História Things Of The Past (REVISÃO) - Bowling.

– Está se sentindo melhor? – Gilinsky perguntou com uma voz culpada.

– Eu acho que sim. – Cameron já tinha me soltado, agora eu estava apoiada na pia do banheiro com todos me olhando, lavei o rosto e em seguida o secando. Me olhei no espelho e meu olho estava inchado. Ótimo.

– Por que diabos ele apareceu? – Cameron perguntou fazendo uma careta.

– Essa é a última pergunta que eu sei a resposta. – Gilinsky respondeu. – Saímos hoje e apareceu um cara. Ele contou tudo o que o pai da Trice fazia com ele. Cara, o pai dela obrigava ele a tirar fotos... – Respirou fundo antes de continuar. – Tirar fotos dela e da mãe dela. Todos os dias, várias fotos, por uma merreca de dinheiro. O cara fazia isso por não ter opção e ter que ajudar a família. Mas... eu ainda não acredito nisso tudo. – Ele contava olhando o chão como se não acreditasse naquilo. Nem eu acreditava.

– O que? – Cameron praticamente gritou. – É sério?

– Muito sério. – Respondi.

– Ele é louco.

– Realmente. - Falei baixo.

[...]

Como um "pai", faz uma coisa dessas? Ele é doente, ou algo assim? Porque durante todo esse tempo ele fez tudo isso? Fotos? Que tipo de pessoa faz uma coisa dessas? Tantas perguntas que nem eu mesma sei responder.

Agora todos já tinham ido embora – inclusive meu pai –, menos Mari, tinhamos que ir no boliche da Amy, com toda essa confusão eu acabei esquecendo de tudo isso. Ela iria dormir aqui para no dia seguinte nos arrumarmos juntas.

Eu ainda não tinha falado com a minha mãe sobre tudo isso por simplesmente não querer, ela o ajudou depois de tudo aquilo, como?

Depois iríamos conversar, mas não agora.

Estava sentada no sofá da sala assistindo filme com a Mari, um balde de pipoca pra cada uma, um potinho com chocolate e refrigerantes.

Engordar? Desconheço essa palavra. Era um filme de comédia, não somos fãs de filmes de terror – pelo menos nisso alguém concorda comigo –, então não teve briga na hora de escolher o filme que iríamos assistir.

O filme estava quase acabando e a Mariana estava dormindo. Peguei o balde de pipoca, joguei todo o leite condensado lá dentro e misturei. Fiquei pensativa entre jogar o chocolate também ou não, por fim, acabei jogando. Ela iria me matar, mas fazer o que né. Abaixei o volume do filme e me levantei com o balde na mão, joguei toda a pipoca em sua cabeça/cabelo, com o leite condensado escorrendo por entre os seus cabelos morenos. Ela acordou num pulo, assustada e com os olhos arregalados, assim que olhou para seu cabelo e passou a mão, seus olhos se arregalaram mais ainda em minha direção. Ela tinha um olhar mortal agora.

– Vai ter volta, vagabunda. – Ela estava muito brava e eu só sabia rir.

– Você não pode falar assim, vai que o leite condensado hidrata seu cabelo, você vai me agradecer. – Mandei beijinho pra ela.

– Vai hidratar a minha mão na sua cara. – Ela levantou e foi lavar o cabelo.

1 hora depois...

Estava jogando um jogo qualquer em meu celular quando Mariana saiu do chuveiro com os cabelos molhados e penteados, com uma expressão de alívio no rosto.

– Você passou 1 hora lavando seu cabelo, foi rápido. – Falei irônica.

– Você tem sorte de ter eu ter conseguido tirar tudo. Vai ter troco, me aguarde.

– Estou morrendo de medo. – Fiz uma expressão assustada.

– É bom mesmo.

– Todos os meninos vão amanhã?

– No boliche? – Assenti. – Pelo que eu sei, sim.

– Ah.

– Você quer saber se o Matthew vai, né?

– Tá tão na cara assim? – Falei.

– Mais ou menos, você não está com o Jack?

– Mais ou menos. – Repeti sua frase.

– Para de pensar no Matthew, então. – Assenti, minha vida andava muito complicada.

– Olha... Eu gosto do Jack, gosto muito, ele me faz um bem danado, mas...

– Você também gosta do Matt. – Ela completou minha frase e eu suspirei, assentindo.

– Eu estou tão confusa.

– Eu sei, mas você precisa tomar uma decisão, eles não são objetos para você ficar com um e depois pular fora para ficar com o outro. Você tem de ter consciência de que nem todos tem a paciência de esperar, aliás, a fila anda. Uma hora um dele, ou até os dois, irão cansar. Apenas pense nisso.

Matthew P.O.V

Coloquei uma calça solta branca e uma blusa de pano fino azul escura. Tênis preto e um colar de corrente no pescoço. Terminei de arrumar meu cabelo e guardei o secador guardando-o no armário. Hoje iríamos no boliche do pré-aniversário da Amy. Todos iriam.

Até ela.

Beatrice.

Há quanto tempo eu não via ela?

Muito tempo.

Ouvi um barulho da campainha e fui correndo abri-lá, vi um Cameron sorridente entrando. Fizemos um toque e ele sentou no sofá, como se a casa fosse dele.

– Que intimidade hein. – Falei irônico.

– É claro.

Entrei na cozinha pegando uma garrafa d'água, enchendo um copo e guardando-a novamente.

– Cameron... – Perguntei rápido e baixo.

– Fala. – Respondeu me olhando.

– Como ela está? – Disse me referindo a Beatrice.

– Seu pai reapareceu. – Ele disse suspirando e parecendo triste. Cameron realmente gostava de Beatrice, eu admiro a amizade dos dois. A única pessoa que Beatrice confia mais do que tudo, de olhos fechados é Cameron. Fora ele, sua mãe e talvez Mari. Mas eu tenho certeza que Cameron era o seu melhor amigo, confidente e que ela poderia contar com o que precisasse com ele. Aliás, conhecendo-o como conheço, ele sempre estaria lá.

– O que? – Perguntei quase em um grito.

– Não sei como, mas ele apareceu do nada, deu a maior briga, eu não estava lá, mas Trice me ligou chorando e eu tive que ir. – Cameron disse, comprovando a minha teoria de que ele era a melhor pessoa para ela. – Cara... – Ele disse negando com a cabeça e abaixando-a como se estivesse lembrando de tudo. – Você precisava ver, ela estava um caos, tudo estava. Ela estava muito triste. Não sei se ela está melhor agora, mas Mari está lá, com certeza ela deve estar se sentindo melhor.

– Espero que ela esteja melhor. – Eu desejava e queria acreditar que ela estivesse melhor. Eu me importava com ela.

– Vamos? – Perguntou se levantando e eu assenti. Fomos para os nossos devidos carros dirigindo até o local.
As luzes roxas já iluminavam o local, podia ouvir as pessoas conversando alto. Cameron saiu de seu carro, todos já estavam lá, alguns já jogando, outros sentados comendo ou tomando alguma coisa. Eles tinham alugado duas pistas de boliche porque era muita gente.

– Olhá só quem chegou! – Nash gritou nos olhando, o que fez todos nos olharem, Nash já parecia meio alterado. Falamos com cada um, quando cheguei em Trice, o clima ficou um pouco tenso, ela parecia envergonhada, mas mesmo assim, lhe dei um abraço e voltei para onde

Nash e Shawn estavam, começando a conversar com eles.
Ela estava sorrindente e eu ficava feliz por isso. Instantâneamente abri um sorriso olhando-a, mas assim que a mesma me viu sorrindo e percebeu o motivo, abaixou a cabeça envergonhada e eu voltei a conversar com os meninos.

– Eu sei que você quer conversar com ela. – Cameron falou baixo chegando perto do meu ouvido só pra eu ouvir.

– E quero.

– Porque não vai? – Ele perguntou arqueando as sobrancelhas. Suspirei e tomei a decisão de ir.
Cameron me olhou me encorajando e tomei iniciativa, já ansioso. Andei em passos longos até ela, toda sorridente como sempre conversando com algumas pessoas que eu não conhecia, mas quando faltavam uns 5 passos, Gilinsky chegou. Suspirei frustado e dei meia volta, indo para o banheiro masculino do lugar, não havia ninguém nas cabines de lá. Lavei meu rosto e me olhei no espelho. Uma pessoa abriu a porta e fez o mesmo que eu, olhei para o lado e vi Cameron, ele se encostou na pia do banheiro, ficando de costas para o espelho e cruzando os braços.

– Eu vi. – Ele olhou fixamente para o teto, respirando fundo antes de falar. – Você sabe que tudo isso é complicado, né? – Assenti. – Sou amigo dos dois e estou te ajudando muito nessa. Você sabe que pode contar comigo, você pode ser o galinha que for, mas eu quero que você não abaixe a cabeça, você sempre consegue o que quer, cara. O que está acontecendo com você? Nunca te vi abaixando a cabeça pra nada, porque justo agora? Quando a pessoa que você ama está com outra pessoa e você que queria ser essa "outra pessoa". Eu sei que você é capaz de conseguir o que quer. Não estou defendendo você, nem Jack, nem ninguém. Só quero te ajudar, não quero ver você mal como está esses dias.

Cameron tinha razão, a pior coisa a se fazer é abaixar a cabeça.

Essa seria a última coisa que eu ia fazer.

P.O.V Beatrice

– Oi meu amor. – Senti alguém me abraçando por trás e beijando meu pescoço. Já sabendo quem é, me virei e pendurei meus braços em seu pescoço.

– Que horas você chegou? – Perguntei lhe dando um selinho.

– Quase agora.

– Ah sim – Assenti.

– Porque? Sentiu a minha falta? – Arqueou as sobrancelhas.

– Talvez. – Fiz pose de pensativa.

– Dá uma licença, mas eu preciso roubar sua namorada um minutinho. – Cameron surgiu, não deu tempo nem de me responder e me puxou para o lado de fora do local. O vento forte fez eu fechar os botões da minha blusa de frio e arrumar meus cabelos que balançavam.

– O que você quer? Que susto! – Exclamei.

– Matt está mal.

– Eu não posso fazer nada. – Revirei os olhos, mesmo sentida com aquilo.

– É claro que pode! Eu sei que você sente.

– Sabe também que eu não sei o que eu faço da minha vida. Olha, Cam, eu estou bem com Jack, me deixa ir lá com ele e acabar com tudo isso de uma vez! – Eu ia sair dalí mas ele entrou na minha frente.

– Beatrice!

– Cameron!

– Para de ser infantil!

– Você quer que a gente brigue? – Perguntei, ele ficou calado. – Pois bem, então me deixe ir.

– Você tá mal, não tá? – Ele olhou no fundo dos meus olhos como se visse aquilo. – Eu sei que você está! Olha... nós podemos ter essa conversa mil vezes, mas enquanto você não me contar tudo, com detalhes, eu não vou desistir. Porque enquanto você está fazendo um feliz, só dando risada, beijos, abraços e o caralho a quatro, o outro está sofrendo, e você não está dando a mínima pra isso. – Terminou de falar e me deixou sozinha lá fora. Algumas pessoas nos olhavam com pena, já outras nem ligavam e passavam reto.

Entrei novamente, cheguei perto de dessa vez onde exatamente todos estavam, sem nenhuma exceção. Eles já íam iniciar uma nova rodada e Mari me colocou naquela. Mal sabiam eles que eu era boa naquilo.

– O que foi? – Jack perguntou enquanto eu esperava minha vez, eu era a 5ª a jogar.

– Nada, porque? Sei lá, você ficou meio abalada desde que Cameron te levou pra conversar.

– Não aconteceu nada demais. – Dei meu sorriso mais sincero e acho que deu certo.
Mari tinha acabado de jogar, era a minha vez agora. Peguei uma bola verde escura, pesada, a melhor, me agachei um pouco e mirei a bola, lançando-a e jogando, fazendo um strike. Comemorei e voltei aonde todos esperavam para jogar, pegando um refrigerante e tomando vários goles de sede.

Eu tinha que pelo menos tentar esquecer todos aqueles problemas por hoje.

Pelo menos por hoje.

Link do trailer de TOTP e aviso nas notas finais! Espero que gostem e leiam.