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História Lembranças - Nascimento


Escrita por: dearjohn

Notas do Autor


Primeiramente: Fora Temer.
Segundamente: voltei caralho.
Bem, eu não tenho muito o que falar aquifkgjhfkjgchorei. MAS, quero agradecer a Juju pela betagem sz te amo xuxu, mentira.
Boa leitura sz

Capítulo 3 - Nascimento


Fanfic / Fanfiction Lembranças - Nascimento

“Aceitação é sempre apenas a metade da religião; a outra é revolta, reivindicação, apelo contra o que é, em prol daquilo que deveria ser.”

― Émile-Auguste Chartier

Solto um suspiro, evidenciando meu cansaço. Meus pensamentos tinham o costume de ser comemorativos, pois eu estava feliz de saber que me livrei de visitas de pessoas desconhecidas por mim. No entanto, a vida preferiu agir contra isso e, todo dia, a campainha ou o telefone toca e sempre é a mesma coisa: ”Apollo, como você está?” e sempre respondo com um ”Eu já estive melhor”, ou com um “Perdão, mas fale seu nome primeiro, não reconheço.” , mas eu não sei porque peço o nome, obviamente não tenho recordações, portanto Finn sempre está por perto para me contar, resumidamente, sobre a pessoa e quais influências teve em minha vida.

Estendo minha mão e pego a xícara, trazendo-a até meus lábios para eu possa ingerir a cafeína contida dentro. Segundo meu irmão, eu gosto muito de café, entretanto não sou viciado. Agora entendo o motivo pelo qual adoro, o sabor da bebida me deixa mais sereno e obtenho capacidade de organizar meus pensamentos. Termino de beber o café e caminho até a cozinha, deixando a xícara na pia, para que o objeto seja lavado mais tarde.

Desde que voltei do hospital, parece que qualquer ação que eu desenvolva, fico exausto pesadamente. Por mais simples — e também rápidos — que sejam os movimentos, fico muito cansado. Cansaço, eu te abomino.

Retorno à sala, acomodando-me no sofá confortável e deixando sobre meu colo uma parte da coberta, já que a outra está sobre o corpo de Harry. Ele está magnífico, apesar da roupa que ele está vestindo ser bem simples e aparentemente confortável, ele continua um homão da porra. Finnick está deitado no outro sofá, ouvindo música e devorando cada letra do seu livro preferido, Percy Jackson; alguém mais fã do que ele, só dois dele.

Harry percebe que volto a encará-lo e seus olhos se encontram com os meus. Sinto aquele bendito, ou maldito, clichê de borboletas no estômago surgir misteriosamente. É muito gratificante, entretanto, meio assustador também, como as sensações que Styles me causa somente com algum olhar e/ou toque. Ele, além de ter sido esculpido por anjos — pois essa beleza é surreal —, proporciona excelentes sensações e deixa qualquer um feliz. Enfim, tudo aquilo que qualquer um do mundo é digno de sentir.

Ele esboça um pequeno sorriso e diz:

— Vem cá, você deve estar com frio.

Arrasto-me até ele suavemente. Harry me envolve em seus braços e me ajeita em cima de si. Ergo minha cabeça em uma distância mínima do peito dele e novamente nossos olhos se encontram. Sua pupila dilata e, mais uma vez, um sorriso se forma. Desço meu olhar para seus lábios, tão convidativos. Uma de suas mãos desliza até minha cintura e a outra pousa em minha nuca. Seus dedos grandes acariciam os fios de meu cabelo e o arrepio percorre meu corpo. Fecho meus olhos, sentindo sua mão trabalhar com meu cabelo serenamente. Repentinamente, meus lábios se chocam com o de Styles e sinto as asas das borboletas baterem em meu estômago; esse ditado nunca fez tanto sentido como agora — deve ter feito sim, infelizmente as recordações são inexistentes —, e arrepios percorrem meu corpo da cabeça aos pés.

— Ai, que casal mais fofo. — diz Finnick, fazendo-nos parar o beijo.

Nós três caímos na gargalhada. Posso meio que afirmar que Finn é especializado em destruir momentos, porém sabemos que não é por mal.

Não querendo ser maldoso, mas desde que isso tudo aconteceu, além da amnésia, é claro, meu irmão mais novo tem ficado muito carente. Ele costumava ser muito próximo dos nossos pais e não conseguia ver maldade nos dois. Precisou aquela desgraça toda ocorrer para que seus olhos vissem os seus verdadeiros pais. Desde então, Harry e eu tivemos dado muita atenção para ele, principalmente nos finais de semana. Eu fico feliz que ele não seja como nossos progenitores, sinceramente. Seria doloroso ver que até um jovem do mesmo sangue que você jogaria-lhe palavras grotescas por ser o que realmente é.

O telefone toca e meu irmão já corre para atender e, enquanto ele conversa com a pessoa que está na outra linha, volto a dar atenção para a televisão, deitando minha cabeça no peito do Styles. Sem pudor algum, pergunto:

— Qual o nome deste filme?

— Não é filme, sweetheart. É uma série chamada Sense8. — responde ele. — Nós dois costumávamos assistir sempre que a Netflix lançava uma temporada inteira. Sua personagem preferida é a Sun e, para você, Sense8 fez você se conhecer mais e sentir-se mais livre.

— Então essa série deve ser maravilhosa.

— E é, só que infelizmente foi cancelada dias atrás pela Netflix. Quando soubemos da notícia, você decretou Terceira Guerra Mundial. — rimos. — Bem, as negações são irreais, pois a série deixará muita saudade mesmo.

— Subiu uma vontade de estourar outra guerra contra a empresa.

Vemos um Finnick voltando para a sala, totalmente surpreso, petrificado. Socorro, o que aconteceu?

— Está tudo bem, Finnick? — indaga Harry.

— Por que está com essa cara? Não me assusta, maninho. — se a curiosidade fosse um demônio, eu estaria possuído dela.

— A mãe. Ela…

— Ela?

— Se matou. — solta ele.

Meus olhos arregalam, meu corpo congela. Gente…como assim?

— Explique melhor, Finn. Como assim se matou? — requisito.

— Parece que o guarda estava passeando no corredor, como de costume, e quando ele ficou de frente com a cela da mãe, ele a viu pendurada. E segundo o legista, há marcas avermelhadas em seu pescoço e eles concluíram que era de uma outra pessoa, entretanto, não havia como alguém entrar na cela. Então analisaram tudo com mais cautela, e o resultado foi que aquelas marcas eram dos dedos da mãe, ou seja, ela contribuiu com a própria morte. — tapo minha boca. Por Deus, eu estou perplexo. — Eles disseram que o enterro será amanhã e eu falei que irei ver se nós vamos. Você vai querer ir, Apollo?

— É claro. Sei que não fui o que ela desejava como filho, mas ainda sim é minha mãe.

— Mas e seu pai, Ocean? — olho para Harry.

— O que tem ele?

— Não teme que ele possa te ferir novamente?

— Sim, eu temo, mas eu não penso que virá somente dele, pode vir de algum desconhecido. Só Deus sabe da capacidade do ser humano nesse mundo.

— O mundo já foi um lugar melhor. — murmura Finnick e Harry concorda.

— O mundo continua o mesmo. — pronuncio, recebendo a atenção dos dois. — Só há poucas razões de viver.

Levanto-me e subo as escadas, entrando em meu quarto. Meus olhos começam a marejar e não demora muito para que escorram pelas minhas bochechas.

Eu não consigo acreditar que perdi minha mãe. Sim, eu sei que ela era super preconceituosa e muito conservadora, assim como meu pai, entretanto, ela continua sendo minha mãe. Se eu não estivesse com essa maldita amnésia e sendo vítima dos meus pais, jamais desejaria o mal para eles. Não é assim que as coisas funcionam.

O amor supera o ódio.

O amor sempre vence o ódio.

Deito na cama, cobrindo-me com a coberta e escondendo meu rosto no travesseiro. Meu choro está abafado, devido a extrema aproximação do meu rosto sobre o travesseiro e aproveito este momento para gritar. Elevo meu grito até onde sou capaz.

Sei bem que o que eles me fizeram foi desumano. Sei bem que se um não estivesse na cadeia e o outro vivo, eu estaria chorando pelo ódio recebido. Mas é impossível não se comover com uma notícia dessas.

•••

Ver minha mãe em um corpo sem vida, estirado naquele colchão, me faz derramar mais lágrimas. Surpreendo-me pela quantidade de líquido essencial contido em meu interior.

Minimamente, ergo suas duas mãos, que estão bem geladas e com a textura até que macia. Olho na direção de Finn. Ele se esforça para não deixar suas lágrimas transbordarem.

— Finn, a rosa, por favor. — peço com o braço esticado em sua direção. Meu irmão me entrega e ajeito a flor, apoiando-a em cima de minha mãe e pousando suas mãos geladas em cima daquele primor vermelho. — Sei que para você eu sou um erro gravíssimo de reprodução, mas queria dizer-lhe que apesar disso, ainda te amo. Finnick me dissera que sua flor favorita é a rosa. Um amigo de Harry, o Justin, trabalha em uma floricultura e batalhei bastante para escolher a rosa mais bela para esta ocasião. Também espero que não esteja fazendo cara feia por conta disso. Enfim, sentirei sua falta, mãe.

Afasto-me do caixão e meu corpo se encontra com o de Harry, que rapidamente me abraça forte. Seus braços me assolando causam-me efeitos insanos e únicos, o enlace transfere tranquilidade. Ele sussurra mensagens incentivadoras e inteligentes, o que só aumenta minha certeza de que Styles jamais me abandonará. Descanso minha cabeça em seu peito e, em seguida, seu queixo aterrissa sobre minha cabeça.

Finnick, depois de ter falado algumas palavras, caminha até nós dois.

— Podemos ir embora?

— Vamos sim.

Coloco meu braço esquerdo envolta do pescoço do meu irmão e Harry segura minha mão direita, assim iniciamos nossa retirada do local. Eu poderia dizer, e afirmar, que a tentação de imaginar uma família foi mais forte que eu e me permiti criá-la mentalmente. Seria meu sonho?

Paramos de andar, pois damos de cara com um homem. Ele é bem mais velho, porém não há traços de velhice, acredito que ele tenha aproximadamente entre trinta e quarenta anos. Para a idade dele, está muito bem de saúde. O que mais me surpreende é tamanha semelhança comigo e com Finnick. Seus olhos rolam até mim, sua expressão ao me ver não é uma das melhores. Transmite nojo, ira. Espera, seria ele…?

— Pai. — a voz de Finn quebra o silêncio que desagrada o clima entre nós. — Quanto tempo…

— O que faz aqui? — ele pergunta, fitando-me com um olhar profundamente assustador.

— Ver a mãe, obviamente. — meu irmão responde.

— Eu sei, você… — meu progenitor olha para o mais jovem. — eu sei para qual finalidade veio. Mas ele não. — ele olha para mim. — Ele não faz parte dessa família.

— Ele faz sim, vocês o colocaram no mundo. — rebate.

— Filho nenhum meu será viado. — o desgosto está nitidamente em seu olhar e fala.

Reviro meus olhos. Como alguém consegue ser tão insensível assim?

— Ele é seu filho sim. Independente do que seja. Você contribuiu para seu nascimento e a vovó sempre contava que você sonhava em ter uma família. — prossegue Finnick. — Pai, você está destruindo, ou já destruiu, nossa família, só porque Apollo resolveu contar a verdade. Todo mundo sabe o quanto é difícil explanar a verdade e todo mundo espera por uma reação positiva, admiração pela coragem. Só que não, você preferiu agir sem conhecimento algum, agiu sem pensar nas consequências, que foram gravíssimas. Sente-se orgulhoso? Sente-se o dono da porra toda? Pessoas assim são classificadas como ignorantes e perdidas. — Finnick olho fundo nos olhos dele. — Acredito que agora estejamos vivendo em um mundo tão complexo e cego por conhecimentos inúteis que, para você ser o melhor, é necessário, ou obrigatório, agir com ignorância.

— Estou tão impressionado, não por causa do Apollo, e sim porque você não toma um ar. Porque você, continuamente, defende seu irmão, presumo que esteja cansado. — meu pai diz.

— Ah, eu cansado? Sabe do que estou cansado? De olhar para esse seu rosto estúpido.

Arregalo os olhos.

Da onde ele tirou todas essas falas?

— Uau. — elogio impressionado. — Todo dia um homofóbico diferente sendo pisado.

— Do que você está falando? Você sequer lembra daquele dia. — retruca o mais velho. — Ou melhor, você não se lembra de nada. Deveria se manter calado.

Solto-me da mão de Harry e encaro meu pai com uma expressão irônica, porém confiante no que falarei.

— Exatamente, pai. Não me lembro de nada mesmo. Mas adivinhe por quê? Pela sua ignorância. Da sua ignorância, pai. — dou um passo à frente. — Sua falta de conhecimento sobre sexualidade deveria ser seu maior arrependimento neste meticuloso momento. Acredito que o que você saiba sobre o assunto, junto com o que lhe disseram antes, era, na verdade, obstinação e difamação extremamente desumana. Só que, pelo visto, você deve pensar que os problemas se criam através de problemas e a ignorância é a solução, felizmente, as coisas não são assim. Se tivesse ao menos expandido sua sabedoria antes que eu tivesse aberto meu coração para você e a mãe, você não estaria numa prisão, a mãe não estaria morta e eu não estaria com essa trágica amnésia. Estaríamos felizes, confortáveis. Vocês conheceriam meu namorado, a quem sempre me apoiou e incentivou. — fito Harry, que está com seus olhos em mim. Sorrio levemente. — Quando Finnick e Harry me contaram do que aconteceu naquele dia, minha autoestima despencou, meu senso de valor despencou. Questionei-me por não ter morrido, pois pensava que assim você veria que o que a mãe e você me fizeram foi desumano, foi cruel. — novamente, meus olhos lacrimejam. — Eu queria ser ator, pai. Meus sonhos e esperanças não deveriam ser excluídos, mas ele foram. Graças a você, poderia receber um prêmio por isso, sabe? — a pouca distância entre nós dois me permite ver que ele está com os olhos marejados também. — Você, desde o início, já não mostrava ser um ser humano com bondade, mas eu, orgulhoso demais para aceitar, pensava que no fundo tinha bondade sim e que só era desprovido da ação generosa. — minhas pernas e mãos tremem compulsivamente — Finnick comentou que você havia me chamado de aberração durante a agressão, mas se parar pensar, a verdadeira aberração é o senhor. E  para finalizar, espero que aproveite esse tempo na cadeia para refletir suas ações, quem sabe alguma alteração de pensamentos, opiniões e atitudes aconteçam.

Meu pai está intacto, não demonstra nada, apenas me encara.

— Espero que guarde e carregue essa frase que irei te falar agora pelo resto da sua vida, vi ela na internet recentemente. — fala Harry, atraindo nossa atenção até ele. — Os ignorantes, que acham que sabem tudo, privam-se de um dos maiores prazeres da vida: aprender.

— Tchau, pai. — seco minhas lágrimas e pego na mão de Harry e Finnick, guiando-os até a saída. Não suportaria ficar mais algum segundo perto daquele homem.

Retiramo-nos da capela mortuária e seguimos para o carro de Harry, adentrando-o em seguida.

— Aquilo que você disse para seu pai, Ocean — olho para ele. — foi inspirador. — Harry choca seus lábios contra os meus, pressionando-os levemente em um selinho — E obrigado por não ter se matado.

Sorrio largamente como resposta.

— Para onde vamos agora? — indaga Harry. — Ocean tem mais duas horas até a consulta no médico.

— Já sei. — fala Finn. — Vamos até o Hyde Park.

Sinto que nesse lugar deve ter acontecido alguma coisa comigo…

•••

Meu namorado encontra uma vaga favorável e nela estaciona sem pressa alguma.

Harry sempre foi uma pessoa tranquila, dificilmente ele se estressa com algo. Queria muito ter essa paciência, mas querer não é poder.

Descemos do carro e nos juntamos, entrando em um dos famosos parque de Londres. É um lugar magnífico, céus. Obviamente devo ter vindo aqui algumas vezes anteriormente, só que essas memórias não existem mais.

— Este lugar é maravilhoso. — elogio e Finnick comenta que meus olhos estão brilhando. — Não são somente meus olhos que brilham.

— E o que mais brilha, Ocean? — pergunta Harry.

— Oras, eu. — respondo de maneira divertida e damos risada.

— Autoestima que nunca vou ter. — murmura Finnick.

Olho para as pessoas presentes no local e o conforto, o contentamento estão muito nítidos. Pessoas que sofrem com sua rotina monótona e depressiva, sem tirar um descanso merecido. A pressão do trabalho. A pressão da faculdade e escola. Há, obviamente, outras coisas que lhe exigem muita atenção e essas outras coisas, de fato, causam problemas graves com o emocional, a mentalidade e a fisionomia do indivíduo. E a primeira oportunidade de folga é sempre muito bem aproveitada. Não são todos os dias em que aparecem e também não são todos os dias em que pessoas com mente conturbada se sentem confortáveis e felizes.

Caminhamos pelo parque e encontramos na jornada alguns amigos de Harry e alguns meus. E, como sempre, não me recordo de nenhum deles até meu namorado contar alguns fato deles.

Rolo meus olhos para um canto aleatório e vejo uma mulher grávida sentada em um banco, acompanhada de seu esposo. Ambos acariciam a barriga exuberante.

Cena linda de se ver.

— Apollo. — chama minha mãe.

Meu pai me ajuda a descer da bicicleta e vou correndo, ou melhor, saltitando, até minha mãe.

— Diga, mamãe. — falo em sua frente, enquanto faço carinhos leves em sua barriga. Vou ter um irmãozinho e eu estou muito contente com isso.

Papai se aproxima de nós dois e sei disso devido o barulho da minha bicicleta.

— Preciso de água. — diz ela — Alguém se habilita a ir?

— Eu vou! — me voluntario rapidamente. — Eu, mamãe, por favor, me escolhe.

Os adultos riem da minha espontaneidade e mamãe me entrega a garrafinha.

— Vai precisar de ajuda, garotão? — meu pai pergunta. — Você ainda é pequeno para alcançar a pia.

— Isso é mentira, eu sou a pessoa mais alta do mundo. — cruzo os braços. — Mamãe, diga ao papai que sou grande.

— Ele é grandinho, amor. — diz ela risonha.

Abro a garrafinha e vou andando até a pia mais próxima, onde tem uma placa escrita “água potável” em letras maiúsculas e um desenho um pouco difícil de decifrar. Fico próximo e, na ponta dos pés, estico-me o possível para ligar a torneira, mas as tentativas são muito falhas.

Sou realmente muito pequeno.

— Papai! — grito seu nome e ele olha para mim. — Me ajuda, não estou alcançando.

Ele ri e se aproxima de mim, dizendo:

— Pelo visto não é tão grandinho assim, não é filho?

Meu progenitor me pega no colo e me deixa na altura correta, em seguida ligo a torneira e aproximo a garrafa até a água que cai rapidamente. Depois de alguns segundos, já cheia, desligo a torneira e deposito a tampa na superfície da garrafa, fechando o objeto com firmeza para não derramar a água contida.

Voltamos até minha progenitora e entrego a garrafa para ela, que logo sorri satisfeita.

— Obrigado, filho. — diz ela agradecida.

Vejo que meu cadarço está desamarrado e me agacho, entrelaçando cada lado. Se não fosse pela ajuda do papai, eu estaria em uma luta sem fim contra o cadarço e, provavelmente — ou obviamente — eu não venceria essa luta.

Ergo minha cabeça e sinto minha testa se mexer. Confuso, simplesmente.

— Ah, mãe… Por que está saindo água entre suas pernas? — pergunto apontando no meio de suas calças. — Isso é xixi?

Ela arregala os olhos e olha para onde guiei segundos atrás. Desesperada, ela encara meu pai e diz:

— Está na hora!

Rapidamente, eles guardam os objetos que pertencem a nós e corremos até o carro. Céus, o que está acontecendo? Qual a necessidade desse desespero inteiro?

— Papai, o que está acontecendo? — indago.

E, de repente, minha mãe começa a gritar, suar rapidamente e dizer em tom alto:

— Vai rápido, Lawrence.

— Seu irmãozinho vai nascer…

Assim que ele fala isso, um sorriso enorme brota em meu rosto e sou possuído pela ansiedade e ânimo.

— Vamos logo, pai.

•••

Impaciente, meus dois pés não param de chacoalhar. Por que toda essa demora?

— Vai demorar muito ainda, pai?

— Não sei, filho. — ele responde, suspirando levemente. Papai também está sem paciência. — Você está com fome? Sede? Quer ir ao banheiro?

— Estou bem, pai, não precisa se preocupar. — sorrio e ele bagunça meus cabelos, dizendo um “esse é o meu garoto”.

A porta se abre e lá sai a doutora, que é muito bem conhecida por ser extremamente cuidadosa e profissional na carreira que segue.

— Como eles estão, doutora? — papai indaga.

— Ambos estão bem. — responde, deixando-nos aliviados. — O bebê é saudável, meus parabéns.

Sorrimos. Melhor notícia de toda minha vida!

— Podemos vê-la? — pergunto.

— Sim, podem sim.

Agradecemos a médica e invadimos o interior do quarto. É um cômodo, ele não é tão espaçoso, mas também não é apertado. Não sei a quantidade de pessoas que possam caber aqui.

Meu pai me pega no colo e nos aproximamos da minha mãe, que esboça um sorriso enorme ao ver nós dois. Em seus braços está meu irmão, que olha para nós e solta alguns gemidos adoráveis e balança as mãos em sentido aleatório.

— Como vai se chamar? — a progenitora questiona com a voz cansada e baixa, consequência dos gritos e esforços por causa do parto.

— Eu posso escolher? — eles concordam e penso em alguns nomes diferentes, porém chiques. — Já sei… — meus pais me encaram. — Ele vai ser chamar…Finnick.

Balanço minha cabeça, saindo-me dos devaneios ao escutar a buzina ensurdecedora de uma moto.

Olho para a direção do som e um adolescente, presumo ter a idade do Finnick, desce da moto e tira o capacete, mostrando um sorriso debochado em seu rosto jovem.

— Finnick. — seu sotaque é bem diferente do nosso. Se não me engano, ele deve ser russo.

— O que quer, Alek? — meu irmão indaga, já impaciente com a situação.

— Eu quero uma revanche. — o russo pede, até que ele percebe minha presença. — Espera, este não é a bichinha do seu irmão?

Agora compreendo porque Finn já está estressado com esse garoto.

Sinto meu sangue ferver e minhas mãos se fecharem, logo aperto-as. Apenas uma tentativa de me segurar para não acertar esse garoto na cara.

Dou um passo para frente, mas Harry segura minha mão e Finn também me contem ao colocar os dois braços em meu tórax.

— Primeiramente, não fale com meu irmão nessa maneira e nesse tom. — começa meu irmão. — E em segundo, por que você quer mais uma revanche? Já venci você, justo e quadrado.

— Se não fosse por aquela queda de energia, aquele prêmio seria meu. — Alek se expressa, sorrindo ironicamente.

— Não perca tempo com isso, Finn. Você já venceu ele, não tem necessidade de uma revanche. — digo.

— Vai aceitar ou vai ouvir seu irmão que dá o cu?

Céus, ele está querendo levar um soco.

— Já te falei para não falar dessa maneira com meu irmão, Alek. — rebate. — E sobre a revanche, cara, você é tão sedento. Mas, como ser um campeão significa mostrar ser o melhor dia após dia, aceitarei sim sua revanche. Está bom para você, Alek? — o russo assente, sorrindo. — Agora, sugiro que você saia da minha frente antes que leve uma bofetada de volta à Rússia.

O rival de Finnick coloca o capacete e se monta na moto, ligando-a em seguida e se distanciando de nós.

— Quem era aquele, Finn? — Harry solta sua voz pela primeira.

— Alek, um rival meu. — ele responde e ao olhar para mim e Harry, meu irmão percebe que queremos uma explicação mais óbvia. — Ele tem tido raiva de mim desde o ano retrasado, pois a namorada dele tinha tropeçado e caiu em cima de mim, enfim, já imaginam o restante, não é? Ele surta e blá blá blá e, desde então, tem me desafiado em esportes e entre outras porcarias. A revanche que ele pediu agora pouco foi pela competição de karaokê que sempre vou com meus amigos. Quando nós dois terminamos de cantar, a plateia votou em mim e eu ganhei o troféu que eles dão ao vencedor. Alek ficou todo revoltado e começou a surtar em russo, realmente espero que não tenha me xingado. Ele faz piadinhas grotescas sobre você, Apollo… claro, a Rússia é um país inteiramente homofóbico.

— Ou seja, ele está sentindo inveja das suas vitórias. — Harry resume toda a história contada. — E você sabe que pode denunciá-lo, certo?

— Eu sei disso, mas suas brincadeiras não me afetam e como você mesmo disse, é inveja. Mas há também aquele pingo de carência.

•••

Já de noite, decido ir até o quarto do Finnick. Eu ainda não lhe perguntei sobre aquela lembrança que tive no parque anteriormente. Calço meus chinelos e vou caminhando pelo corredor tranquilamente.

Fico de frente com sua porta, que está aberta e, por dentro, vejo um Finnick, novamente lendo Percy Jackson.

— Oi, Apollo. — cumprimenta ele colocando o marcador entre as páginas e em seguida fecha o livro, olhando diretamente para mim.

— Finnick, alguma vez, a mãe ou o pai, ou os dois juntos, contaram-lhe sobre seu nascimento? — pergunto.

— Sim, já contaram sim. Por que a pergunta, mano?

— Então, preciso que me responda, a mãe percebeu que estava na hora de você nascer quando lhe avisei que a bolsa havia estourado e o líquido escorria entre suas as pernas e também que fui eu quem escolhi seu nome. Isso é verdadeiro ou falso? — interrogo.

— Isso é verdade, sim. É informação verdadeira…


Notas Finais




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