1. Spirit Fanfics >
  2. Ruídos de Saturno >
  3. Tristes relatos

História Ruídos de Saturno - Tristes relatos


Escrita por: souhamucek e Jeleninhaz

Notas do Autor


Hello, hello!
Como vocês estão? Confesso que fiquei com saudadinha de trazer mais um capítulo, mas cá estou.
Estamos muito felizes com todo carinho que a fanfic vem recebendo, ficamos radiantes a cada comentário. Só temos a agradecer. São quase 330 favoritos, isso significa demais para nós. Mil vezes obrigada!
► Agora temos banner de capítulo, essa preciosidade foi um presentinho do Cezar (@bankrupt) ♥
O capítulo de hoje é bem delicadinho e fofo, para os shippers, Shawn e Iris o dominam por completo. Espero que gostem!

Capítulo 14 - Tristes relatos


Fanfic / Fanfiction Ruídos de Saturno - Tristes relatos

​Deitados sobre a grama fofa e aparada, Iris e eu descansamos nossos corpos banhados pela luz das estrelas. Mais uma semana se passou, em conjunto com este tempo, chegou a data de outro encontro. Observar o pôr do sol é um costume que tenho desde a infância, embora não o faça todos os dias, quando me lembro, é um passatempo muito interessante. Especialmente se há companhia. 

Após vê-lo se despedir da terra, a coloração do céu muda, e, assim, uma a uma, as estrelas começam a aparecer. Iris e eu reparamos no surgimento de cada uma delas; comentamos sobre a forma, os tamanhos e o brilho. Contamos quantas estão lá, a aumentar a soma sempre que outra é adicionada. Em algum momento, o resultado se perde. Deste modo, permanecemos calados, apenas observando o espetáculo acima de nossas cabeças.

Nos dias que se passaram, uma das coisas que mais fiz foi planejar o que faríamos no próximo encontro, sobre o que conversaríamos, quais assuntos abordaríamos. Sempre penso nesses momentos, gosto de quando estamos juntos. É a única hora que dou minha atenção a algo que não seja sobre o espaço. Mesmo que falemos disso muitas vezes. Entretanto, bastou um cumprimento para que eu esquecesse tudo que planejei.

— Então... — cansado do silêncio interminável, resolvo satisfazer uma dúvida antiga. — Um dia você me disse que seu pai estava morando em uma estrela. Lembro-me de que fiquei muito interessado em entender como isso é possível. 

Como da primeira ocasião em que tocamos no assunto, os olhos azuis transmitem uma variedade de sentimentos. Não sei se esse inundar significa que ela não gosta de tocar no assunto, porém, arrisco-me, a aguardar uma resposta. 

— Quando ele faleceu, eu era muito nova, o que complicava meu entendimento a respeito da morte, do "depois". Eu não compreendia o porquê de ele ter ido embora, se havia escolhido me deixar ou não. Era muito próxima a ele e, mesmo que nunca mais o visse, precisava saber onde ele estava para ter certeza de que passava bem. — a tristeza embarga seu tom de voz pouco a pouco vai se tornando mais evidente, conforme o relato ganha vida. Desta forma, uma pausa proposital é necessária. A loira suspira e sorri. — Já preparada para as perguntas que vieram, minha mãe me garantiu que ele estaria morando em uma estrela. Ela sabia do meu gosto pelo espaço e achou que daquele jeito seria mais fácil para seguir em frente. Com o passar dos anos, eu comecei a enxergar verdade naquelas palavras. Sempre que sinto saudades do meu pai, espero o anoitecer, para que eu possa desabafar olhando para o céu. 

Uma fina e delicada lágrima deixa as órbitas claras, rapidamente sendo capturada pelo meu polegar.

Em hipótese alguma, minha intenção era deixá-la triste, este simples fato me esmaga por dentro.

— Des-desculpe-me, não pensei em... como falar disso poderia lhe magoar.

— Não é mágoa, é saudade, mas está tudo bem. — os lábios se movem em um fraco sorriso. — Já estou acostumada, sei que ela sempre estará presente. 

— Eu... não posso imaginar como deve ser... não ver mais o meu pai. — escolho bem as palavras, nenhuma delas me parecem confortá-la, todavia.

É um assunto tão complicado, para minha cabeça, que apenas presumir o sentimento se torna doloroso. 

— Era mais difícil no começo. — Iris responde, voltando o olhar para as luzes no céu. 

Decidido a não esticar a conversa, tomo a iniciativa de trocar o assunto; mudando-o para minha última consulta com dr.ª Patricia. A cada fala, percebo o quanto Iris admira o trabalho da mãe. Penso que se ela não compartilhasse dos mesmos gostos que eu, talvez seguisse os passos da manhã na psicologia.

As estrelas, que eram meu foco inicial neste passeio, perdem o encanto em certo instante. Meu olhar se fixa inteiramente em Iris, no entanto, sua concentração a impede de notar. As sensações estranhas de todos os outros dias, aparecem, de acordo com o que eu espero. Infelizmente, não importa o quanto meu cérebro martele, não há uma boa explicação para este encanto repentino nas estrelas presas nas íris azuladas. 

— Acho melhor irmos embora, tão logo ficará tarde. 

Prontamente, ergo meu corpo do gramado e estendo a mão para ajudá-la. Autossuficiente e ágil, a filha da psicóloga se levanta sem amparo. Quando percebe que eu tinha me disposto, ela ri baixo, balançando a cabeça. Acredito que haja um pouco de vergonha neste gesto.

Juntos, caminhamos lentamente sobre o mato escurecido pela noite. O tom de verde só é notável sob os postes ou ao longe, embaixo da lua cintilante. Concentro-me numa pequena pele no cantinho de uma das unhas e dedico-me em arrancá-la. Sem demora, puxo com o dente, a avistar a casa se fazer mais próxima.

Reconheço a fachada bonita de onde moro. As paredes brancas sempre muito bem pintadas, com a porta de madeira escura a se destacar do tom claro. Vigio meus pés me guiarem, na mesma velocidade em que os dela, para cima dos pequenos degraus de pedra. Sei que é o fim do passeio, assim como se finda a noite. As estrelas, em breve, descansarão para que o sol ruja nos céus.

— Parece que chegamos. — sua voz a escapa com certo desânimo, no entanto, seus olhos me fitam de soslaio.

Parece que Iris tem mais a dizer.

Ou a fazer.

— Boa noite, Shawn. — sussurra a mim, quando me ponho a entrar.

— Boa noite. — sibilo, timidamente. — Eu lhe vejo na semana que vem? — ela me responde com a cabeça.

Quando minha mão envolve a maçaneta e a porta se escancara com o meu pai, parado, com a insatisfação de vê-la partir tão depressa, ele dispara:

— Quer jantar conosco esta noite?

— Não quero incomodá-los, sr. Mendes. — nega, passando uma mecha do cabelo dourado para trás da orelha. — De qualquer forma, obrigada pelo convite.

— Sua companhia não seria incômodo algum. — revida. — Fiz espaguete de cenoura.

— Hm... isso me parece delicioso. — seu timbre é sincero, ela demonstra interesse.

Toco no braço fino, sentindo, sem querer, a pele se arrepiar. Deduzo que meu dedo esteja gelado pelo frio do anoitecer. Aperto-lhe cuidadosamente, atraindo seu olhar para mim.

— Fique.

Os lábios rosados sorriem, no ínfimo momento em que assente.

— Tudo bem, então, mas insisto que a louça seja minha. — contra argumenta, a adentrar depois de mim.

Como de costume, mamãe já colocou a mesa. Contudo, hoje, com quatro pratos. As tiras estreitas e laranjas da cenoura repousam em uma enorme travessa de vidro. Há dois molhos no canto: um de cogumelos, outro de mostarda com carne. Ao que tudo indica, o convite para jantar já estava previsto.

Sento-me no lugar de sempre, assisto Iris se acomodar à minha frente e os meus pais se abancarem dos lados. A loira não imagina que está onde minha mãe é habituada a ficar. Ao contrário de mim, ela não parece lugar para a pequena mudança, pois serve o próprio prato com o rosto sereno. Termos visita não lhe aparenta irritar. O que é bom. De repente, Iris jantar conosco se tornará rotina.

Pelo menos, eu gostaria que sim.

— Como estavam as estrelas esta noite? — papai puxa assunto, despejando um pouco do molho sobre o quase-macarrão.

— No céu.

Assim que respondo, todos riem.

— Estava muito bonito. — coloco um pouco de cogumelos no prato, enquanto a vejo respondê-lo. Acho que ela entendeu a pergunta, o posto de mim. — Eu e o Shawn estávamos contando elas, acho que nos perdemos na quadragésima...

— Isso. — comemoro. — Quarenta e Sete. Lembro que terminava com sete. — digo, encharcado de empolgação. — Gosto do número sete.

— Shawn, acalme-se, você já falou "sete" três vezes. — reprova-me a mãe.

Fui incapaz de perceber. Nunca noto quando repito as coisas, embora eu saiba que o faço às vezes. Tremo a mão que segura o garfo, deixando o cair sobre a cerâmica do prato. O titilar do choque reverbera em minha mente, o que me faz corar.

Não consigo nem segurar um maldito talher. Inútil.

Cerro as mãos em punho, como se, deste modo, esmagasse a fúria que ferve meu sangue.

— Não tem mal em repetir as palavras. Não tem. — Iris me defende, a afrouxar meus dedos contra a palma e arrancar-me um sorriso contido. — Eu gosto de como Shawn fala.

Neste instante, ela me lança um olhar certeiro. Capturo as sensações de conforto enviadas por ele, espio os outros semblantes à mesa. Mamãe segue sem expressões, neutra e plena. É como se, nem ao menos, tivesse-a ouvido. Meu pai, no entanto, sustenta um sorriso confidente junto a um olhar esperançoso.

Assim como eu, papai gosta de Iris. Ele consegue perceber que ela me faz bem. Muito bem. Estar com ela e a psicóloga me acalma, como saturno.

Mesmo sem entender como, a moça dos olhos azuis se tornou uma bela parte de mim.


Notas Finais


Muito obrigada por ler a nossa história ♥
Com amor,
Lali

▶ Conheça Amputado (escrita por Lali) • https://spiritfanfics.com/historia/amputado-7215366
▶ Conheça Hurdle (escrita por Jess) • https://spiritfanfics.com/historia/hurdle-8473781
▶ Teaser • EM BREVE!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...