela terceira vez, Charity Burbage encarou Snape. Lágrimas escorriam de seus olhos para os cabelos. Snape retribuiu seu olhar, totalmente impassível, enquanto ela ia girando o rosto para longe dele.

Avada Kedavra.

O lampejo de luz verde iluminou todos os cantos da sala. Charity caiu estrondosamente sobre a mesa, que tremeu e estalou. Vários Comensais pularam para trás ainda sentados. Draco cairia da cadeira para o chão, se eu não o tivesse o segurado no último segundo. Ele cambaleou, e sentou direito na cadeira. Quis gritar e não pude.

—Jantar, Nagini —disse Voldemort com suavidade, e a grande cobra deslizou sinuosamente dos ombros dele para a lustrosa mesa de madeira.

Naquela mesma noite, mandei carta para minha mãe dizendo tudo que estava acontecendo e uma para Hermione em busca de ajuda. 


Notas Finais


Ah, quero esclarecer; na parte que eles falam das Casas, que eu acho que não se deve julgar a pessoa de acordo com a casa que ela cai ou se intitula. O Pettigrew era da Grifinória, e isso não o impediu de trair seus amigos e se tornar um Comensal. Muitos de vocês não sabem, mas eu sou da sonserina, mesmo TODOS os testes dizendo que eu sou da Corvinal, e qualquer um que me conhece bem sabe que eu sou uma bela mistura das duas casas. Então, se estivéssemos em Hogwarts, eu cairia na Corvinal, mesmo puxando muito para o lado da Sonserina e não tendo caído nessa casa. Então, esse estereótipo de ''todos os sonserinos são maus'' poderia ser eliminado se eu fosse corvina e fosse má. Ficou meio embalado mas acho que vocês pegaram o que eu quis dizer. Então, amiguinhos, não riam de alguém da Lufa-Lufa, eles podem ser muito inteligentes como alguém da Corvinal, corajosos como alguém da Grifinória ou astutos como alguém da Sonserina.
(maior nota final da minha vida :v)
enfim, espero te encontrar no espaço dos comentários
minha nova fanfic dos marotos>>>>>> https://spiritfanfics.com/historia/blood-moon-marauders-era-7146435
beijos e até mais <3 <3
CAPÍTULO BETADO - 22/06/2017


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